07/Jun/2019
Milhões de hectares que seriam dedicados ao milho devem deixar de ser cultivados nesta primavera nos Estados Unidos, uma vez que o clima úmido persistente coloca os agricultores diante de uma escolha difícil: se arriscar ou não em uma tentativa de cultivar o cereal. Chuvas fortes e constantes nos últimos dois meses deixaram os campos saturados durante o período de plantio de milho - normalmente, a maior cultura dos Estados Unidos em termos de área plantada. Produtores em Estados que foram afetados pelas chuvas agora devem decidir se vão migrar para culturas menos rentáveis, acionar o seguro para os campos não semeados e possivelmente ganhar menos dinheiro ou se arriscar no plantio de milho, que pode não ter tempo suficiente para uma maturação completa. O clima extremo impõe mais um desafio aos agricultores, fornecedores de sementes e produtos químicos e fabricantes de tratores.
As disputas comerciais com os principais importadores de alimentos dos Estados Unidos, como México e China, reduziram os preços dos grãos, pressionando ainda mais a renda dos agricultores, após vários anos de colheitas abundantes. O mais chuvoso período de 12 meses já registrado nos Estados Unidos continentais significa que produtores de milho tinham semeado apenas 67% da área total prevista até a última segunda-feira (03/06), muito abaixo da média dos últimos cinco anos para esta época do ano, de 96%, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Enquanto alguns produtores apostam em um plantio tardio que pode render apenas uma fração de uma safra típica, muitos vão recorrer ao seguro agrícola, que é pago quando agricultores não conseguem plantar dentro de um prazo preestabelecido. Os produtores também estão pressionando o USDA a cumprir a promessa de outro pacote de ajuda para perdas resultantes de disputas comerciais e possíveis recursos para danos causados por desastres.
No ano passado, o governo Trump direcionou US$ 12 bilhões para o setor agrícola dos Estados Unidos, para ajudar agricultores que foram prejudicados por tarifas retaliatórias impostas por países como China e México sobre grãos, carnes e produtos lácteos dos Estados Unidos. Os agricultores podem buscar neste ano uma cobertura de seguro para uma área entre 2 milhões a até 6 milhões de hectares que seria semeada com milho, provavelmente ultrapassando o recorde de 1,46 milhão de hectares de safra 2013. A Federação Agrícola Norte-Americana estima que cada 4,05 milhões de hectares não plantados representariam 50,8 milhões de toneladas de milho a menos nos Estados Unidos. O tempo para solicitar o seguro terminou na quarta-feira (05/06). Essa cobertura de seguro geralmente não corresponde aos ganhos que um agricultor atingiria com um cultivo médio. Por um acre que renderia cerca de US$ 800 em cultivo de milho neste ano, uma apólice típica de seguro agrícola pagaria aproximadamente US$ 368, de acordo com estimativas da Universidade de Illinois.
Plantar quando o solo está muito úmido ou saturado pode sufocar as sementes que precisam de oxigênio para germinar. O solo úmido também pode apodrecer as culturas emergentes e formar uma crosta muito dura para os brotos penetrarem. Mesmo que os agricultores tenham um plantio tardio, o milho pode não ter amadurecido completamente no momento das primeiras geadas do outono, produzindo rendimentos 20% ou mais abaixo da média. O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, disse que o USDA está avaliando se um pacote de ajuda de US$ 16 bilhões para agricultores que enfrentam preços mais baixos por causa das tarifas poderá ser usado também para ajudar os produtores afetados pelo clima. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.