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27/Jul/2020

Etanol de milho enfrenta fase desafiadora no Brasil

A produção de etanol de milho deve alcançar 8 bilhões de litros até 2028 no Brasil. A grande oferta vinda principalmente do Cerrado provocou o surgimento de um novo mercado, capaz de absorver o excedente de milho produzido nas lavouras do Centro-Oeste. A primeira usina de etanol a utilizar o milho como matéria-prima para fabricação do combustível foi a Usimat, localizada em Campos de Júlio, a 555 km de Cuiabá. Atualmente, só em Mato Grosso já são cinco usinas em atividade e oito sendo instaladas ou na fase de projetos para instalação. No estado de Mato Grosso, só 10% da produção de milho é ainda utilizada para produção de etanol. A logística é um grande desafio para o crescimento do setor. É fundamental facilitar o acesso do etanol aos mercados do Norte, Nordeste, Centro-Sul e Sudeste. Também se fazem necessárias uma tributação adaptada à nova cadeia produtiva, a padronização do DDG (concentrado proteico extraído durante o processo de destilação que serve para alimentação animal), e a manutenção e abertura de novos mercados internacionais.

A secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) emitiu a licença de operação para funcionamento da segunda planta da Inpasa Bioenergia, em Mato Grosso e no Brasil. A partir de agora, a indústria que começou a ser implantada em Nova Mutum, em abril do ano passado, fica autorizada a produzir etanol de milho. Em abril, a companhia publicou um balanço financeiro referente à planta. Segundo o documento, a obra deve gerar até 2 mil empregos diretos e indiretos. Em operação, terá capacidade para produzir de 900 mil a 1 milhão de litros de álcool por dia. A moagem de milho será de até 2,3 mil toneladas por dia, podendo chegar a 800 mil toneladas por ano. Além do etanol anidro e hidratado, a indústria de Nova Mutum também fabricará farelo de milho DDGS e óleo de milho bruto. A empresa também produzirá a própria energia elétrica, consumindo cerca de 50% dos 30 megawatts previstos e comercializando o excedente. O milho para matéria-prima será comprado de produtores de Nova Mutum e, também, dos municípios circunvizinhos da região Norte do Estado.

A empresa também citou no relatório o surto de coronavírus, explicando que pode haver impactos nas estimativas. Considerando a situação atual da disseminação do surto, a empresa afirma que a projeção de receitas e dos fluxos de caixa operacionais para o ano de 2020 deverá ser revisada. Considerando a imprevisibilidade da evolução do surto e dos seus impactos, não é atualmente praticável fazer uma estimativa do efeito financeiro do surto nas receitas e fluxos de caixa operacionais estimados, segundo o relatório da Inpasa. Ainda é destacado que a administração avalia de forma constante o impacto do surto nas operações e na posição patrimonial e financeira da companhia, com o objetivo de implementar medidas apropriadas para mitigar os impactos do surto na construção da planta industrial, nas futuras operações e nas demonstrações financeiras, conforme consta no relatório. A Inpasa já opera com uma planta em Sinop, onde trabalha para ampliar a capacidade instalada para produção de até 2,5 milhões de litros de etanol por dia.

Em 2020, o setor enfrenta um momento delicado por causa da crise do novo coronavírus, mas estuda medidas para retomar o crescimento. A União Nacional de Etanol de Milho (Unem) pede a antecipação da isenção do ICMS em Mato Grosso, inicialmente acordada para entrar em vigor no ano que vem. O pedido tem como objetivo diminuir o impacto causado aos produtores por conta da queda da demanda e a redução de preço nos últimos dois meses de pandemia. A produção de etanol de milho cresceu 20 vezes em apenas cinco anos. Em 2014, foram produzidos 85 milhões de litros e, em 2019, o volume alcançou 1,6 bilhão de litros. A expectativa inicial para 2020 era de aumento de 61% na produção, chegando a 2,7 bilhões de litros, mas com a diminuição da demanda interna e a queda do preço do petróleo, o crescimento será significativamente menor.

O setor ainda enfrenta preços elevados do milho, justamente em um momento de queda dos valores praticados para os combustíveis (gasolina e etanol) nas bombas. O setor procura alternativas para minimizar os impactos da pandemia que atingiram os usineiros no momento de maior investimento. Uma das propostas é convencer o governo de Mato Grosso a antecipar a isenção de ICMS, acordada para começar somente em 2021. O estado concentra a maioria das usinas do país. O setor também tenta estimular o aumento de usinas flex. Quem consegue produzir etanol a partir de dois tipos diferentes de matéria-prima, além de ter mais chances de aumentar a produção, fica menos vulnerável às condições de mercado. Com um investimento para se tornar flex, a usina acaba tirando a ociosidade desse período de safra e entressafra para a cana-de-açúcar e passa a desfrutar duas modalidades dos dois produtos. Fontes: Udop, Canal Rural, Unica, Reuters e Cogo Inteligência em Agronegócio.