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24/Jul/2020

RS quer ampliar produção de milho mantendo área

Diante da possibilidade de o Rio Grande do Sul avançar em seu status sanitário para livre de aftosa sem vacinação, torna-se essencial que o Estado tenha condições de atender sozinho às necessidades das cadeias produtivas que atuam no segmento da proteína animal. O milho tem papel estratégico nesse aumento de competitividade do setor de carnes e leite, por ser o principal insumo da ração dos animais, tanto os bovinos de corte, quanto os de leite, os suínos, as aves e outros. A importância do cereal para a economia do Estado e para a renda dos produtores foi o ponto central do segundo seminário do Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho (Pró-Milho RS): Produção e Produtividade de Milho, realizado no dia 22 de julho, e que contou com a participação das entidades envolvidas no desenvolvimento de ações dentro do programa, instituído por meio de decreto do governo estadual no início deste ano.

O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) acompanhou as deliberações e apresentação dos primeiros diagnósticos do programa. Além das entidades, o encontro virtual foi aberto a produtores, com uma participação que superou mais de 500 espectadores. A Emater-RS classificou o programa como um dos mais importantes já desenvolvidos em prol da cadeia do milho. Uma boa notícia, que já foi possível graças à parceria do doverno do Estado com as entidades, veio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A partir de monitoramento a campo em diferentes pontos, com lavouras no Rio Grande do Sul nos últimos quatro anos, concluiu-se que é possível ampliar a produção de milho em 2,7 milhões de toneladas sem mexer na área agricultável. É possível suprir a demanda de milho e ainda tornar o Estado superavitário desde que se observem recomendações que vão desde análises com base em clima e solos, rotação de culturas e época de semeadura. São ações que dependem apenas de manejo.

As observações a campo trouxeram números importantes que demonstram a importância do sistema de produção que priorize a rotação de culturas. O plantio de milho sobre a área com soja resulta em uma produtividade 23% maior para o cereal. O milho também é capaz de agregar ganhos à cultura mais expressiva economicamente para o Brasil: o plantio de soja sobre o milho aumenta em 8% a produtividade da oleaginosa. Esses e outros aspectos do manejo, classificados pelo estudo como ‘lacunas de produtividade’, em breve poderão ser acessados por todos os agentes da cadeia produtiva, incluindo os produtores, com a disponibilização da cartilha “Manual para lavouras com o máximo lucro”. Para uma cultura que em todas as suas frentes representa 10% do PIB do Rio Grande do Sul, é crucial que se busquem medidas que evitem a evasão de riquezas do Estado a partir da necessidade de importação permanente do cereal para suprir as necessidades internas.

Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), são cerca de R$ 300 milhões por ano que o Estado gasta e deixa de ganhar com o déficit histórico de milho. O déficit com o milho oscila entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de toneladas todos os anos. Em 2020, em função da quebra de 30% da produção por causa da estiagem, a lacuna entre produção e demanda chegou chegará a 2,2 milhões de toneladas. O Estado está prestes a evoluir para a condição de livre de aftosa sem vacinação, o que abrirá um grande mercado para a cadeia de proteína animal, especialmente na Ásia e na América do Norte. Ou seja, é preciso mais milho para abastecimento interno.

O desafio colocado ao Pró-Milho RS passa pela adoção de manejo adequado em algumas regiões, aumento da área irrigada (hoje apenas 3% de todas as culturas de sequeiro no Estado fazem uso de algum sistema de irrigação), ampliação da capacidade estática de armazenagem, além da oferta de condições compatíveis de comercialização (venda antecipada, mecanismo de travamento de preços, mercado a termo, mercado futuro, contrato de opções), crédito e de seguro rural. Todos esses fatores, juntos, vêm para reduzir o risco da cultura ao produtor rural. A Emater-RS reforçou que a estratégia para avançar na produção e produtividade passa pela rotação de culturas, onde o sistema de produção seja a base de todo o processo não apenas no curto prazo. A FecoAgro/RS destacou a necessidade de o milho ser incluído em programa de política pública do governo. Fonte: Sindilat. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.