26/Fev/2020
A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a forte escalada do dólar que bateu no patamar de R$ 4,40 e a demanda interna aquecida. Os preços de milho no mercado interno parecem não encontrar resistência e continuam em alta em praticamente todas as regiões. Os vendedores seguem retraídos, ao passo que a demanda está ativa no mercado físico nacional. Assim, mesmo com a trégua das chuvas na Região Sudeste e o avanço da colheita da safra verão (1ª safra 2019/2020) na Região Sul do País, o interesse comprador supera o do vendedor. O Indicador ESALQ/BM&F atingiu o maior valor nominal desde junho de 2016, fechando a R$ 52,42 por saca de 60 Kg no dia 19 de fevereiro. A média parcial de fevereiro é a maior desde maio/2016, em termos nominais e a mais alta desde agosto/2016, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). Regionalmente, as altas mais intensas são verificadas em São Paulo e no Paraná.
Em São Paulo, os compradores indicam necessidade de repor estoques no curto prazo e, no Paraná, os vendedores estão retraídos, já que os compradores aguardam o andamento da colheita da safra verão (1ª safra 2019/2020). Em São Paulo, na região de São Carlos, o preço do milho registra avanço de 1,5% nos últimos sete dias e, na região da Sorocabana, a alta é de 1,7%. No Paraná, nas regiões norte e oeste do Paraná, os avanços são de 2,5% e de 1,8%, respectivamente. Nos últimos sete dias, as elevações são de 1,9% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 1,1% no de mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na B3, as cotações também estão avançando, influenciadas por preocupações com a oferta nos próximos meses. Os vencimentos Março/2020 e Maio/2020 apresentam alta de 1,1% e 1,4% nos últimos sete dias, cotados a R$ 51,85 por saca de 60 Kg e a R$ 47,93 por saca de 60 Kg. Para o segundo semestre, os vencimentos Setembro/2020 e Novembro/2020 estão cotados a R$ 42,22 por saca de 60 Kg e a R$ 44,08 por saca de 60 Kg.
Esses contratos da B3 que vencem na segunda metade do ano são balizados pela possibilidade de maior oferta no físico nacional. Neste caso, o fundamento vem do avanço rápido do cultivo da 2ª safra de 2020 e do clima favorável. Ressalta-se, contudo, que os agentes estão atentos ao atraso do plantio fora da janela considerada ideal, que pode limitar a produtividade. No Paraná, a estimativa é de redução de 3% na área plantada na 2ª safra de 2020, para 2,16 milhões de hectares. A produtividade deve cair de 5,95 toneladas por hectare em 2019 para 5,72 toneladas por hectare em 2020. Até o momento, 32% da área destinada foi plantada, contra 60% no ano anterior. Em Mato Grosso, incentivados pelos preços mais elevados, pelo bom ritmo das vendas antecipadas, pelo avanço da colheita de soja e pela possível maior demanda vinda de usinas de etanol de milho, os produtores têm a intenção de aumentar a área destinada ao cereal.
A área com a 2ª safra de 2020 em Mato Grosso deve atingir 5,1 milhões de hectares, 5% superior à temporada anterior. A produtividade, no entanto, deve cair 4,3%. Com isso, a produção pode ser de 32,44 milhões de toneladas, 0,5% a mais que em 2018/2019. Até o dia 14 de fevereiro, 63,2% da área estadual havia sido semeada, com avanço semanal de 24%. No Rio Grande do Sul, a colheita da safra de verão (1ª safra 2019/2020) se aproxima da metade no Rio Grande do Sul, com 43% da área colhida. No Paraná, a colheita alcançou 23% até o dia 17 de fevereiro, avanço de 10% em relação à semana anterior. Em São Paulo, a colheita também se aproxima da metade. Em Santa Catarina, a expectativa é de que a colheita ganhe ritmo apenas em março.
Na Bolsa de Chicago, os contratos de milho voltaram a recuar. As quedas foram acentuadas no final da semana passada, após a divulgação de estimativa indicando aumento na área do cereal nos Estados Unidos. Os vencimentos Março/2020 e Maio/2020 registram recuo de 0,3% e 0,5% nos últimos sete dias, respectivamente, cotados a US$ 3,78 por bushel e a US$ 3,82 por bushel. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no dia 20 de fevereiro, a área com soja na safra 2020/2021 dos Estados Unidos deve aumentar 11,7%, para 34,4 milhões de hectares, 3,6 milhões de hectares a mais que na temporada anterior. Para o milho, a estimativa é de aumento de 4,8%, para 38,04 milhões de hectares, 1,7 milhão de hectares a mais que em 2019/2020. A área com algodão deve diminuir 9%, para 5,1 milhão de hectares, equivalente a 500 mil hectares a menos que no ano passado. A área total de trigo é prevista em 18,2 milhões de hectares, estável em relação a 2019. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.