29/Out/2019
Em franca recuperação após a quebra da 2ª safra no ano passado, as exportações brasileiras de milho mantêm um ritmo forte e caminham para um novo recorde. E no momento, como o cereal colhido na última safra de inverno está mais competitivo, os embarques estão inclusive afetando o fluxo de escoamento dos Estados Unidos, que já começaram a exportar a produção desta temporada 2019/2020. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), de 1º de setembro, início da atual safra norte-americana, até 21 de outubro, as vendas de milho do país ao exterior somaram 3 milhões de toneladas, 5 milhões de toneladas a menos que no mesmo período do ciclo 2018/2019. Enquanto isso, os embarques brasileiros alcançaram 9,1 milhões de toneladas do início do mês passado ao último dia 19, aumento de 3,5 milhões de toneladas na comparação anual.
Esse movimento era esperado, uma vez que os Estados Unidos ganharam mercado no ano passado com as quebras de produção no Brasil e Argentina, que agora estão recuperando seu espaço. Além disso, a colheita norte-americana está atrasada, o que ainda é motivo para o adiamento de algumas entregas, e há uma tendência de crescimento da demanda por milho nos Estados Unidos para a fabricação de etanol. Com isso, para toda a safra atual o USDA estima que os embarques de milho dos Estados Unidos alcançarão 48,3 milhões de toneladas em 2019/2020, 8% menos que em 2018/2019. Mas o país continuará a liderar as exportações, embora o volume brasileiro em 2018/2019 deva crescer 62%, para 39 milhões de toneladas. Será um novo recorde histórico para o milho do Brasil, onde a colheita superou 100 milhões de toneladas em 2018/2019. O cenário é muito favorável para as exportações brasileiras.
As vendas deverão totalizar 5,7 milhões de toneladas em outubro - foram 3,4 milhões de toneladas até o dia 19 - 128% acima de outubro de 2018. Os principais clientes do grão brasileiro atualmente são Irã e Japão. O câmbio também teve um papel importante para o aumento das exportações brasileiras. Os preços internacionais não estão no ápice, mas o Brasil consegue ser competitivo e as tradings conseguem oferecer um valor atrativo ao produtor. Os preços domésticos acumulam cinco semanas consecutivas de altas. Os produtores aproveitaram essa conjunção positiva para acelerar as vendas antecipadas. Em Mato Grosso, os produtores do Estado venderam 42% da colheita total esperada para a safra 2019/2020 (31,6 milhões de toneladas) até outubro, ante 29% há um ano. Da colheita do ciclo 2018/2019, 93% já foi negociada, ante a 85% em outubro de 2018.
Mato Grosso lidera a produção brasileira de milho, graças à força da safra de inverno no Estado. Os produtores brasileiros aproveitaram o momento de incerteza em relação à safra norte-americana e as cotações em Chicago. O ânimo dos produtores diante desse cenário deve levar a um aumento da área da 2ª safra de 2019/2020. Como a produtividade deverá voltar ao patamar habitual para a cultura, a perspectiva é de uma safra similar a 2018/2019 neste ciclo, próxima das 100 milhões de toneladas (somadas as safras de verão e de inverno). Os embarques, no entanto, não deverão repetir o desempenho projetado para este ano, em parte por causa da maior demanda doméstica para a produção de carnes - na esteira do aumento de demanda que deve continuar a ser gerado pela Peste Suína Africana (PSA) na Ásia – e, também, para a fabricação de etanol. O mercado interno estará mais aquecido. Somente a abertura de 1 nova unidade de produção em Sorriso deverá ampliar a demanda em 1 milhão de toneladas. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.