03/Fev/2020
A tendência é de preços firmes para o milho no Brasil, mas o movimento altista perde fôlego, dado o elevado nível atingido pelas cotações domésticas. A alta do dólar deve tornar o milho brasileiro menos competitivo para a exportação, mas a oferta interna estará apertada neste primeiro semestre, com quedas dos estoques de passagem e recuo na produção da 1ª safra de 2020 (verão). Há, ainda, preocupações com o plantio e o clima no desenvolvimento da 2ª safra de 2020 (inverno). O movimento de alta nos preços do milho se enfraqueceu nos últimos dias. De modo geral, os compradores têm demonstrado menor interesse em comercializar grandes lotes e aguardam o avanço da colheita da primeira safra para efetivar novas negociações. Nos últimos dias prevaleceu a intenção de vendedores em negociar, impulsionados pelos patamares de preços no mercado interno e/ou pela necessidade de liberar espaço nos armazéns para a chegada da safra de soja.
Por outro lado, agentes já se atentam aos fretes, pois, com o avanço da colheita da oleaginosa, a oferta de frete para o milho deve diminuir. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F está cotado a R$ 51,28 por saca de 60 Kg, acumulando uma alta de 6,1% em janeiro e atingindo a maior média mensal desde agosto/2016, em termos reais (deflacionado pelo IGP-DI de dezembro/2019). No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, predominou o movimento de alta, ainda que em menor intensidade, comparado à primeira quinzena do mês. Produtores seguem retraídos em decorrência das incertezas quanto à produtividade das lavouras, em função do clima. Na média das regiões, os preços ficaram estáveis no mercado de lotes (negociações entre as empresas), mas os valores pagos aos produtores avançaram 0,9%. Em janeiro, as altas foram de 7,1% e 12,1% para os respectivos mercados.
Quanto ao mercado futuro, os contratos tiveram quedas expressivas, devido às incertezas quanto ao consumo nos próximos meses e a perspectivas favoráveis para a oferta. O primeiro vencimento, Março/2020 na B3, recuou 5,4% nos últimos sete dias, cotado a R$ 49,56 por saca de 60 Kg. Os contratos Maio/2020 e Julho/2020 cederam 6,9% e 2,9%, para R$ 46,98 por saca de 60 Kg e R$ 42,90 por saca de 60 Kg, respectivamente. As intenções de compra para exportação de milho por Paranaguá com embarque em agosto e setembro também tiveram pequenos ajustes negativos. A média é de R$ 39,46 por saca de 60 Kg, abaixo dos valores de dezembro, que chegaram a até R$ 42,00 por saca de 60 Kg. No Rio Grande do Sul, as chuvas dos últimos dias trouxeram alívio a produtores porque mitigaram os prejuízos causados pela seca, melhorando a situação das lavouras.
Assim, a produtividade média no Rio Grande do Sul deve ter alguns ajustes ao final da temporada, o que tem mantido as cotações elevadas no atual período da colheita. Do total das áreas plantadas, 14% estão em desenvolvimento vegetativo, 11%, em floração, 24%, em enchimento de grãos, 25%, maduros e 26% já foram colhidos. Em Minas Gerais e São Paulo, as chuvas limitaram a colheita, que chegou a ser interrompida em alguns dias. No Paraná, as chuvas não foram suficientes para atrasar a colheita da safra de verão e o plantio da 2ª safra. O plantio da 2ª safra evoluiu para 4% da área total. No Centro-Oeste, com a rápida colheita de soja, o plantio de milho tem ganhado ritmo, com 9,8% da área semeada. Na Argentina, a semeadura se aproxima da reta final com o auxílio das boas condições climáticas. O plantio totalizou, até o dia 30, 97% do total de 6,3 milhões de hectares estimados. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.