26/Mar/2020
Após terem vendido a maior parte da produção de milho da 2ª safra de 2019, os vendedores buscam aproveitar o dólar fortalecido ante o Real para comercializar antecipadamente a 2ª safra de 2020. As indicações de venda, no entanto, só são acompanhadas por consumidores do mercado interno, mas nem todos aceitam pagar o que os produtores buscam. Os exportadores estão preferindo adiar a negociação, diante do atual cenário de incertezas: sobre o desdobramento da pandemia da Covid-19 e sobre o desenvolvimento das lavouras. Assim, a comercialização da 2ª safra de 2020 avança lentamente. No spot, os negócios também são pontuais porque há baixa disponibilidade de produto e o foco, no momento, é a venda da soja.
Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, os compradores indicam R$ 35,00 por saca de 60 Kg FOB (por milho da 2ª safra de 2020). Tradings indicam R$ 40,00 por saca de 60 Kg CIF, para entrega em ferrovia de Maringá (PR) e R$ 47,00 por saca de 60 Kg CIF, para embarque no Porto de Paranaguá (PR). Apesar do câmbio, o preço para exportação não está mais alto do que o oferecido pelo mercado interno porque as cotações na Bolsa de Chicago estão baixas e, com a insegurança trazida pelo coronavírus, o comprador não entra no mercado pagando mais. No spot, ocorrem apenas negócios pontuais. Na região de São Gabriel d'Oeste, há registro de negócios a R$ 62,00 por saca de 60 Kg CIF, para entrega imediata em Angatuba (SP) e pagamento em 30 dias, valor que corresponderia a R$ 47,00 por saca de 60 Kg FOB. Na região de Dourados, os compradores indicam entre R$ 47,00 e R$ 48,00 por saca de 60 Kg FOB. Os compradores do mercado interno estão bem abastecidos para manter suas operações até maio. A previsão é de oferta restrita na entressafra, pois a safra de verão (1ª safra 2019/2020) não deve ser suficiente para atender toda a demanda do período. Assim, a tendência é altista.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, os compradores estão afastados das negociações nesta semana, na incerteza se receberão produto contratado em virtude da escassez de caminhões. Na região noroeste do Estado, há registro de negócios a R$ 50,00 por saca de 60 Kg no spot. A oferta de frete diminuiu pela aceleração da colheita da soja e também pela proteção contra o coronavírus. Há casos em que vendedor precisa embarcar para liberar o silo para a soja, mas não há previsão de carregamento imediato. O interesse de compra também é menor pela incerteza sobre o cenário financeiro. Os compradores têm receio sobre o que irá acontecer com crédito e estão usando o próprio caixa. Também há preocupação de pagar o produto e não conseguir retirar. Por outro lado, com o começo da colheita da soja e os preços mais altos da oleaginosa, os vendedores estão afastados da comercialização de milho.