27/Jan/2020
A previsão de chuvas abundantes nas regiões produtoras de soja do Centro-Oeste nas próximas semanas acendeu o alerta para os riscos à 2ª safra de milho 2020, que é cultivada assim que a oleaginosa é retirada do campo. Se as chuvas retardarem ainda mais a colheita de soja, a produção de milho na 2ª safra de 2020 pode ficar mais exposta aos riscos climáticos. Para as agroindústrias de aves e suínos, um eventual problema na 2ª safra de 2020 tornaria ainda mais difícil a estratégia de suprimento de milho, principal insumo da ração. Para este começo de ano, grande parte da indústria já está abastecida de milho, mas o setor conta com a chegada da 2ª safra, que começa a ser colhida em maio, para conseguir um alívio nos custos de produção. Desde agosto do ano passado, o preço do milho vem subindo no mercado doméstico, em parte devido à forte demanda externa pelo grão brasileiro, o que obrigou companhias como a JBS a importar milho de países do Mercosul.
Em Mato Grosso, maior Estado produtor de milho do País, o preço está próximo do recorde nominal. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ressaltou ter recomendado que as indústrias associadas antecipassem a compra de milho para evitar problemas de abastecimento. A preocupação no momento é como a colheita da soja vai evoluir diante dessa perspectiva de chuvas. No momento, há condições para o plantio de milho em um período aceitável, ainda que numa janela mais curta, devido ao atraso no plantio da soja. O problema é se as chuvas forem constantes. Caso elas cheguem sem intervalos, poderá ter impacto para o milho. Até o dia 16 de janeiro, 1,8% da área de soja havia sido colhida, abaixo dos 6% registrados no mesmo período do ano passado. Segundo a Rural Clima, ainda é prematuro afirmar que as chuvas podem provocar um atraso ainda maior no plantio.
A capacidade dos produtores de recuperar as interrupções nos trabalhos no campo é alta. A janela ideal de plantio da 2ª safra de 2020 é até 22 de fevereiro. Nesse cenário de incertezas em relação 2ª safra de 2020, as indústrias de aves, suínos e de etanol de milho vêm acompanhando a situação junto ao governo. No dia 21 de janeiro, representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e de associações de produtores e indústrias se reuniram para discutir o abastecimento do grão. A reunião fez parte do grupo de monitoramento da oferta da commodity. No caso das carnes, cujos preços estão começando a arrefecer neste início de ano, após um pico estimulado pela demanda chinesa no fim do ano passado, a avaliação é que a alta do milho terá de ser repassada em alguma medida ao atacado e ao varejo, dando suporte aos preços. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.