11/Dez/2019
Os produtores que acompanharam as flutuações de mercado e abateram seus custos nos primeiros contratos, mantendo reserva do cereal, se beneficiaram coma a alta na cotação da saca de 60 Kg, que chegou com força total no segundo semestre. Só em novembro, a alta foi de até 14% no preço do milho para pagamento à vista em algumas das principais regiões brasileiras. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) apontou, em 4 de dezembro, o valor de R$ 47,68 por saca de 60 Kg, ante R$ 35,98 por saca de 60 Kg em igual data do ano passado. Desde os primeiros efeitos de mercado provocados pelo surto de peste suína africana na China (PSA), observados no início de 2019, muitos produtores previram que isso afetaria de alguma forma na produção agropecuária brasileira, tanto de carnes quanto de insumos.
Em função da procura da China, os preços das carnes subiram muito e isso demandou uma corrida no mercado interno para garantir o milho, principal ingrediente das rações de suínos, aves e de bovinos de confinamento. Além da demanda doméstica aquecida, o mercado também vem avaliando que o aumento nas exportações de milho em 2019 (em torno de 25% acima do previsto) e a expectativa de queda na produção na 2ª safra de 2020, pelo atraso do plantio da soja em estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás. Esses fatores colaboraram decisivamente para a alta do cereal. Em alguns municípios de Mato Grosso do Sul, a intenção de plantio da 2ª safra de 2020, que é tímida, reforça a tendência de preços firmes ao longo do ano.
As chuvas demoraram a chegar e atrasaram a semeadura da soja. Com isso, a janela para o milho ficou curta. Nos municípios de São Gabriel do Oeste, Jaraguari e Coxim, o produtor que não semear até fevereiro corre riscos. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), há preocupação com o quadro do milho para 2020. Grandes estados produtores como Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul sofreram atrasos consideráveis no plantio da soja. Em Mato Grosso, o maior produtor, isso não ocorreu, mas há uma previsão de que pelo menos 10% de todo o milho seja destinado para a produção de etanol. Diante disso e de outros fatores, pode faltar milho no ano que vem no Brasil.
Apesar de um incremento de 6% na área de cultivo de soja (perto de 3,1 milhões de hectares) em relação à safra 2018/2019 em Mato Grosso do Sul, aproximadamente 30% foram de semeadura tardia e o Estado terá sua 2ª safra de milho 2020 reduzida em comparação ao recorde de 12,16 milhões de toneladas de 2019. Existe a possibilidade de que esta queda fique em torno de 30%. Até meados de novembro, com o milho na casa de R$ 35,00 por saca de 60 Kg em Mato Grosso do Sul, a Aprosoja-MS registrava negócios ainda tímidos no mercado. Mas, a partir dos primeiros dias de dezembro, com o valor chegando a R$ 40,00 por saca de 60 Kg, a negociação ganhou ritmo. Para o mês de janeiro, já há indicação de R$ 42,00 por saca de 60 Kg.
É importante salientar que não há qualquer previsão para o teto de preço. Assim, não adianta ficar esperando cotação mais alta. O certo é efetivar o lucro assim que se obtenha a margem esperada. Outra possibilidade é vender no mercado futuro. O estoque final (de passagem) da safra de milho deve entrar 2020 com o menor volume dos últimos 14 anos: 10,57 milhões de toneladas. O montante é bem inferior aos 13,84 milhões de toneladas de 2018 e dos mais de 15 milhões de toneladas de 2017. É o menor estoque desde 2006. Para 2020, os fundamentos de mercado trazem expectativas de preços firmes e de alta, sobretudo no primeiro semestre, período de impacto de clima e de menor disponibilidade interna.
Considerando a safra de verão (1ª safra 2019/2020) e 2ª safra de 2020, as previsões de queda na produção não são tão alarmantes. A estimativa é de que a safra deve atingir 98,37 milhões de toneladas, cerca de 2% a menos do que os 100,05 milhões de toneladas registradas no último ciclo. A pressão deve vir do consumo interno, 68,13 milhões de toneladas (2019/2020) contra 63,91 milhões de toneladas (2018/2019) e das exportações, cujas previsões iniciais para 2020 são de 35 milhões de toneladas, mas que podem ser revisadas para cima como está ocorrendo em 2019, ano que deve bater em 40 milhões de toneladas, superando largamente os primeiros números de 32 milhões de toneladas projetados para as vendas externas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.