27/Jul/2020
A tendência é de preços sustentados para o milho no mercado interno, com grande parte da 2ª safra que está sendo colhida já comercializada antecipadamente, alta do dólar que eleva a paridade de exportação nos portos brasileiros e consumo interno aquecido para o setor de rações. Entretanto, para que os preços sigam sustentados, o Brasil necessitará elevar os volumes exportados ao longo deste segundo semestre, já que a oferta interna disponível é muito superior ao consumo estimado até o final de 2020. Os baixos volumes de chuvas registrados nas duas últimas semanas têm contribuído para acelerar a maturação da lavoura de milho da 2ª safra de 2020. Além disso, o clima tem favorecido a colheita na maior parte das regiões. No geral, a disponibilidade do cereal ainda é distinta dentre as regiões, o que resulta em movimentos de preços também diferentes dentre as regiões. Nos últimos sete dias, a média no mercado de lotes (negociações entre as empresas) apresenta leve alta de 0,2% nos últimos sete dias. No mercado de balcão (valor ao produtor), os valores registram avanço de 1,0%.
Em São Paulo, na região de Campinas, referência para o Indicador ESALQ/BM&F, os preços apresentam estabilidade. A estabilidade é influenciada pelo menor interesse de compradores nos últimos dias, que relatam adquirir lotes de Goiás, Mato Grosso e do Triângulo Mineiro (MG). Assim, o Indicador registra leve alta de 0,4% nos últimos sete dias, cotado a R$ 49,25 por saca de 60 Kg. Nos portos, os valores oscilam, influenciados pelo câmbio, que se desvalorizou 2,2% na semana, para R$ 5,20. No Porto de Paranaguá (PR), os preços do milho registram recuo de 0,4%, mas, no Porto de Santos (SP), há avanço de 0,8%, com as médias a R$ 48,59 por saca de 60 Kg e a R$ 50,29 por saca de 60 Kg, respectivamente. Em Goiás, na região de Rio Verde e em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, o avanço da colheita pressiona as cotações, em 2,3% e em 1,0%, nesta ordem. Em Mato Grosso do Sul, a colheita está lenta, tendo alcançado apenas 5% da área, bem abaixo dos 43,6% registrados em 2019.
Em algumas regiões do Nordeste, do Sul e de Mato Grosso, os preços estão firmes. Na Região Nordeste, os compradores sinalizam dificuldade em adquirir lotes ou ainda dificuldades logísticas com os fretes encarecidos. Neste contexto, na Bahia, na região de Barreiras e em Pernambuco, na região de Recife, os preços acumulam avanço de 2,4% e 0,5%, respectivamente, nos últimos sete dias. Em Santa Catarina e no Rio Grande Sul, o baixo excedente do cereal também sustenta os valores do cereal. Na região de Chapecó (SC) e na região de Santa Rosa (RS), as altas são de 3,9% e de 0,8% nos últimos sete dias. No Rio Grande do Sul, os produtores já deram início ao planejamento da safra 2020/2021, com a procura por financiamento aumentando. A expectativa é de aumento na área plantada, devido aos preços atrativos neste ano. No Paraná, apesar de a colheita estar andando bem, parte dos produtores não mostra necessidade de negociar grandes lotes e ceder nas cotações.
Assim, na região norte do Estado, os preços se mantêm firmes, com leve alta de 0,1% nos últimos sete dias. 17% da área estadual havia sido colhida até o dia 20 de julho, avanço de 6% na semana. Em Mato Grosso, Estado mais avançado com os trabalhos de campo, os produtores também limitam o volume de oferta e priorizam as entregas de lotes já contratados. Assim, os preços na região de Rondonópolis e de Sorriso apresentam valorização de 1,1% e 6,5% nos últimos sete dias. Entre os dias 10 e 17 de julho, as atividades de campo avançaram 14,4%, alcançando 75,6% dos 5,19 milhões dos hectares estimados pelo. Na região do médio-norte, os trabalhos estão na fase final, restando apenas 12,6% da área. No sudeste, apenas 52,6% da área foi colhida. Na BM&F, os contratos futuros de milho também estão em alta. Os vencimentos Setembro/2020 e Novembro/2020 registram altas de 1,8% e de 2,4%, cotados a R$ 47,75 por saca de 60 Kg e a R$ 49,45 por saca de 60 Kg, respectivamente.
Na Argentina, o baixo nível de umidade das lavouras tem favorecido o avanço da colheita. A colheita avançou 4,2% em uma semana, alcançando 94,6% da área nacional. Os bons rendimentos registrados até o momento, na média de 8,23 toneladas por hectare, mantêm a estimativa de produção em 50 milhões de toneladas para esta campanha. Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho estão recuando, influenciados por perspectivas de boas condições para a safra norte-americana e por clima favorável, contexto que pode elevar o rendimento das lavouras. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 19 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 69% da área, 12% acima do observado no mesmo período de 2019. Por outro lado, a possibilidade de compras chinesas limita as quedas. Nos últimos sete dias, o vencimento Setembro/2020 apresenta queda de 0,68%, cotado a US$ 3,28 por bushel. Para o contrato Dezembro/2020, a desvalorização é de 0,59%, a US$ 3,35 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.