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16/Mar/2020

Tendência altista para o milho com oferta restrita

A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com o dólar em nível recorde, oferta interna restrita, demanda firme, quebras na safra de verão do Sul do Brasil e riscos climáticos maiores na 2ª safra de 2020. Os valores do milho continuam em alta no mercado interno, atingindo novos recordes nominais da série do Cepea (no caso do Indicador ESALQ/BM&F). O suporte vem da oferta restrita e da demanda aquecida. Apesar de a colheita da safra de verão (1ª safra 2019/2020) estar avançando na Região Sul do País, devido ao clima favorável, muitos produtores seguem preferindo negociar a soja em detrimento do milho, limitando a oferta do cereal. Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 2,9% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 2,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

Nesse mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) apresenta avanço de 5,3%, cotado a R$ 57,59 por saca de 60 Kg, renovando a máxima nominal histórica da série do Cepea, iniciada em 2004. Nos portos, as negociações no spot continuam praticamente paradas, tendo em vista que os vendedores priorizam as negociações com compradores domésticos, que ofertam valores mais atrativos. Inclusive, na parcial de março, o preço do milho na região de Campinas (SP) está R$ 12,31 por saca de 60 Kg acima do verificado no Porto de Paranaguá (PR), a maior diferença da série histórica do Cepea. Na B3, os valores estão em alta, sustentados pela movimentação no físico e por especulações quanto à oferta. O contrato Março/2020 registra valorização de 4% nos últimos sete dias, a R$ 57,49 por saca de 60 Kg. Os contratos Maio/2020 e Julho/2020 estão cotados a R$ 52,36 por saca de 60 Kg e a R$ 47,20 por saca de 60 Kg, respectivamente, elevações de 4,3% e 3,3%, no mesmo comparativo.

No campo, a semeadura do milho 2ª safra de 2020 em Mato Grosso está praticamente finalizada. Segundo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o semeio atinge 97,98% da área total. O atraso no semeio em algumas regiões do Estado preocupa, uma vez que a janela ideal foi finalizada em fevereiro. No Paraná, os produtores se atentam ao clima, já que as chuvas insuficientes e as altas temperaturas podem prejudicar a produtividade. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 9 de março, a colheita do milho da safra de verão (1ª safra 2019/2020) havia atingido 57% da produção total. Quanto à semeadura do milho 2ª safra de 2020, completou 84% da área estimada na semana passada. No Rio Grande do Sul, o tempo seco tem favorecido a colheita, mas limitado a produtividade. Segundo a Emater-RS, 57% da área havia sido colhida até o dia 12 de março.

Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 10 de março confirma a menor disponibilidade do cereal. A produção 2019/2020 no Brasil está estimada em 100,08 milhões de toneladas, 0,4% abaixo do dado divulgado em fevereiro, como consequência da redução na área da 2ª safra de 2020, que passou para 11,65 milhões de hectares. Para a safra de verão (1ª safra 2019/2020), apesar da maior área, a falta de chuvas durante o desenvolvimento manteve a produção em 25,56 milhões de toneladas. Quanto à 2ª safra de 2020, o atraso no semeio da soja pode limitar a área com milho. Além disso, a produtividade está estimada para ser 1,8% menor que a verificada na safra anterior, resultando em produção de 73,36 milhões de toneladas. A 3ª safra (cultivada na Região Nordeste), por sua vez, deve produzir 1,15 milhão de toneladas.

Deve haver aumento do consumo interno, de 5 milhões de toneladas frente à safra anterior, estimado agora em 70 milhões de toneladas. As importações são apontadas em 1 milhão de toneladas. Assim, o Brasil teria, na safra 2019/2020, excedente exportável (soma do estoque inicial, da produção e da importação menos o consumo interno) em torno de 42 milhões de toneladas. Com a exportação prevista para 34 milhões de toneladas, restarão ao final da temporada apenas 8 milhões de toneladas, novamente o menor nível dos últimos anos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por sua vez, voltou a aumentar a projeção de produção mundial, agora estimada em 1,11 bilhão de toneladas, devido ao crescimento da oferta em países da África. Porém, o consumo deve cair, indo para 1,13 bilhão de toneladas. Os estoques mundiais recuaram 20 milhões de toneladas, estimados em 297 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.