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18/Mai/2020

Tendência de preços firmes com ofertas retraídas

A tendência é de sustentação dos preços do milho no mercado físico brasileiro, com a forte escalada do dólar, maior interesse de produto para exportação, preocupações com riscos climáticos para a 2ª safra de 2020 e demanda interna mais aquecida. No mercado interno, os preços do milho no atacado em São Paulo subiram 19,2% entre janeiro e março deste ano, mas recuaram 11,3% entre abril e maio. Nesta primeira quinzena de maio, os preços voltaram a subir, com alta de 2,7% nos últimos dias, acumulando uma alta de 5,1% em 2020 e de expressivos 47,6% nos últimos 12 meses. Os preços em patamares elevados ao longo de 2020 estão descolados da paridade internacional, o que inviabilizou as exportações brasileiras nos últimos meses. No acumulado de janeiro a abril de 2020, as exportações brasileiras atingiram apenas 3,011 milhões de toneladas, queda de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior. Caso não ocorram problemas climáticos mais graves com a 2ª safra de 2020, o Brasil terá uma oferta elevada no 2º semestre e necessitará ajustar os preços internos com a paridade de exportação para evitar acumular estoques de passagem elevados ao final de 2020. Há uma forte pressão baixista sobre as cotações futuras na Bolsa de Chicago, diante da perda da competitividade do etanol de milho nos EUA (que absorve em torno de 40% da oferta) e com a projeção de safra recorde em 2020/2021.

Nos EUA, com aumento de 8,2% na área de plantio em 2020/2021, a projeção é de uma safra recorde de 406,3 milhões de toneladas, 17% acima da anterior, o que deve elevar os estoques finais do país para 84,3 milhões de toneladas, 58% acima do ano safra anterior. A tendência é baixista para os preços futuros, com maiores excedentes de exportação nos EUA, mas o câmbio deve seguir sustentando os preços internos ao longo do 2º semestre. As atenções no mercado de milho estão voltadas ao desenvolvimento da 2ª safra de 2020. A irregularidade nas chuvas nas Regiões Sul e Sudeste do País e em Mato Grosso do Sul deve limitar o potencial produtivo das lavouras. Este ambiente mantém os vendedores retraídos do mercado, sustentando o movimento de alta nos preços domésticos. Ressalta-se que, como a semeadura da 2ª safra de 2020 ocorreu em um período maior de tempo, as lavouras apresentam diferentes estágios de desenvolvimento. Com isso, a irregularidade das chuvas tende a prejudicar apenas parte da produção. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou novas estimativas de oferta e demanda para atual temporada. A safra total 2019/2020 deve atingir 102,3 milhões de toneladas, um novo recorde.

O aumento está relacionado aos ajustes para a produção na 2ª e 3ª safras, com destaque para o crescimento na área de 2ª safra, cuja produção é estimada em 75,9 milhões de toneladas, quantidade 3,7% superior à anterior. Para a 3ª safra de 2020 (cultivada na Região Nordeste do País), a expectativa é de que a colheita totalize 1,17 milhão de toneladas, alta de 3,9%. A safra de verão (1ª safra 2019/2020) teve leve queda na estimativa de produção, totalizando 25,25 milhões de toneladas, quantidade 1,5% inferior à temporada passada. O consumo interno passou a ser estimado em 68,53 milhões, redução de 1,9 milhão de toneladas em relação ao estimado em abril, mas ainda 4,3% superior ao consumo da temporada passada. A redução na estimativa do consumo frente ao relatório anterior se deve às incertezas em relação aos impactos causados pela pandemia de Covid-19 sobre as cadeias demandantes de milho, como a pecuária e o setor energético (usinas). Por enquanto, as exportações na atual temporada (fevereiro/2020 a janeiro/2021) se mantêm em 34,5 milhões de toneladas, podendo ser reajustadas, devido ao câmbio elevado e à maior atratividade no porto nas últimas semanas. Por enquanto, as negociações nos portos ainda seguem calmas, mas os preços para o segundo semestre já chegaram a R$ 51,00 por saca de 60 Kg.

Neste cenário, os estoques ao final da temporada passaram a ser estimados em 11,1 milhões de toneladas, 1,8 milhão de toneladas acima da estimativa de abril e 2% superior ao do ano anterior. Isso indica um cenário mais confortável em termos de disponibilidade interna de milho. Em linha com os novos números da Conab, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que o Brasil deve colher safra recorde na atual temporada 2019/2020, de 101 milhões de toneladas. Quanto à 2020/2021, o USDA estima produção brasileira de 106 milhões de toneladas no Brasil e de 50 milhões de toneladas na Argentina. Em termos mundiais, o USDA aponta redução de 0,8% na produção de 2019/2020 em relação à temporada anterior (2018/2019), totalizando 1,114 bilhão de toneladas. A redução é consequência da queda da área cultivadas nos Estados Unidos. O consumo mundial também vem sendo influenciado pela pandemia de Covid-19, o que deve impactar sobre os estoques mundiais ao final da safra. Assim, o USDA estima estoques de 314,73 milhões de toneladas, diminuição de 1,94% e o menor desde 2015/2016. Nos Estados Unidos, a semeadura segue avançando em ritmo acelerado. O país conta com 67% da área implantada até o dia 11 de maio, avanços de 39% em relação ao ano passado e de 11% em relação aos últimos cinco anos. Na Argentina, a colheita havia alcançado 40% da área nacional até o dia 14 de maio.

Na Bolsa de Chicago, o vencimento Maio/2020 apresenta alta de 1,34% nos últimos sete dias, a US$ 3,20 por bushel. Os contratos Julho/2020 e Setembro/2021 registram recuo de 0,16% e 0,39%, a US$ 3,17 por bushel e a US$ 3,22 por bushel. No Brasil, as negociações seguem travadas no mercado interno, mas com preços em alta na maior parte das regiões. De um lado, os vendedores seguem recuados, atentos aos possíveis impactos do clima sobre a produtividade e aos movimentos nos portos. Os compradores, por sua vez, realizam negócios pontuais, se abastecendo apenas para o curto prazo, à espera de mercadoria da 2ª safra de 2020 e de recebimento de lotes já adquiridos antecipadamente. Assim, nos últimos sete dias, o mercado de balcão (valor pago ao produtor) registra avanço de 4,9% e o de lotes (negociações entre as empresas), de 2,2%. Em São Paulo, na região de Campinas, a necessidade compradora faz com que os valores voltem a superar os R$ 50,00 por saca de 60 Kg. O Indicador ESALQ/BM&F registra alta de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 50,61 por saca de 60 Kg. Na B3, os contratos de milho também apresentam valorizações, refletindo as preocupações com a safra. O contrato Maio/2020 acumula valorização de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 50,82 por saca de 60 Kg. Os contratos Julho/2020 e Setembro/2020 apresentam alta de 1% e 1,4%, respectivamente, cotados a R$ 47,45 por saca de 60 Kg e a R$ 46,13 por saca de 60 Kg. Fontes e Cogo Inteligência em Agronegócio.