05/Mai/2020
A pressão baixista que marcou o mercado interno de milho em abril começa a perder fôlego, diante das incertezas climáticas com a 2ª safra de 2020, a forte alta do dólar acumulada neste ano e a posição mais firme dos vendedores. O movimento de queda nos preços domésticos do milho está perdendo força. Diante da irregularidade das chuvas e de possíveis impactos sobre a produtividade da 2ª safra de 2020, muitos produtores diminuíram a oferta no spot e elevaram os valores indicados. Contudo, os preços internacionais em queda e a cautela de compradores em adquirir grandes lotes ainda impedem valorizações domésticas do milho. Por enquanto, os órgãos oficiais apontam 2ª safra de 2020 recorde, mas as estimativas ainda podem ser reajustadas em decorrência do atual cenário de clima desfavorável. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica colheita de 75,4 milhões de toneladas do cereal na 2ª safra de 2020. Segundo dados do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cpetc), chuvas pontuais foram registradas na Região Centro-Oeste.
Na Região Sul, as precipitações estão irregulares, mas estas não aliviaram a situação das lavouras, que precisam de mais umidade neste atual estágio de desenvolvimento, sendo que parte das regiões produtoras atravessa um período de clima seco. Para maio, a expectativa é de que um volume maior de chuvas ocorra nestas regiões produtoras. Caso as precipitações não retornem nos próximos dias, perdas na produtividade devem ser registradas na Região Sul. Quanto às negociações, predomina a cautela de compradores, devido ao atual cenário econômico. Estes agentes optam por adquirir apenas lotes pontuais para o curto prazo. Nos últimos sete dias, há leve queda de 0,3% no mercado balcão (preço recebido pelo produtor) e alta de 0,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Nesse mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (base Campinas-SP) registra avanço de 0,4%, a R$ 48,38 por saca de 60 Kg.
Nessa região de São Paulo, os produtores e as cooperativas limitam o volume ofertado e elevam o preço indicado pelo cereal. A disponibilidade de milho de outros Estados em São Paulo também é menor. No dia 25 de abril, o dólar atingiu o maior patamar nominal da história do Plano Real, a R$ 5,70. Esse cenário está elevando a atratividade do milho nos portos ao produtor brasileiro. Os compradores chegam a indicar até R$ 48,00 por saca de 60 Kg, para entregas no segundo semestre de 2020, mas poucos negócios são relatados, uma vez que os produtores ainda esperam o melhor desenvolvimento da safra. Nos Estados Unidos, os preços do milho estão em queda, pressionados pelo bom ritmo no plantio e pela menor demanda pelo cereal, devido à disseminação da Covid-19 no país. Assim, os estoques norte-americanos de milho têm crescido e os preços, registrado as mínimas desde agosto de 2016.
Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Maio/2020) registra desvalorização de 4,7% nos últimos sete dias, para US$ 3,04 por bushel. O contrato Julho/2016 está cotado a US$ 3,14 por bushel, queda de 3,6% no mesmo comparativo. Quanto às lavouras dos Estados Unidos, o ritmo de plantio segue alinhado ao de anos anteriores, mas bem superior em comparação a 2019, que apresentou atraso devido às condições climáticas adversas. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 27 de abril, os 18 maiores produtores de milho daquele país avançaram 20% no período de 20 a 27 de abril, ao semearem 27% da área prevista para esta temporada, acima dos 20% da média dos últimos cinco anos (2015 a 2019). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.