17/Ago/2020
A tendência é altista para o milho no mercado brasileiro, mesmo com a colheita da 2ª safra em andamento e de grande volume. 75% da 2ª safra de milho no Brasil está colhida. Entretanto, em alguns dos maiores estados produtores da 2ª safra, mais de 70% da 2ª safra já está comercializada. Os produtores cumprem contratos e a oferta segue restrita no spot. Apesar dos preços firmes, deverá haver uma convergência dos preços internos com a paridade de exportação até o final deste ano, o que poderá gerar uma retração dos preços no médio e no longo prazo. Já estão contratadas 28 milhões de toneladas para exportações e é necessário escoar mais 8 milhões de toneladas para reduzir os excedentes internos. Os preços nos portos estão ao redor dos R$ 56,00 por saca de 60 Kg e em São Paulo o produto segue cotado neste mesmo patamar, inviabilizando novas exportações. Os preços do milho seguem avançando no mercado interno, influenciados pela baixa oferta no spot.
Apesar de a colheita da 2ª safra de 2020 estar acelerada, os produtores priorizam a entrega de cereal já contratado e postergam novas negociações, à espera de valores ainda maiores. Nesse ambiente, os demandantes domésticos e exportadores acabam elevando suas indicações de compra. O Indicador ESALQ/BM&F, região de Campinas (SP), está cotado a R$ 55,16 por saca de 60 Kg, elevação de 4,9% nos últimos sete dias. A média da parcial de agosto é de R$ 53,17 por saca de 60 Kg, 7,1% acima da de julho e a segunda maior deste ano. O movimento de avanço tem sido verificado inclusive em regiões ofertantes. No Paraná, na região norte, o milho registra expressiva valorização de 4,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 48,54 por saca de 60 Kg. Em Goiás, na região de Rio Verde, os valores apresentam expressivo avanço de 11,8% no mesmo comparativo, a R$ 46,87 por saca de 60 Kg.
Em Mato Grosso do Sul, na região de Maracajú, o aumento é de 9,2% nos últimos sete dias, a R$ 44,98 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram alta de 3,8% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 5,6% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na B3, os contratos futuros seguem o movimento do físico e, nos últimos sete dias, os vencimentos Setembro/2020 e Novembro/2020 acumulam alta de respectivamente 7,7% e 5,1%, a R$ 57,88 por saca de 60 Kg e a R$ 57,11 por saca de 60 Kg. Nos portos, os compradores também elevam as indicações, com negócios a R$ 56,00 por saca de 60 Kg. Nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), nos últimos sete dias, os valores registram alta de 6,2% e 3,4% nesta ordem, com médias de R$ 55,57 por saca de 60 Kg e R$ 54,17 por saca de 60 Kg. As exportações seguem aquecidas neste mês. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros cinco dias úteis de agosto, o País embarcou 2 milhões de toneladas, com ritmo diário de 408,4 mil toneladas.
Para as próximas semanas, a expectativa é de que as vendas sigam aquecidas. As exportações brasileiras de milho estão estimadas em 34,5 milhões de toneladas na atual temporada (de fevereiro/2020 a janeiro/2021). Quanto à produção, a projeção é de que o Brasil colha 102 milhões de toneladas nas três safras, acréscimo de 2,1% em relação à temporada anterior e um recorde. Apesar das dificuldades no desenvolvimento da safra de verão (1ªsafra 2019/2020) e do atraso no plantio da 2ª safra de 2020, os dados sobre produtividade surpreendem. A safra de verão (1ª safra 2019/2020) teve produção de 25,7 milhões de toneladas, leve alta de 0,2% em relação à temporada anterior. A 2ª safra de 2020 passou a ser estimada em 74,9 milhões de toneladas, elevação de 2,4%, e a 3ª safra, em 1,53 milhão de toneladas. Quanto ao consumo doméstico, a estimativa de 68,4 milhões de toneladas está mantida.
Os estoques finais na temporada são estimados em 10,3 milhões de toneladas, 1,1% superior aos de 2018/2019, mas 8,7% inferiores aos da média das últimas cinco safras. No campo, a colheita continua em ritmo acelerado, favorecida pelo clima seco. Em Mato Grosso, 98,5% da área já foi colhida. No Paraná, até o dia 10 de agosto, a colheita havia alcançado 51% da área estimada, avanço semanal de 14%. Em Mato Grosso do Sul, os trabalhos seguem atrasados e, até a semana passada, chegava a 20,5% da área, bem abaixo da safra anterior. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a produção norte-americana em 388,08 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de milho apresentam significativas altas, apesar das estimativas de maior produção. A sustentação vem da expectativa de demanda mais aquecida e de preocupações com o clima. Nos últimos sete dias, o vencimento Setembro/2020 apresenta valorização de 4,5%, cotado a US$ 3,25 por bushel. Para o contrato Dezembro/2020, a alta é de 4,6% no mesmo período, a US$ 3,38 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.