03/Ago/2020
Os preços internos do milho estão sustentados pelo câmbio e pela oferta contraída por parte dos produtores. Grande parte da 2ª safra de 2020 foi negociada antecipadamente, evitando sobre oferta neste início de segundo semestre. A demanda interna está aquecida no segmento de rações, mas as exportações ainda seguem muito lentas. As exportações precisarão deslanchar para evitar elevados estoques finais em 2020. Os valores do milho voltaram a subir na maior parte das regiões, influenciados pela retração vendedora e pela demanda mais aquecida. Apesar de a colheita avançar, cooperativas e compradores mostram dificuldades em adquirir novos lotes e, quando conseguem, adquirem pequenos volumes para o curto prazo. Nos últimos sete dias, os preços do milho registram alta de 1,8% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 1,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F registra alta de 3,4%, cotado a R$ 50,47 por saca de 60 Kg.
Na região dos portos, as negociações e as entregas seguem aquecidas. Mesmo com as oscilações externas e da baixa cambial, os compradores mostram interesse para entregas imediatas, o que mantém os patamares no Porto de Santos (SP) e no Porto de Paranaguá (PR) entre R$ 49,00 e R$ 51,00 por saca de 60 Kg. No acumulado dos 23 dias úteis de julho, o Brasil exportou 2,73 milhões de toneladas de milho, o que já representa o dobro do volume de junho, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Porém, o volume ainda está muito abaixo para um mês de julho. Com a colheita ganhando ritmo em todas as regiões, os produtores começam a indicar ajustes negativos na produtividade, especialmente nas lavouras do Paraná, de São Paulo e Mato Grosso do Sul, prejudicadas pela seca durante o desenvolvimento. Esse contexto somado ao fato de que boa parte da produção já está comercializada devem manter limitada a disponibilidade do cereal.
No Paraná, a colheita havia atingido 26% da área plantada até o dia 27 de julho. A estimativa de produção é de 11,54 milhões de toneladas, queda de 13% frente à anterior. Em Mato Grosso, as atividades seguem em ritmo intenso em Mato Grosso, com 86,6% da área colhida, avanço de 11,1% entre os dias 20 e 24 de julho. As comercializações nestes Estados somam 42% e 87%, respectivamente, da produção. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a colheita da 2ª safra de 2020 segue em menor ritmo. Em São Paulo, enquanto na região da Sorocabana os trabalhos estão um pouco mais adiantados, na Mogiana e em Itapeva a colheita está no início. Em Mato Grosso do Sul, as atividades chegaram em 8,4% da área, 46% abaixo do verificado no mesmo período de 2019. Na Argentina, a colheita já está na reta final. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 30 de julho, as atividades haviam atingido 97,4% da área estimada.
Nos Estados Unidos, as lavouras apresentam melhoras no desenvolvimento. Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostra que, até o dia 27 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam por 72% da área, 3% acima do registrado na semana anterior e ainda 14% maior que no mesmo de 2019. Quantos aos preços, iniciaram a semana passada em baixa, influenciados pela melhora das lavouras e pelo clima mais favorável no Meio Oeste norte-americano. No entanto, as baixas foram limitadas após as divulgações de que a demanda chinesa pode aumentar. Nos últimos sete dias, os vencimentos de Setembro/2020 e Dezembro/2020 registram recuo de 3,7% e 2,6%, respectivamente, indo para US$ 3,15 por bushel e US$ 3,26 por bushel. Segundo o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, até o final da temporada (setembro), será necessário importar 6 milhões de toneladas, 50% acima das previsões iniciais. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.