25/Mai/2020
A tendência é de maior pressão de baixa sobre os preços do milho nas regiões que necessitam abrir espaços para armazenar a 2ª safra do grão de 2020, além da queda do dólar ao longo da última semana, que reduz a paridade de exportação nos portos brasileiros. As incertezas quanto ao volume a ser colhido na 2ª safra de milho evitam quedas mais acentuadas dos preços no mercado doméstico. No mercado futuro da B3, os preços do milho recuaram para os vencimentos no segundo semestre deste ano. O dólar registrou uma baixa acumulada de 4,54% na última semana e encerrou a sexta-feira (22/05) cotado a R$ 5,57. Os valores do milho têm oscilado dentre as regiões. Enquanto no interior do Paraná os preços sobem, em algumas localidades de São Paulo e na Região Centro-Oeste, as cotações registram leves quedas. Esse cenário se deve às diferentes condições de mercado dentre as regiões levantadas, como oferta, demanda e, especialmente, clima. Vale lembrar que a falta de chuva preocupa quanto ao desenvolvimento da 2ª safra de 2020.
No Paraná, a disputa por milho está mais acirrada no interior do Estado, o que tem feito com que os preços do cereal dessas regiões fiquem acima dos observados no mercado disponível do Porto de Paranaguá (PR). Além disso, a desvalorização do dólar frente ao Real nos últimos dias mantém lento o ritmo de negociação para exportação, pressionando os valores do cereal no porto. Em São Paulo e na região norte do Paraná, os produtores temem que a falta de chuva prejudique o potencial produtivo das lavouras e, com isso, muitos estão retraídos das vendas. Apesar disso, a pressão compradora e a oferta de milho de outros Estados em São Paulo têm resultado em leves quedas. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F registra leve recuo de 0,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 50,49 por saca de 60 Kg. Em outras localidades, como Sorocabana e Itapeva, os valores registram alta no período, de 1,0% e 0,8%, respectivamente.
Na Região Centro-Oeste, em especial em Mato Grosso e Goiás, o clima tem sido mais favorável para os trabalhos de campo e ao desenvolvimento das lavouras. Com isso, as perspectivas são de produtividade elevada, o que tem resultado em queda nos preços em algumas regiões, como em Rondonópolis. Ainda assim, parte dos produtores do Centro-Oeste e, também, de Minas Gerais aproveita as cotações ainda elevadas do cereal para avançar nas negociações. Em Mato Grosso, na região de Rondonópolis, a desvalorização é de 0,3% nos últimos sete dia. Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados e em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, as cotações apresentam valorização de 3,0% e 1,0%, respectivamente. Na Região Nordeste, as boas expectativas para a safra seguem pressionando as cotações. Na Bahia, na região de Barreiras (BA) e em Pernambuco, na região de Recife, as quedas nos valores são de 0,5% e de 1,8%, nesta ordem. Nos últimos sete dias, há alta de 1,3% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor), mas baixa de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
Na B3, os contratos para o segundo semestre apresentam patamares mais baixos, refletindo a expectativa de maior volume para o período. O contrato Julho/2020 registra desvalorização de 2,0% nos últimos sete dias, cotado a R$ 46,48 por saca de 60 Kg. O contrato Setembro/2020 apresenta recuo de 2,9% no mesmo período, a R$ 44,77 por saca de 60 Kg, e o Novembro/2020, 1,8%, a R$ 47,85 por saca de 60 Kg. No Paraná, a colheita da 2ª safra de 2020 no Paraná deve começar nos próximos dias. A qualidade das lavouras está inferior à da temporada anterior, com 45% em boas condições, 39%, em medianas e 16%, em ruins. Em Mato Grosso, iniciou a colheita no norte do Estado, mas ainda em pequena escala. Os trabalhos devem se intensificar nas próximas semanas. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o tempo seco preocupa na Argentina, mas beneficia a colheita, que teve avanço de 3,5%, alcançando 43,5% da área. Os rendimentos seguem favoráveis, com estimativa de produção de 50 milhões de toneladas.
Nos Estados Unidos, o clima favorece a semeadura, que chegou a 80% da área esperada até o dia 18 de maio, avanço de 13% ante a semana anterior, ficando 9% acima da média dos últimos cinco anos. Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho apresentaram alta volatilidade nos últimos dias. Após iniciar a semana passada em alta, influenciados pela expectativa de maior demanda chinesa e pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional, os preços do cereal voltaram a recuar, diante de sinais de que a retomada da demanda por etanol está mais lenta que a esperada, mesmo com a abertura gradual da economia dos Estados Unidos. Nos últimos sete dias, os vencimentos Julho/2020 e Setembro/2020 registram alta de 0,1% e 0,3%, cotados a US$ 3,17 por bushel e a US$ 3,23 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.