16/May/2025
A cientista brasileira Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, foi premiada com o Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize), reconhecido como o "Nobel" da Agricultura, informou a Embrapa. A pesquisadora, que atua na Embrapa desde 1982, é reconhecida por sua contribuição científica no desenvolvimento de insumos biológicos para a agricultura. "É uma grande honra, um reconhecimento mundial. Acredito que minha principal contribuição para mitigar a fome no mundo tenha sido minha persistência de que a produção de alimentos é essencial, mas deve ser feita com sustentabilidade. Foi uma vida dedicada à busca por altos rendimentos, mas via uso de biológicos, substituindo parcial ou totalmente os fertilizantes químicos", afirmou a pesquisadora.
O anúncio de sua nomeação ocorreu na terça-feira (13/05) e a cerimônia de premiação da edição de 2025 será em 23 de outubro, em Des Moines (EUA), na sede da Fundação World Food Prize, nos Estados Unidos. O prêmio foi criado pelo Nobel da Paz de 1970, Norman Borlaug, conhecido como "pai da revolução verde". Com essa premiação, existe também o reconhecimento do empenho da pesquisa brasileira rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável, favorecendo nossa imagem no exterior. A pesquisa foi concentrada na abordagem de "produzir mais com menos" (menos insumos, menos água, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental), voltada a uma agricultura regenerativa. Hoje, há uma crescente demanda global por maior produção e qualidade de alimentos, mas com sustentabilidade, reduzindo a poluição do solo e da água e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.
A cientista se dedica há mais de 40 anos ao desenvolvimento de tecnologias em microbiologia do solo, que permitem melhores produtividades nas lavouras e mitigação de impactos ambientais. A ênfase das suas pesquisas tem sido no aumento da produção e na qualidade de alimentos por meio da substituição total ou parcial de fertilizantes químicos por microrganismos portadores de propriedades como fixação biológica de nitrogênio (FBN), síntese de fitormônios e solubilização de fosfatos e rochas potássicas. Hungria é reconhecida sobretudo pela pesquisa de fixação biológica de nitrogênio (FBN) para a cultura da soja, que reduz significativamente o uso de fertilizantes nitrogenados. Estima-se que o uso da tecnologia de inoculação na soja com bactérias fixadoras de nitrogênio gerou economia de US$ 25 bilhões em 2024 na produção de soja em virtude da menor necessidade de adubos químicos.
A estimativa considera a área de soja plantada no País, a produção da oleaginosa e o custo do fertilizante (ureia) que seria necessário para a produção. Essa tecnologia evitou, em 2024, a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. De acordo com a Embrapa Soja, hoje, a inoculação da soja é adotada anualmente em aproximadamente 85% da área total cultivada de soja no País, cerca de 40 milhões de hectares. É a maior taxa de adoção no mundo. A pesquisadora também coordena pesquisas que contribuíram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) e coinoculação para a cultura do feijoeiro, Azospirillum brasiliense para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias.
Em 2021, a sua equipe lançou uma tecnologia que permite a redução de 25% na adubação nitrogenada de cobertura em milho por meio da inoculação com A. Brasilens. O Prêmio Mundial de Alimentação foi criado em 1986. O pesquisador laureado recebe US$ 500 mil e uma escultura projetada pelo artista e designer Saul Bass. Três brasileiros já foram agraciados com o prêmio: Edson Lobato e Alysson Paulinelli dividiram o prêmio em 2006 com o colega estadunidense A. Colin McClung, pelo trabalho no desenvolvimento da agricultura no Cerrado; e em 2011, dois ex-presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e John Kufuor, de Gana, foram os escolhidos pela sua atuação no combate à fome como chefes de governo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.