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08/Jan/2020

Tendência de preços sustentados no 1º semestre

O ano de 2019 foi excepcional para o milho no Brasil, com produção, faturamento e exportações recordes, e o produtor continuará se beneficiando desses resultados ao longo do primeiro semestre de 2020. Os fundamentos são positivos para os preços. A China deve seguir importando bons volumes de carnes de frango, suína e bovina do Brasil enquanto se recupera do surto de peste suína africana (PSA), que reduziu em 40% seu plantel, o que impulsiona o consumo de milho no Brasil para alimentar as criações. Além disso, há perspectiva de melhora mais acentuada da economia brasileira e do nível de emprego, estimulando aquisições maiores de proteína animal e, mais uma vez, a necessidade do grão. Os importadores de milho devem manter a demanda em 2020, embora não necessariamente na mesma proporção de 2019. Mesmo com a China reduzindo sua necessidade de soja e milho por causa do surto de peste suína africana, há vários países que estão aumentando a própria produção de carne e precisam importar o grão para alimentar o rebanho, como por exemplo Japão, México e Irã, importantes destinos da commodity brasileira.

Outro setor a entrar de maneira mais intensa na disputa pelo grão em 2020 são as usinas de etanol. Por mais que o consumo de milho para etanol ainda seja pequeno, há no País várias indústrias sendo construídas e que em breve entrarão em funcionamento. Um exemplo é a planta da FS Bionergia instalada em Sorriso (MT). A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontava, em 17 de dezembro, que a produção de etanol de milho deve crescer 89,53% na safra 2019/2020 ante 2018/2019 no Centro-Sul do País, para 1,5 bilhão de litros. Até 20 de dezembro, a produção já havia alcançado 951,9 milhões de litros nesta safra. Todos esses setores deverão disputar não só um estoque de passagem encolhido, de cerca de 13 milhões de toneladas, conforme números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas também uma safra total de milho 1,6% menor em 2019/2020, de 98,4 milhões de toneladas. O recuo se dará principalmente na 2ª safra de 2020, já que a safra de verão (1ª safra 2019/2020) pode ter volume 2,6% maior, de 26,31 milhões de toneladas, também na projeção de dezembro da Conab.

Os dados de consumo interno do grão devem dar um salto em 2020, para até 70 milhões de toneladas, puxados pelos segmentos de aves e suínos. O Brasil saiu de 58 milhões de toneladas de consumo interno de milho em 2017 para 70 milhões em 2020. Soma-se este volume ao que se prevê em exportações, de 35 milhões de toneladas, o total necessário seria de 105 milhões de toneladas de milho em 2020, um conta apertada se os números se confirmarem. A 2ª safra de 2020 ainda é uma incógnita. O plantio, que se inicia por volta de fevereiro, logo após a colheita de soja, pode atrasar em algumas regiões, aumentando o risco climático. O atraso se dará porque a semeadura da soja também enfrentou obstáculos, sobretudo em Mato Grosso do Sul e Goiás, e empurrou a janela do milho 2ª safra para a frente. Até o momento, a Conab prevê uma 2ª safra 2020 3,1% menor (70,93 milhões de toneladas). Embora a previsão seja de aumento de área por causa dos preços firmes de 2019, o clima ainda é fundamental para o resultado. Se a 2ª safra de 2020 for semeada fora da janela ideal o risco é muito grande.

Em relação aos preços, a expectativa é pela definição da oferta brasileira e mundial. Em abril/maio, os Estados Unidos vão plantar uma safra nova e a expectativa é de aumento de área, o que faria com que os norte-americanos tivessem mais grãos para exportar. De todo modo, a perspectiva é de sustentação de preços pelo menos no início de 2020 por causa da escassez do grão no País. Depois, esses outros fatores devem influenciar. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), o início de 2020 será desafiador para os consumidores de milho no Brasil. O preço vai estar alto, os estoques menores, principalmente em janeiro. Esse cenário deve se prolongar no primeiro semestre. Em relação ao segundo semestre, depende do andamento da 2ª safra de 2020. Existe ainda a possibilidade de que Estados Unidos e China concluam o acordo comercial, após quase dois anos de discussão. Se eles fizerem algum acordo no segmento de carne suína, por exemplo, isso pode afetar as exportações brasileiras da proteína e, consequentemente, o consumo interno de milho. A China não é grande importadora do grão, daí o efeito indireto. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.