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15/May/2025

Bioinsumos: Vittia divulga resultado do 1º trimestre

A Vittia encerrou o primeiro trimestre de 2025 com receita líquida de R$ 137,8 milhões, alta de 13,4% em relação a igual período do ano passado. Apesar do avanço, a companhia reverteu o lucro registrado no 1T24 e teve prejuízo líquido de R$ 2 milhões entre janeiro e março deste ano. O desempenho negativo ocorreu em meio à mudança no mix de vendas, com maior participação de produtos de menor valor agregado. O lucro bruto caiu 4,5% no período, para R$ 42 milhões, e a margem bruta recuou 5,7 pontos porcentuais, para 30,5%. O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 6,9 milhões, crescimento de 0,5% ante igual intervalo de 2024. A margem Ebitda ajustada caiu de 5,6% para 5,0%. Segundo a administração da empresa, o crescimento foi impulsionado pela maior participação de produtos de menor valor agregado. A empresa destacou que, mesmo com o aumento da receita, o lucro bruto teve ligeira retração em função do mix de vendas.

A companhia também informou que manteve controle sobre despesas e disciplina financeira no trimestre. A Vittia adotou uma nova segmentação operacional no trimestre, com três frentes de reporte: fertilizantes de solo, fertilizantes foliares e produtos industriais e soluções biológicas e naturais. A mudança não afetou as comparações, pois os dados do ano anterior foram reclassificados. O principal crescimento ocorreu na linha de fertilizantes de solo, com receita de R$ 29,2 milhões, alta de 55,2%. O avanço foi atribuído à demanda antecipada da linha micro de solo para a safra 2025/2026. Fertilizantes foliares e produtos industriais somaram R$ 58,6 milhões, crescimento de 18,3%. Já as soluções biológicas e naturais somaram R$ 50 milhões, recuo de 6% ante o 1º trimestre de 2024. Sobre o desempenho da linha biológica, a empresa informou que houve retração na demanda de controle da cigarrinha-do-milho na 2ª safra, e que a mudança de comportamento ocorreu por causa do aumento da pressão da lagarta-do-cartucho, que levou à priorização de manejo químico.

A Vittia afirmou que segue investindo em tecnologias próprias. As despesas operacionais (SG&A) totalizaram R$ 44,9 milhões, queda de 1,9%. A empresa afirmou que isso é reflexo de racionalização da estrutura iniciada no fim de 2023. A dívida líquida aumentou 25,7% em relação ao 1T24, totalizando R$ 217,7 milhões. A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 1,63 vez. O caixa ao fim de março era de R$ 17,7 milhões, ante R$ 54,5 milhões em dezembro. O fluxo de caixa das atividades operacionais foi negativo em R$ 43,1 milhões no trimestre. A administração afirmou que, mesmo diante do cenário macroeconômico adverso, a empresa manteve crescimento de receita, disciplina financeira e controle das despesas. Para os próximos meses, a companhia projeta um ambiente mais favorável, com expectativa de melhora na rentabilidade do produtor e boa colheita da safra 2024/2025.

O CFO da Vittia, Alexandre Del Nero Frizzo, afirmou que a companhia manteve a estratégia de retorno ao acionista no primeiro trimestre de 2025, com execução relevante de recompras e distribuição de proventos, mesmo diante de um ambiente financeiro mais restritivo. Em teleconferência com analistas nesta quarta-feira, ele explicou que o programa de recompra de ações e os pagamentos de juros sobre capital próprio (JCP) pressionaram o caixa no início do ano, mas que a alavancagem permanece em nível considerado confortável. "Nos últimos 12 meses, gastamos cerca de R$ 64 milhões com recompras. Mesmo assim, estamos com uma alavancagem de 1,63 vez. Poderíamos operar tranquilamente com duas ou até duas vezes e meia esse nível", disse Frizzo. No 1º trimestre de 2025, a empresa recomprou R$ 4,3 milhões em ações e pagou R$ 20 milhões em JCP. "Estamos alocando capital com disciplina. Nossa prioridade continua sendo gerar valor para o acionista." O executivo revelou que o aumento da dívida líquida no trimestre, que subiu 25,7% em relação ao 1º trimestre de 2024, está relacionado à sazonalidade do ciclo agrícola e aos desembolsos associados à estratégia de capital.

