27/Mai/2019
Com a escalada do dólar e a forte reação das cotações futuras na Bolsa de Chicago, nem a colheita da 2ª safra no Brasil é suficiente para interromper a tendência altista que se acentua no mercado interno de milho e que deve persistir no curto e no médio prazos. Em Chicago, ocorreram fortes valorizações para os preços internacionais do milho. A semana fechou com o vencimento julho/2019 cotado a US$ 4,04 por bushel, setembro/2019 a US$ 4,12 por bushel e dezembro/2019 a US$ 4,19 por bushel. Os preços do milho subiram 4% somente na sexta-feira, com os futuros de julho chegando a US$ 4 por bushel pela primeira vez em um ano. Na semana, os ganhos atingiram 5,5%. O mercado está antecipando uma produção moderadamente menor este ano, depois que o progresso do plantio continua a ficar significativamente mais lento do que o normal.
O Cinturão do Milho está enfrentando muita umidade, com mais precipitações esperadas em grande parte dos Estados Unidos até o final do mês, de acordo com o mais recente mapa de precipitação acumulada da NOAA. Além disso, a NOAA também está prevendo um verão mais úmido que a média. Até o início de maio, as boas projeções para a temporada 2018/2019 vinham pressionando as cotações de milho. Nesta segunda quinzena do mês, a retração vendedora e a demanda mais aquecida passaram a dar suporte aos preços, que estão em ritmo de recuperação. Nos portos, os valores também estão em alta. Neste caso, as recentes altas do dólar frente ao Real, as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, as dificuldades no semeio norte-americano e a disponibilidade elevada no Brasil favorecem as exportações nacionais. Nos últimos sete dias, os valores registram alta de 3,2% no mercado de balcão (ao produtor) e de 2,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) apresenta expressivo avanço de 4%, cotado a R$ 35,66 por saca de 60 Kg. No Porto de Paranaguá (PR), o preço do milho disponível acumula alta de 8,5% na parcial do mês. Os negócios para entrega futura efetivados até o dia 23 de maio, para embarques no Porto de Paranaguá nos meses de junho e julho de 2019, tem média de R$ 37,00 e R$ 39,00 por saca de 60 Kg, respectivamente. Esses valores estão acima dos observados em Campinas (SP) e na B3, sinalizando perspectiva de envios aquecidos. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na parcial de maio (12 dias úteis), foram embarcadas 461 mil toneladas de milho, volume 8 vezes superior ao exportado em todo o mês de 2018. Para os próximos dias, os line-ups em Paranaguá indicam que, entre esta semana e a primeira de junho, o total do cereal embarcado pode superar as 500 mil toneladas, quantidade bastante expressiva para o período.
Nos Estados Unidos, as enchentes e as chuvas observadas nos últimos dias têm atrasado consideravelmente os trabalhos de campo. Relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que a área plantada chegou a 49% até o dia 19 de maio, avanço semanal de 19%, mas 31% abaixo da média dos últimos cinco anos (2014/2018). No Brasil, a colheita da 2ª safra de 2019 avança, apesar de estar no começo, com 3% no Paraná e 1,3% em Mato Grosso, e confirma a boa produtividade. O clima tem favorecido os trabalhos nesses estados. A comercialização da safra também está adiantada. No Paraná, até meados de maio, 17% do milho 2ª safra de 2019 safra havia sido negociada, contra 14% há um ano. Em Mato Grosso, 62,3% da safra 2018/2019 teria sido negociada até o início de maio, contra 57,2% da temporada 2017/2018. Na Argentina, a colheita de milho segue em bom ritmo, com avanço de 2,1% na comparação com a semana anterior, atingindo 36,1% da área cultivada até o dia 18 de maio. O avanço da colheita está concentrado nas áreas de Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.