20/Jul/2020
A tendência é de preços sustentados para o milho no mercado interno, com a oferta retraída, dólar em patamares firmes elevando a paridade de exportação nos portos brasileiros, consumo interno aquecido para o segmento de rações animais e maior movimentação de embarques para o exterior a partir deste mês de julho. A colheita da 2ª safra está em ritmo acelerado na Região Centro-Oeste, mas não o suficiente para pressionar os preços internos do milho, que seguem firmes. Mato Grosso, que é o maior produtor de milho 2ª safra do País, já comercializou 87% da produção estimada para 2020 e registra vendas antecipada de 41% da produção esperada para 2021. Na Bolsa de Chicago, com a gradual recuperação dos preços do petróleo – cujas baixas afetaram a produção e a competividade do etanol de milho produzido nos Estados Unidos –, as cotações futuras com vencimentos em 2021 subiram para um patamar entre US$ 3,50 e US$ 3,60 por bushel, ante US$ 3,33 por bushel para o vencimento setembro/2020. O avanço na colheita da 2ª safra de 2020 no Brasil e as quedas nos preços internacionais e na região dos portos frearam o ritmo de alta nos valores do milho em muitas regiões.
Até então, a valorização nos portos vinha sustentando os preços domésticos. Nos últimos sete dias, inclusive, diferentemente do observado em períodos anteriores, as cotações do milho no interior do País estão acima das médias das regiões dos portos. No geral, os compradores estiveram mais ativos nas aquisições apenas no início da semana passada, no intuito de esperar uma maior entrada de lotes da 2ª safra de 2020. Muitos também estão recebendo o milho negociado antecipadamente. Do lado vendedor, os recuos externos e do dólar estão reduzindo o interesse em negociar lotes para exportação. No geral, esses agentes priorizam o cumprimento de contratos, atentos à paridade de exportação. Diante disso, as negociações têm sido pontuais. Nos últimos sete dias, as cotações nos portos de Paranaguá (PR) e em Santos (SP) registram recuo de 2,5% e 2,3%, respectivamente, a R$ 48,61 por saca de 60 Kg e a R$ 49,31 por saca de 60 Kg.
Quanto aos embarques, estão mais aquecidos neste mês. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na primeira quinzena de julho (oito dias úteis), o País exportou 809,4 mil toneladas de milho, com diário de 101,17 mil toneladas. Em São Paulo, na região de Campinas, os consumidores seguem relatando dificuldade logísticas e/ou atraso em algumas entregas. O Indicador ESALQ/BM&F está cotado a R$ 49,01 por saca de 60 Kg, queda de 2,6% nos últimos sete dias. Porém, no acumulado do mês, os preços ainda sobem 1,1%. Nos últimos sete dias, as cotações recebidas pelo produtor (mercado de balcão) registram avanço de 0,1%. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os preços se mantêm estáveis. Na parcial do mês, os valores acumulam altas de 3,0% e de 3,3%, respectivamente. Na B3, os contratos de milho acompanham o movimento de queda do spot. Além disso, são influenciados por expectativas de maior oferta nos próximos meses.
O contrato Setembro/2020 registra desvalorização de significativos 3,7% nos últimos sete dias, a R$ 46,90 por saca de 60 Kg. Para os contratos Novembro/2020 e Janeiro/2021, as quedas são de 3,8% e 3,7%, respectivamente, para R$ 48,31 por saca de 60 Kg e R$ 49,86 por saca de 60 Kg. No campo, o tempo seco favorece a colheita da 2ª safra de 2020. No Paraná, até o dia 13 de junho, as atividades haviam alcançado 11% da área estimada. Apesar das secas durante o desenvolvimento e das chuvas no período da colheita, as lavouras vêm apresentando boa qualidade e os produtores estimam elevada produtividade. Atualmente, as lavouras estão, em sua maioria, nas fases de maturação (71%) e de frutificação (29%). Em Mato Grosso, a colheita alcançou 61,1% do total da área estimada, o que representa um avanço semanal de 14,9%. No mesmo período do ano passado, a atividade estava em 76,1%, apontando para um ritmo um pouco mais atrasado na atual temporada. Mesmo com o atraso no plantio, os produtores têm boa expectativa quanto à produtividade.
Na Argentina, o clima também favoreceu os trabalhos de campo. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 90,4% da área total estimada havia sido colhida até o dia 16 de julho, aumento de 4% em relação à semana anterior e ainda 29,4% acima do registrado no mesmo período da safra passada. Os avanços mais significativos aconteceram na região de Buenos Aires e de Córdoba. Nos Estados Unidos, as lavouras de milho voltaram a apresentar piora nas condições de desenvolvimento, em decorrência do clima adverso. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 12 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam por 69% da área, 2% abaixo do registrado na semana anterior, mas 11% acima do mesmo de 2019. No entanto, previsões indicam chuvas no Meio Oeste dos Estados Unidos, que podem ajudar no desenvolvimento das lavouras. Esse cenário, atrelado ao aumento de casos de Covid-19 naquele país, que pode limitar a demanda por combustíveis, resulta em quedas nos preços do cereal. Nos últimos sete dias, todos os contratos do milho referentes à safra 2020/2021 apresentam recuo. Os contratos Setembro/2020, Dezembro/2020 e Março/2021, estão cotados a US$ 3,30 por bushel, US$ 3,37 por bushel e a US$ 3,47 por bushel, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.