"Esse é um trimestre em que normalmente consumimos caixa. É o período pré-recebimento. Mesmo assim, os recebimentos em 30 de abril foram muito positivos, em linha com o histórico da companhia", afirmou. Ele acrescentou que o vencimento de 30 de maio tende a ser mais desafiador, mas que a carteira está saudável e monitorada de perto. Frizzo também abordou o cenário de financiamento para a safra 2025/2026. Segundo ele, ainda há incertezas importantes sobre o Plano Safra e sobre a capacidade do produtor em acessar crédito com juros subsidiados. "A taxa de juros segue pressionando o subsídio necessário para tornar o crédito viável ao produtor. O governo tem uma situação fiscal delicada, e ainda precisamos entender melhor como será o financiamento da próxima safra. Por isso, preferimos aguardar para retomar estratégias mais agressivas de alocação de capital." Ao comentar o desempenho operacional, Frizzo destacou que o crescimento da receita no trimestre veio de mercados em que a empresa ainda não atuava com intensidade, como cana-de-açúcar e citricultura.

"A entrada nesses segmentos gerou volume, mas com margens menores, porque são mercados que consomem produtos mais comoditizados. Isso impactou a margem bruta, que caiu de 36,2% para 30,5%", afirmou. Ele disse que a queda de rentabilidade na linha de fertilizantes foliares foi pontual e ligada ao mix, e não a uma piora no desempenho dos produtos. "Esperamos uma margem mais parecida com a do ano passado para os próximos trimestres. O mix deve se normalizar ao longo do ano, com mais demanda por tecnologias, caso o cenário se estabilize." Sobre aquisições, Frizzo foi cauteloso. "O mercado está aquecido, mas os preços ainda não estão ajustados à nova realidade. Muitos ativos ainda pedem valuation semelhante ao da época da transação da Biotrop. Hoje, o foco é manter a solidez financeira, investir de forma seletiva e retornar capital ao acionista com prudência", afirmou. A Vittia expressou preocupação com o crescimento no número de recuperações judiciais no setor agrícola, especialmente nas últimas semanas. A companhia está se preparando para o vencimento de 30 de maio, considerado mais desafiador que o de abril na avaliação de risco de crédito.

Uma série de recuperações judiciais foram anunciadas nas últimas semanas. O mercado continua muito difícil. Embora os recebimentos de 30 de abril tenham ocorrido dentro do histórico da empresa, o próximo ciclo exigirá atenção redobrada. O 30 de maio costuma ser um pouco pior do que o 30 de abril. A Vittia adotou uma política criteriosa de concessão de crédito desde o segundo semestre de 2023, quando identificou os primeiros sinais de deterioração no cenário do agronegócio. Esta abordagem, conforme explicou o CFO, tem ajudado a mitigar riscos neste momento de maior pressão sobre os produtores rurais. Frizzo destacou que as decisões estratégicas da Vittia estão diretamente vinculadas à evolução do cenário de crédito. "Só vamos voltar a executar essa estratégia com mais intensidade quando tivermos uma visão clara de como vai ser a liquidez do ano e como será o financiamento da próxima safra", explicou, referindo-se à retomada de iniciativas como recompra de ações e avaliação de aquisições.

O executivo compartilhou preocupações específicas com o financiamento para a safra 2025/26. "Com essa taxa de juros, pressiona-se ainda mais o subsídio necessário para o Plano Safra. A gente sabe que o governo tem uma situação fiscal delicada", observou. "Por isso, precisamos aguardar para entender um pouco melhor isso." No primeiro trimestre, a Vittia registrou um fluxo de caixa das atividades operacionais negativo em R$ 43,1 milhões, o que, segundo a empresa, é típico do período pré-recebimento. Mesmo assim, a companhia manteve a alavancagem em 1,63 vez o Ebtida ajustado. "Estamos muito confortáveis com esse nível de alavancagem atual", afirmou o CFO. "A expectativa é que não melhore muito o cenário de liquidez do produtor nem para 30 de maio, nem para a safra 2025/2026", concluiu Frizzo, reforçando a postura de cautela e monitoramento constante dos indicadores de risco de crédito e liquidez do setor. Fonte: Broadcast Agro.