17/Jul/2020
As cotações internacionais dos futuros do milho tendem a se manter sob pressão até setembro, em virtude de estoques elevados do cereal nos Estados Unidos e no mundo, expectativa de oferta ampla nos Estados Unidos e na América Latina e dos efeitos da pandemia. No mercado interno, contudo, fatores como a retomada do consumo interno de carnes, exportações aquecidas deste setor e perspectiva de recuperação dos embarques de milho ao exterior podem manter os preços sustentados no País. O movimento de aversão ao risco e preocupações com a demanda levaram as cotações de milho a bater mínimas tanto na Bolsa de Chicago como na B3. De modo geral, os fatores baixistas ainda são preponderantes.
Por mais que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tenha surpreendido o mercado ao estimar a área 2020/2021 em 37,23 milhões de hectares, com um corte próximo a 2 milhões sobre o divulgado no relatório de intenção de plantio, os estoques dos Estados Unidos ainda são estimados em níveis muito elevados, 67,3 milhões de toneladas. O USDA prevê também uma produção de 381 milhões de toneladas na temporada. Porém, os preços internacionais começam a responder ao maior controle do quadro pandêmico. Com a reabertura gradual da economia nos Estados Unidos, a expectativa é de que o crescimento da demanda por etanol e o maior consumo de carnes deem suporte ao mercado do cereal, mas há possibilidade de ocorrência de novas ondas de disseminação da Covid-19, que poderiam alterar essa perspectiva.
Para o próximo trimestre, se mantém o cenário de estoque global em alta, estimado em 315 milhões de toneladas pelo USDA, o que pode pesar sobre os preços. O clima nos Estados Unidos e o quadro pandêmico são fatores cruciais a se acompanhar. Na América do Sul, pesam sobre as cotações a previsão de grandes safras na Argentina (50 milhões de toneladas), onde a colheita foi realizada em 86,4% da área plantada, e no Brasil (100 milhões de toneladas no total, das quais 26,3 milhões de toneladas já colhidas no verão e 72,5 milhões de toneladas estimadas para a 2ª safra de 2020). No Brasil, a colheita no País alcança 36% da área semeada. Em contrapartida, após a pandemia ter surtido efeitos negativos no consumo de carnes, espera-se retomada do setor pecuário, com o relaxamento das políticas de quarentena e a exportações aquecidas.
Focos de peste suína africana (PSA) continuam surgindo na Ásia e poderiam comprometer os planos da China de retomar sua produção animal. Enquanto isso, a pecuária brasileira foi pouco afetada pela crise sanitária e detém vasto potencial de expansão. Por essas razões, o consumo de milho na temporada atual deve crescer 4,2% em relação à safra passada, chegando a 68,5 milhões de toneladas. Sobre as exportações de cereal brasileiro, apesar de os embarques terem sido inferiores aos do ano passado, dados de line-up sinalizam avanço nos carregamentos. Os números de junho, de 348 mil toneladas, superaram os de maio. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.