27/Jan/2020
A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com as quebras na 1ª safra 2019/2020 (verão), dólar em patamares elevados, cotações futuras firmes em Chicago, projeção de oferta interna apertada neste primeiro semestre e incertezas relacionadas ao clima e ao desempenho da 2ª safra deste ano (inverno). Os preços do cereal seguem em alta na maioria das regiões, mas o ritmo de negócios ainda está baixo. A sustentação vem da demanda, tendo em vista que parte dos compradores necessita repor estoques. Ressalta-se, no entanto, que uma parcela dos demandantes está cautelosa, no aguardo da intensificação da colheita da safra de verão (1ª safra 2019/2020). Por enquanto, a disponibilidade do cereal ainda segue restrita, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste. Na Região Centro-Oeste, especificamente em Mato Grosso do Sul, existem casos em que produtores têm necessidade de liberar espaço nos armazéns com milho, devido ao avanço da colheita da soja, o que acaba limitando o movimento de alta nos preços.
Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 2,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) está cotado a R$ 51,49 por saca de 60 Kg, recuo de 1% nos últimos sete dias. O movimento de alta nos preços é mais intenso no Rio Grande do Sul, onde os produtores estão retraídos, temendo queda na produtividade. Nos últimos sete dias, os valores apresentam alta de 5% nas regiões de Santa Rosa e de Ijuí. Em Santa Catarina, as cotações registram avanço de 3,4% em Campos Novos e de 1,6% em Chapecó. Na B3, o movimento também é de elevação. Nos últimos sete dias, o vencimento Março/2020 acumula alta de 0,6%, passando para R$ 52,39 por saca de 60 Kg. O vencimento Maio/2020 apresenta valorização de 2,9%, a R$ 50,12 por saca de 60 Kg.
Os contratos com vencimento no segundo semestre estão em patamares mais baixos, variando entre R$ 42,00 e R$ 45,00 por saca de 60 Kg. Na região dos portos, as negociações para exportação estão praticamente paradas. A ampliação na diferença entre os valores internos e para exportação tem feito com que os vendedores priorizem a negociação de novos lotes no mercado doméstico. Na média da parcial deste mês, os preços na região de Campinas (SP) são R$ 11,30 por saca de 60 Kg superiores aos do Porto de Paranaguá (PR). No campo, os produtores da Região Sul do País estão colhendo a safra de verão (1ª safra 2019/2020), mas temem que a estiagem resulte em menor produtividade. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas favoreceram as lavouras.
No Rio Grande do Sul, os produtores colheram 22% do cereal. Apesar do retorno das chuvas na semana passada, a recuperação das lavouras não foi possível. Do que está na lavoura, 15% estão em germinação e desenvolvimento vegetativo; 12%, em floração; 25%, em enchimento de grãos e 26%, maduros e por colher. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, a colheita soma 1%, com início nas regiões de Ponta Grossa e Francisco Beltrão. Das lavouras, 91% estão em boas condições e 9%, em situação média. Os produtores já iniciaram o semeio do milho 2ª safra de 2020, atingindo 2% da área estimada no Paraná até 20 de janeiro. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Mato Grosso, até o dia 17 de janeiro, a área semeada de milho chegou a 1,9% do total estimado, 4,7% abaixo do mesmo período da temporada anterior, devido ao atraso na semeadura de soja.
Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 23 de janeiro, o semeio do milho continua avançando apesar do baixo volume de chuvas, somando 94,7% da área estimada para a safra 2019/2020. As chuvas contribuíram para o aumento das reservas hídricas do país, mas ainda há preocupações quanto à produtividade e a focos de ferrugem nas lavouras. Nos Estados Unidos, os vencimentos futuros apresentaram considerável valorização, impulsionados pelas altas do trigo. Além disso, o Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA) indicou que a demanda externa do cereal aumentou. Assim, o contrato Março/2020 negociado na Bolsa de Chicago registra forte alta de 4,86%, cotado a US$ 3,93 por bushel. O vencimento Maio/2020 se valorizou 4,2%, a US$ 3,98 por bushel. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.