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11/Set/2019

Japão pode não comprar grande volume dos EUA

A expectativa de que o Japão compre uma parcela significativa do excedente de milho dos Estados Unidos dificilmente vai se concretizar. No fim de agosto, após se reunir com o primeiro-ministro do Japão, durante a reunião de cúpula do G7 na França, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que as compras japonesas de milho totalizariam "centenas de milhões de dólares". O Japão estava sofrendo com uma infestação da lagarta do cartucho, o que exigia uma aceleração das importações. Porém, o problema não é tão sério a ponto de afetar a demanda japonesa. Segundo o Ministério da Agricultura do Japão, se os danos não forem muito grandes, o volume de compras não vai mudar muito. Os preços de milho na Bolsa de Chicago acumulam perda de 22% desde meados de julho, em parte por causa da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China. Embora a China não esteja entre os maiores compradores de milho norte-americano, a forte queda das compras chinesas de soja ao longo do último ano levou a uma migração de parte da área de soja para o milho.

O Japão é o segundo maior importador de milho norte-americano, que representa cerca de 95% do milho importado usado em ração animal no país. Porém, as importações japonesas somam apenas 11 milhões de toneladas por ano. Mesmo se essas compras aumentassem substancialmente, não reduziriam muito os estoques dos Estados Unidos, que devem terminar a temporada 2018/2019 em cerca de 60 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). As compras de milho foram anunciadas junto com um acordo mais amplo, em que o governo do Japão concordou em reduzir tarifas sobre produtos agrícolas como carne suína e bovina e os Estados Unidos concordaram em não elevar tarifas sobre automóveis japoneses. Donald Trump vinha ameaçando elevar tarifas sobre carros japoneses para reduzir um déficit comercial de quase US$ 70 bilhões com o Japão. Grupos como a Associação Nacional de Produtores de Milho dos Estados Unidos e a Federação Agrícola Americana comemoraram o acordo.

Sem ele, os produtores norte-americanos ficariam em desvantagem em relação a concorrentes na Parceria Transpacífica (TPP), um acordo assinado no ano passado pelo Japão e outros dez países. Os Estados Unidos deixaram a TPP em 2017. O Japão quer evitar tarifas mais altas sobre automóveis e autopeças do país, que afetariam seriamente a indústria automobilística local. O Japão também quer que os Estados Unidos reduzam tarifas sobre bens industriais japoneses. Os Estados Unidos não tiveram muito sucesso em algumas tentativas de obter vitórias comerciais para seus agricultores. Donald Trump anunciou anteriormente acordos em que México e China comprariam mais produtos agrícolas norte-americanos, mas essas compras não se materializaram. Agora, o acordo comercial com o Japão inclui um programa de compra de milho que pode não acontecer em larga escala.

A lagarta do cartucho, que ataca lavouras de milho, foi observada pela primeira vez no sul do Japão em julho. Em 6 de setembro, tinha se espalhado para 17 das 47 províncias do país, de acordo com o Ministério da Agricultura. Os danos estão se espalhando rapidamente. No entanto, os danos foram observados principalmente em regiões do sul do país, que são responsáveis apenas por uma pequena parcela da produção de milho. As lagartas ainda não chegaram à ilha de Hokkaido, no norte do país, que produz cerca de 60% do milho do Japão. Segundo a Universidade de Tóquio, não é um problema sério. O Japão pode acabar comprando mais milho dos Estados Unidos somente para evitar a fúria de Donald Trump. O Japão foi colocado em uma posição em que precisa atender a todos os pedidos, por causa da ameaça de uma tarifa de 25% sobre os carros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.