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13/Jan/2020

Tendência altista para o milho com oferta restrita

A tendência é altista para os preços do milho no Brasil, com futuros em alta em Chicago, quebras na 1ª safra de 2020 (verão) no Sul do País, redução na safra da Argentina, demanda interna para rações aquecida, queda dos estoques de passagem – decorrentes das exportações recordes em 2019 – e oferta interna mais restrita no 1º semestre deste ano. Em 2019, as exportações brasileiras de milho atingiram um recorde anual, de 43,2 milhões de toneladas, com alta de 89% sobre o ano anterior. A oferta interna no 1º semestre de 2020 atenderá 54% da demanda anual, contra 65% no 1º semestre de 2019. Haverá maiores riscos climáticos (frio precoce e geadas) para a 2ª safra de 2020, com 50% da área nos Estados do Centro-Sul (com exceção de MT) cultivada fora da “janela” considerada ideal. A oferta total estará mais dependente da 2ª safra e uma redução do potencial produtivo da mesma, somado à quebra esperada na 1ª safra, deverá reduzir os excedentes e as exportações brasileiras, com preços no interior acima da paridade de exportação.

Os preços de milho iniciaram o ano em alta na maior parte das regiões, sustentados pela baixa disponibilidade doméstica. Em São Paulo, o milho é negociado acima de R$ 50,00 por saca de 60 Kg, maior patamar nominal desde junho de 2016. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está cotado a R$ 51,50 por saca de 60 Kg, com alta de 6,9% nos últimos 30 dias e de 32,4% em 12 meses. As exportações seguem aquecidas, o que deve limitar ainda mais a oferta doméstica neste 1º trimestre de 2020. Além disso, os produtores estão afastados do mercado, atentos às lavouras, que podem registrar menor produtividade na safra de verão (1ª safra 2019/2020), sobretudo no Rio Grande do Sul. As altas mais intensas nas cotações são verificadas no Rio Grande do Sul. Nas regiões de Santa Rosa, Passo Fundo e Ijuí, os preços no mercado de balcão (pago ao produtor) registram alta nos últimos sete dias, respectivamente, 5,2%, 7,0% e 5,4%.

No geral, nos últimos sete dias, os aumentos são de 4,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 4,6% no mercado de balcão. Os aumentos em São Paulo só não foram maiores porque parte dos demandantes está afastada das aquisições, no aguardo do andamento da colheita em algumas regiões do Estado. Na B3, especulações quanto à real oferta nos próximos meses também impulsionam as cotações. Nos últimos sete dias, o contrato Janeiro/2020 registra avanço de 3,6%, a R$ 50,86 por saca de 60 Kg. O vencimento Março/2020 apresenta alta de 4,3%, indo para R$ 52,23 por saca de 60 Kg, e Maio/2020, 1,7%, para R$ 48,66 por saca de 60 Kg. Desde o início de dezembro, o baixo volume de chuvas vem atrasando o desenvolvimento das lavouras na Região Sul do País, o que pode reduzir a produtividade e levar a ajustes negativos nas estimativas.

As brasileiras, já somam 39,3 milhões de toneladas entre fevereiro/2019 e dezembro/2019, o dobro do volume embarcado no mesmo período de 2018. Estimativas têm sido reajustadas ao longo dos meses e deverão ser embarcadas 42 milhões de toneladas até o final de janeiro/2020. Com esse novo ajuste, o estoque inicial ao final de janeiro/2020 é estimado em 11,0 milhões de toneladas, quantidade 29% inferior ao do mesmo período da safra 2017/2018 e o menor desde 2016/2017. No caso da 2ª safra de 2020, há dúvidas se o plantio será realizado na janela ideal nas principais regiões do Centro-Oeste. No entanto, apesar do início tardio do plantio de soja, o clima permitiu o avanço rápido dos trabalhos de campo, o que ainda deve propiciar que o plantio de milho ocorra apenas com leves atrasos. Os baixos volumes de chuvas têm prejudicado as lavouras do Rio Grande do Sul, que estão em estágio avançado de desenvolvimento.

Até o dia 9 de janeiro, 5% do total da área estadual havia sido colhida, 2% acima do observado no ano passado. A irregularidade das chuvas em dezembro deve reduzir significativamente a produtividade em algumas áreas do Rio Grande do Sul. No Paraná e em São Paulo, os produtores relatam que o desenvolvimento e a colheita seguem ocorrendo bem, com apenas pontuais paralisações diante de chuvas. No Paraná, até o dia 6 de janeiro, a maior parte das lavouras estava em boa condição, sendo que 8% já em estado de maturação. Na Argentina, o clima desfavorável tem deixado os produtores atentos a possíveis impactos sobre a produtividade. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o momento, 5,5 milhões de hectares já foram implantados, o que representa 88,2% da área nacional estimada para a safra 2019/2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.