10/Jun/2019
A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com as fortes quebras que já começam a ser projetadas para a safra norte-americana 2019/2020, bons volumes exportados pelo Brasil entre janeiro e maio e bom ritmo de embarques previstos para os próximos meses. Nesta terça-feira (11/06), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará o relatório mensal de oferta e demanda, provavelmente, já apontando volumes números menores para a safra 2019/2020 dos Estados Unidos. A continuidade das adversidades climáticas e das dificuldades enfrentadas pelas lavouras norte-americanas já permitem projetar perdas, embora ainda não seja possível mensurar a proporção das mesmas e nem o tamanho do impacto sobre os preços futuros. As projeções preliminares apontam para uma área de milho nos Estados Unidos de 35,5 milhões de hectares, contra a intenção inicial de 37,6 milhões de hectares, ou seja, uma perda de, pelo menos, 2 milhões de hectares. Isso geraria, no mínimo, uma quebra de 20 milhões a 25 milhões de toneladas. A área final pode cair para até 33,5 milhões de hectares, o que resultaria em uma perda maior de área, de mais de 4 milhões de hectares e com quebras superiores a 40 milhões de toneladas.
No curto prazo, os preços estão contidos no mercado brasileiro, com o recuo do dólar e a entrada da oferta da 2ª safra, em grandes volumes. Após o forte movimento de alta nos preços verificado na segunda quinzena de maio, o enfraquecimento da demanda tem limitado as elevações neste início de junho e até mesmo pressionado os valores em algumas regiões. Os compradores se mostram abastecidos e, por isso, postergam novos negócios, ao menos no curto prazo, à espera da entrada efetiva do milho da 2ª safra de 2019. Do lado da oferta, o avanço da colheita nas principais regiões produtoras eleva a disponibilidade interna e pressiona as cotações. Alguns vendedores, no entanto, aguardam maior definição sobre a safra norte-americana. Diante do histórico atraso no semeio de milho nos Estados Unidos, esses vendedores mantêm a expectativa de aumento das exportações brasileiras e, consequentemente, de novas reações nos preços internos. Nos últimos sete dias, no mercado spot, há houve estabilidade no mercado de balcão (preço ao produtor).
O Indicador ESALQ/BM&F (região de Campinas - SP), está cotado a R$ 37,38 por saca de 60 Kg. Na região dos portos, os preços registram queda nos últimos sete dias. A pressão vem da desvalorização do dólar e da queda nos valores externos. Nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), as baixas nos últimos sete dias são de 2,8% e de 4,8%, respectivamente, a R$ 37,07 por saca de 60 Kg e a R$ 36,94 por saca de 60 Kg. Na B3, os contratos em aberto também registram queda. O contrato de Julho/2019 apresenta desvalorização de 2,8% nos últimos sete dias, cotado a R$ 37,20 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Setembro/2019 e Novembro/2019 estão cotados a R$ 37,08 por saca e 60 Kg e a R$ 38,10 por saca de 60 Kg, respectivamente, com desvalorizações de 5,6% e de 5,1%, nesta ordem. No corredor de exportação, os line up do Porto de Paranaguá seguem com volumes elevados. Até o dia 24 de junho, a programação de novos embarques já totalizava 990 mil toneladas.
Em maio, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostraram que o Brasil exportou 1,03 milhão de toneladas, volume 142% superior ao de abril e recorde para um mês de maio. Os maiores destinos do cereal brasileiro são Irã e países do Oriente Médio. Merece destaque que, nos últimos dias, países asiáticos e México mostraram maior interesse no cereal brasileiro. A maior demanda internacional pelo cereal brasileiro tem sido reflexo principalmente das preocupações com o clima adverso nos Estados Unidos. Além disso, os preços brasileiros estão competitivos. Em maio, o primeiro contrato em aberto na B3 esteve 4,5% inferior ao primeiro contrato negociado na Bolsa de Chicago, ao passo que, no mesmo mês de 2018, os valores no Brasil superavam em expressivos 24% os negociados na bolsa norte-americana. Nesse cenário, muitos exportadores têm focado nas negociações para entregas nos próximos meses. Para entrega no Porto de Paranaguá (PR) em agosto, as indicações de compradores e de vendedores variam de R$ 36,00 a R$ 40,00 por saca de 60 Kg.
A colheita precisou ser interrompida pontualmente no último final de semana em São Paulo e no Paraná, mas, desde então, o clima mais seco em boa parte do País (especialmente na Região Centro-Oeste) favorece os avanços das atividades. A colheita no Paraná está adiantada frente ao mesmo período do ano passado, alcançando 6% da área estadual até o dia 3 de junho. Em Mato Grosso, a atividade continua em bom ritmo, com 3,5% da área colhida. A nova estimativa de produtividade para a temporada 2018/2019 saltou 3,7%, para 107 sacas de 60 quilos por hectare, o que resultaria em produção estadual recorde de 30,4 milhões de toneladas. As melhoras foram observadas nas regiões nordeste e sudeste do Estado. Esse incremento está atrelado ao clima favorável e ao semeio realizado no período ideal. Na Argentina, a colheita segue em ritmo mais lento, completando 39,3% da área nacional no dia 6 de junho. Os maiores avanços continuam nas regiões de Córdoba e Buenos Aires.
Quanto às lavouras de milho nos Estados Unidos, continuam com o plantio atrasado. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área plantada no país até o final de maio chegou a 67%, 29% abaixo da média dos últimos cinco anos (2014/2018). Vale lembrar que a janela ideal de plantio terminou oficialmente no dia 5 de junho. Apesar do clima adverso nos Estados Unidos, as cotações externas também apresentam queda nos últimos sete dias, pressionadas por preocupações com a demanda pelo cereal. Isso porque, após as taxações impostas pelos Estados Unidos para a China, agora, o México também poderá ser taxado, em 5%. Vale lembrar que o México é o segundo maior importador de produtos agrícolas dos Estados Unidos. Além disso, o USDA indicou em relatório semanal que os cancelamentos nos embarques de milho na semana passada foram maiores que as vendas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2019 registra queda de 3,6% nos últimos sete dias, indo para US$ 4,20 por bushel. Os contratos do segundo semestre apresentam quedas de 3,5% e 3%, com Setembro/2019 e Dezembro/2019 cotados a US$ 4,29 por bushel e US$ 4,38 por bushel. Fontes: Cepea, Broadcast Agro e Cogo Inteligência em Agronegócio.