09/Mar/2020
A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, diante da escassez de ofertas, dólar em forte alta nas últimas semanas, quebras na 1ª safra da Região Sul do Brasil e incertezas sobre o volume a ser colhido na 2ª safra de 2020. A oferta de milho segue restrita no Brasil. Mesmo com o avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2019/2020), muitos produtores têm preferido negociar a soja em detrimento do milho. Os compradores, por sua vez, se mantêm ativos no mercado. Nesse cenário, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) atingiu R$ 54,69 por saca de 60 Kg no dia 5 de março, o maior valor nominal da série histórica para esse produto, iniciada em agosto de 2004. Em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI), o maior patamar deflacionado da série histórica, de R$ 68,50 por saca de 60 Kg, foi verificado em dezembro de 2007.
Nos últimos sete dias, a alta do Indicador é de 2,5% e, na parcial deste ano, de 12,5%. Em Goiás, na região de Rio Verde, a valorização do milho é de 5,8% nos últimos sete dias. Em Mato Grosso, na região de Rondonópolis (MT), a valorização é de 5,7% no período. No Paraná, na região sudoeste do Paraná, o milho registra avanço de 2,1% no mesmo comparativo. Nos últimos sete dias, as elevações são de 1,9% no mercado de balcão (ao produtor) e de 2% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os valores estão sendo influenciados pelos aumentos no físico e pela perspectiva de oferta restrita nas próximas semanas. Nos últimos sete dias, o contrato Março/2018 registra alta de 4%, cotado a R$ 55,26 por saca de 60 Kg. Os contratos Maio/2020 e Julho/2020 estão cotados a R$ 50,20 por saca de 60 Kg e a R$ 45,70 por saca de 60 Kg, avanços de 3,7% e 3%, na mesma ordem.
Na região dos portos, mesmo com a expressiva valorização de 4% do dólar em relação ao Real nos últimos sete dias, o ritmo de negócios segue lento nos mercados spot e a termo. As cotações internas seguem mais atrativas que as dos portos. A média da parcial de março do Indicador ESALQ/BM&F está 28% superior à do milho disponível no Porto de Paranaguá (PR). Neste contexto, os embarques do cereal estão lentos e o fechamento de novos negócios está praticamente parado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram embarcadas apenas 347 mil toneladas de milho nos 18 dias úteis de fevereiro, 78,3% abaixo da quantidade do mesmo mês do ano passado. No campo, o clima seco favorece o avanço da colheita do milho da safra de verão (1ª safra 2019/2020). No Paraná, 45% da área das lavouras da safra de verão (1ª safra 2019/2020) foi colhida até o dia 2 de março. Do restante, 1% está em floração, 25%, em frutificação e 74%, em maturação. O cultivo da 2ª safra de 2020 representou 72% da área estimada.
No Rio Grande do Sul, 53% das lavouras da safra de verão (1ª safra 2019/2020) já foram colhidas, com produtividades muito distintas entre regiões e propriedades. A falta de chuvas verificadas durante o desenvolvimento das lavouras limitou a produtividade, que, agora, é estimada em 5,99 quilos por hectare, queda de 22% em relação à expectativa inicial. Sendo assim, mesmo com o aumento de 1,5% na área, o Estado deve colher 21% menos que as estimativas iniciais. Em Mato Grosso, o plantio de milho em Mato Grosso atingiu 91,9% da área prevista, avanço de 12,3% na comparação com a semana anterior. Com isso, a maior parte da área está sendo semeada dentro do período considerado ideal. Para as regiões de São Paulo e do Triângulo Mineiro (MG), as situações estão distintas. Enquanto o interior paulista avança com a colheita do cereal, nas regiões de Minas Gerais o grande volume de chuvas registrado nas últimas semanas tem atrapalhado a colheita.
Na Argentina, até o dia 5 de março, a colheita do milho chegou a 2,7% do total de 50 milhões de toneladas estimadas. Nos Estados Unidos, apesar das preocupações com o coronavírus, a expectativa de que a China elevasse as compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos impulsionou as cotações no início da semana passada. Porém, os preços voltaram a recuar no dia 5 de março, após a divulgação do relatório Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), indicando queda nas exportações norte-americanas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2020 registra alta de 5,49% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,84 por bushel. O contrato Maio/2020 apresenta valorização de 3,74% no período, indo para US$ 3,81 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.