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11/Mai/2020

Tendência de preços sustentados por clima e dólar

A tendência é de sustentação dos preços do milho no mercado físico brasileiro, com a forte escalada do dólar, maior interesse de produto para exportação, preocupações com riscos climáticos para a 2ª safra de 2020 e demanda interna mais aquecida. O dólar fechou em queda na sexta-feira (08/05), após cinco altas consecutivas, mas ainda acumulou alta em uma semana marcada pela aproximação do patamar de R$ 6, depois de renovadas tensões políticas e de corte mais intenso nos juros. Sinais mais amigáveis entre China e Estados Unidos sobre a fase 1 do acordo comercial deram argumentos para alguma realização de lucros nesta sessão, na qual o dólar também caiu no exterior. No fechamento das operações no mercado à vista, o dólar caiu 1,71%, para R$ 5,7401. Na véspera, a cotação se aproximou de R$ 5,90 e encerrou em novo recorde histórico nominal. Na semana, a divisa subiu 5,56%. O dólar se apreciou bem mais de 1% em cada um dos últimos cinco pregões, período no qual acumulou um salto de 9,05%. Os preços de milho estão em alta em muitas regiões produtoras.

A sustentação vem de incertezas quanto ao desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2020 diante da irregularidade das chuvas. Além disso, a forte valorização do dólar elevou as cotações nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), movimento que também favorece a recuperação dos preços domésticos. Os agricultores de regiões produtoras de 2ª safra do Sul e do Sudeste estavam no aguardo de chuvas na semana passada, mas as precipitações ocorreram apenas de forma pontual, elevando as preocupações no campo. Esse cenário tem feito com que os vendedores limitem o volume ofertado, na expectativa de preços maiores nas próximas semanas. Do lado comprador, aos poucos, muitos retornam ao mercado, mas se deparam com dificuldades de encontrar lotes grandes. Além disso, o preço indicado pelo vendedor está maior, e o prazo para pagamento, menor. Para pagamentos mais longos, alguns produtores temem inadimplência, fundamentados nas atuais incertezas por conta da crise gerada pela pandemia de coronavírus. Com isso, as negociações, na maioria dos casos, envolvem pequenos lotes.

O Indicador ESALQ/BM&F (base Campinas – SP) registra avanço de 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 49,91 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços apresentam alta de 0,5% no mercado balcão (preço recebido pelo produtor) e de 0,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Os maiores aumentos nos preços do cereal são verificados no Paraná, impulsionados pela alta nos portos. Na região norte do Estado, o milho apresenta valorização de 6,7% nos últimos sete dias. Na região oeste, a alta é de 2,1% no mesmo comparativo. Em Mato Grosso, as cotações apresentam queda, influenciadas pela proximidade da colheita, prevista para o final de maio. Assim, os produtores tentam negociar os últimos lotes da safra 2018/2019 e, com isso, aceitam comercializar em patamares inferiores, mas esbarram na dificuldade logística. Na região de Rondonópolis, a queda no preço do milho é de 3,5% nos últimos sete dias.

Na Região Nordeste do País, as chuvas em excesso que ocorrem no mês preocupam os produtores. A colheita está prevista para se iniciar nos próximos dias, e agentes temem que a qualidade do milho seja prejudicada pela alta umidade. As cotações na região também recuam, pressionadas pela proximidade da colheita. Na Bahia, na região de Barreiras e em Pernambuco, na região de Recife, as desvalorizações são de 4,5% e de 2,5%, respectivamente, nos últimos sete dias. Na B3, os contratos estão em alta, sustentados por preocupações com a estiagem em importantes regiões de 2ª safra. O contrato Maio/2020 apresenta avanço de 5,9% nos últimos sete dias, indo para R$ 50,03 por saca de 60 Kg. O contrato Julho/2020 registra alta de 4,5%, cotado a R$ 47,00 por saca de 60 Kg. Apesar da menor efetivação de lotes nos portos, o atual patamar do dólar fez com que compradores da mercadoria para exportação elevassem as indicações, que chegam a R$ 50,00 por saca de 60 Kg, para entregas no segundo semestre.

No spot, a valorização no Porto de Paranaguá (PR) é mais tímida, registrando elevação de 0,4% nos últimos sete dias, com média de R$ 43,70 por saca de 60 Kg. Nesse momento, apesar das recentes valorizações, o mercado ainda prioriza os embarques de soja. No campo brasileiro, as atenções estão voltadas ao desenvolvimento das lavouras. Os produtores do Paraná colheram 98% do milho da safra de verão (1ª safra 2019/2020) até o dia 4 de maio. Quanto ao milho 2ª safra de 2020, 32% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 39%, em floração, 25%, em frutificação, e apenas 4%, em maturação. Além disso, 61% estão em boas condições, 33%, em médias e 6%, em ruins (no ano passado, apenas 1% das lavouras tinham condição ruim). No Rio Grande do Sul, a colheita chegou aos 88%, avanço de 3% ante a semana anterior. Em Mato Grosso, a terceira estimativa de produção para a 2ª safra de milho voltou a ser reajustada positivamente. Os altos patamares de preços durante 2019 e o início de 2020 incentivaram o aumento de área, que, agora, está prevista em 5,19 milhões de hectares. No fim de abril, a produtividade foi estimada em 104,98 sacas de 60 Kg por hectare, e a produção, em 32,71 milhões de hectares, alta de 1,39% em relação a 2019.

As condições climáticas vêm favorecendo o semeio nos Estados Unidos e a colheita na Argentina. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 50% da área norte-americana havia sido semeada até o dia 3 de maio, contra 21% no mesmo período do ano passado e 39% na média do quinquênio 2015-2019. Do cereal que está na lavoura, 8% emergiram, contra 5% no mesmo período no ano passado. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita do milho chegou a 38,2% da área na Argentina até o dia 7 de maio. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros apresentam comportamentos distintos. No acumulado dos últimos sete dias, o primeiro vencimento (Maio/2020) registra avanço de 1,4%, para US$ 3,16 por bushel, influenciado pela alta nas cotações do petróleo e pela demanda externa mais aquecida. O contrato Julho/2020 apresenta queda 0,6%, cotado a US$ 3,18 por bushel, pressionado pelo bom desenvolvimento da safra. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.