07/Jan/2020
A negociação de milho no Brasil deve ganhar força nesta semana, com o retorno de compradores e vendedores que estavam afastados do mercado até o fim da semana passada devido aos recessos de final de ano. Os vendedores seguem atentos às perdas projetadas para a safra de verão (1ª safra 2019/2020) do Rio Grande do Sul, que podem reduzir ainda mais a oferta no começo de 2020 após a exportação de 45,5 milhões de toneladas em 2019. Os compradores, por outro lado, aguardam a chegada da safra de verão e apostam que alguns lotes da 2ª safra de 2019 podem chegar ao mercado para esvaziar armazéns antes da colheita da soja.
Em Goiás, na região de Rio Verde, a negociação está travada. A indicação nominal de compra é de R$ 43,50 por saca de 60 Kg, para retirada e pagamento imediatos. Os preços estão firmes por causa da falta de disponibilidade de produto. Grande parte da 2ª safra de 2020 deve ser semeada fora do período ideal em consequência dos atrasos na soja. No Paraná, o mercado segue travado. Na região norte do Estado, os compradores ainda não voltaram ao mercado. Na região dos Campos Gerais, a indicação de compra está entre R$ 43,00 e R$ 44,00 por saca de 60 Kg, para entrega em fevereiro e pagamento em março. Os compradores e vendedores que estavam ausentes tendem a voltar ao mercado.
Grandes indústrias já adquiriram lotes para janeiro, mas ainda é uma incógnita como ficarão importações da Argentina após o aumento das retenciones. O mercado monitora os efeitos do clima seco e quente no Rio Grande do Sul sobre a safra de milho. A expectativa era de que Estado seria o maior produtor de milho na safra de verão (1ª safra 2019/2020), com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetando 5 milhões de toneladas, mas já há reportes de quebras, o que pode provocar aperto no estoque no País. O agravamento das tensões entre Irã e Estados Unidos desperta dúvidas sobre dificuldades de outros países fora os Estados Unidos em exportar produtos agrícolas para o Irã.
Caso os Estados Unidos pressionem por mais sanções internacionais ao país persa, essas exportações podem ser prejudicadas, com efeito sobre os estoques mundiais. No caso do Brasil, o efeito poderia ser sentido no milho. No acumulado de 2019 até novembro, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 5,108 milhões de toneladas de milho para o Irã. Se a situação se deteriorar, pode ser negativo para o Brasil. Apesar de o milho ser um dos destaques da pauta exportadora do Brasil para o Irã, produtos alimentícios ou médicos devem continuar fora das sanções internacionais. Contudo, penalizações mais agressivas relacionadas ao sistema bancário e ao acesso a combustíveis podem dificultar o fluxo comercial.