ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Jan/2020

Tendência de preços firmes para o milho em 2020

A temporada 2019/2020 de milho deve se iniciar com disponibilidade restrita, num cenário de consumo doméstico crescente. A nova safra de verão (1ª safra 2019/2020) deve ficar em linha com a registrada em 2019, não conseguindo alterar de forma expressiva a disponibilidade interna no primeiro semestre. Assim, há fatores de sustentação de preços no curto prazo, o que tende a estimular o semeio da cultura na segunda safra e, consequentemente, a elevar a oferta no segundo semestre. Em termos globais, são esperadas reduções da produção, do consumo e dos estoques, o que reforça a perspectiva de sustentação de preços. O forte movimento de alta nos preços domésticos no último trimestre de 2019 estimulou os produtores a aumentarem a área semeada com milho safra de verão (1ª safra 2019/2020). Houve melhora nas relações de troca entre produtos e insumos nas principais regiões acompanhadas. Em relatório divulgado no dia 9 de janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra de verão (1ª safra 2019/2020) deva atingir 26,6 milhões de toneladas, 3,8% a mais que na temporada anterior, resultado do aumento de 1,1% na área e da expectativa de crescimento de 2,7% na produtividade.

O consumo interno é estimado em 68,13 milhões de toneladas, quantidade 6,6% superior ao da temporada passada e 12,8% acima da média das últimas três safras. Esse cenário se deve às maiores procuras por parte do setor pecuário e de novas usinas produtoras de etanol de milho do Centro-Oeste. A soma da produção do milho safra de verão (1ª safra 2019/2020) ao estoque de passagem, estimado até o momento pela Conab em 11,53 milhões de toneladas ao final de janeiro/2020, resulta em suprimento de 38,15 milhões de toneladas para o primeiro semestre. Este volume é equivalente a 56% do consumo doméstico no ano. Como comparação, na temporada passada, o volume dos estoques iniciais somado à produção do milho safra de verão (1ª safra 2018/2019) respondeu por 65% do consumo interno. Ou seja, na atual safra, o consumo interno deverá absorver percentual maior da produção de milho 2ª safra. Para a 2ª safra de 2020, por enquanto, a Conab mantém as estimativas de área da temporada anterior e a perspectiva de produtividade média de 5,5 toneladas por hectare.

Com isso, a produção do milho na 2ª safra de 2020 é estimada em 70,9 milhões de toneladas, redução de 3,1% frente à anterior. Caso as estimativas da Conab se concretizem, a produção total de milho deverá atingir 98,4 milhões de toneladas. Estimativas privadas sinalizam volume mais próximo de 100 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, após os problemas enfrentados no início da temporada, a semeadura de soja ganhou ritmo, ficando acima da média dos últimos cinco anos, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Apesar disso, a janela ideal de semeio de milho da 2ª safra de 2020 ainda preocupa parte dos agentes. Até o início de janeiro, o Imea indica que a área plantada no Estado deve crescer 2,36%, mas a produtividade pode cair 4,25%, o que resultaria em produção geral em 2020 de 31 milhões de toneladas, queda de 2% em relação à produção de 2018/2019.

A disponibilidade interna brasileira para a próxima safra (referente à soma de estoques iniciais, importação e produção) pode superar as 111 milhões de toneladas, quantidade 4,8% inferior à safra passada, mas ainda 4,6% superior à média dos últimos três anos. Este é um quadro favorável aos vendedores, uma vez que o excedente interno, que se refere à diferença entre a disponibilidade interna e o consumo, seria de 44,3 milhões de toneladas, quantidade 16% inferior à da temporada passada. Este volume estará disponível para exportação. Por enquanto, a Conab estima que 34 milhões de toneladas sejam embarcadas entre fevereiro/2020 e janeiro/2021. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção mundial seja de 1,11 bilhão de toneladas, redução de 1,04% em relação à temporada anterior. Essa diminuição é decorrente da menor produção nos Estados Unidos. O consumo deve somar 1,133 bilhão de toneladas, queda de 0,87%.

Quanto às transações internacionais, o USDA projeta aumento de 0,2%, indo para 172,3 milhões de toneladas. Por enquanto, a expectativa é de que o Brasil se consolide como segundo maior exportador, com 39,5 milhões de toneladas, seguido pela Argentina, com 33,5 milhões, e Ucrânia, com 30,5 milhões. Para os Estados Unidos, esperam-se que 48 milhões de toneladas sejam embarcadas. Com perspectivas de reduções na produção e no consumo, o estoque mundial deverá atingir 297,8 milhões de toneladas, quantidade 7% inferior à da temporada passada. Quando analisada a relação estoque final/consumo para a safra 2019/2020, observa-se redução frente à temporada passada, de 1,4%, para 26,2%, a menor relação desde a temporada 2013/2014, o que pode contribuir para a sustentação dos preços internacionais no médio prazo. Ainda para 2019/2020, o USDA estima redução de 2% na produção e na exportação da Argentina em relação à temporada passada. Esse cenário aliado ao aumento na tributação de exportações agrícola argentinas anunciado em meados de dezembro devem reduzir a competividade internacional do cereal do país vizinho e favorecer as exportações brasileiras nos próximos meses. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.