15/May/2025
A Boa Safra encerrou o primeiro trimestre de 2025 com receita operacional líquida de R$ 131,2 milhões, alta de 89,89% em relação a igual período do ano passado. O lucro líquido foi de R$ 16,85 milhões, com crescimento de 108,31%. Os resultados mostram impacto direto da diversificação de culturas no desempenho financeiro da companhia. Segundo o CFO, Felipe Marques, a sazonalidade tradicionalmente desfavorável do primeiro trimestre começou a perder força com o avanço de produtos além da soja. "Historicamente, o primeiro trimestre era fraco, mas agora já reflete a diversificação do nosso portfólio", afirmou. No período, culturas como sorgo, feijão, trigo, milho e sementes de cobertura representaram 65% da receita. Em 2024, esses itens responderam por 10% do total no acumulado do ano. A carteira de pedidos de sementes de soja alcançou R$ 1,4 bilhão, 40% acima do registrado um ano antes. Nas demais culturas, o total foi de aproximadamente R$ 17 milhões.
Marques disse que o bom desempenho operacional decorre também da normalização do calendário agrícola, com chuvas regulares no início do ciclo. "Começamos o ano muito bem na produção de sementes. O que vimos de atraso no ano passado, com plantio mais tardio, não ocorreu este ano." A capacidade de beneficiamento da companhia foi mantida em 280 mil big bags. A área contratada para produção de sementes cresceu 20% e chegou a 274 mil hectares. De acordo com o executivo, a estratégia para 2025 é crescer em vendas para ocupar plenamente a estrutura produtiva ampliada. "A nossa expectativa é que a venda cresça para atender o que a gente está produzindo e a capacidade do dinheiro que a gente imobilizou como companhia." O lucro bruto do trimestre foi de R$ 12,1 milhões, revertendo prejuízo de R$ 7,7 milhões no mesmo período do ano anterior. O Ebitda ajustado permaneceu negativo, em R$ 28,6 milhões, com margem de -21,78%.
O lucro líquido ajustado foi de R$ 718 mil, ante prejuízo de R$ 5,84 milhões um ano antes. O consumo de caixa operacional foi de R$ 90 milhões, abaixo dos R$ 143 milhões registrados no 1º trimestre de 2024. Parte do reforço de caixa veio do adiantamento de clientes. "O adiantamento cresceu muito. Isso mostra a força da carteira e a confiança nos nossos produtos", disse Marques. "Alguns analistas tratavam as outras culturas como uma opção. Hoje, elas já fazem parte relevante da receita." Nos últimos 12 meses, os resultados ainda refletem os efeitos do ciclo anterior. A receita líquida ficou em R$ 1,9 bilhão, queda de 6,34%, e o lucro líquido caiu 53,83%, para R$ 169,3 milhões. A Boa Safra registrou melhora em seu fluxo de caixa operacional e aumento nos recebimentos antecipados no primeiro trimestre, mesmo após ampliar a pulverização comercial e reduzir a exposição a grandes clientes. A informação foi divulgada pelo diretor financeiro, Felipe Marques.
O consumo de caixa operacional caiu de R$ 143 milhões no primeiro trimestre de 2024 para R$ 90 milhões em igual período deste ano, apesar do crescimento de 20% na capacidade instalada. "Estamos crescendo na companhia e mesmo assim consumindo menos capital", afirmou Marques. Segundo o executivo, os pagamentos ocorridos no fim de abril seguiram dentro do padrão histórico, e parte significativa dos vencimentos ainda será observada no dia 20 de maio. "Se ocorre algum evento de grande magnitude, eu tenho que registrar nas demonstrações financeiras como evento subsequente. Os nossos eventos subsequentes não vão constar nada", disse. A companhia reportou aumento no volume de adiantamento de clientes, reflexo da antecipação nas vendas para a safra do segundo semestre. "A carteira está mais forte. Os pedidos já cresceram 40% em relação ao ano passado", disse o CFO. O saldo de contas a receber no fim de março era de aproximadamente R$ 500 milhões.
Marques contestou a percepção de que a pulverização da carteira aumentaria os riscos de crédito. "Não assumimos que médias revendas são piores pagadoras. O que a gente viu no mercado foram os grandes problemas de crédito em grandes players", argumentou, referindo-se a casos de inadimplência registrados em 2024. A empresa manteve a estratégia de ampliar a base de clientes e reduzir a concentração em grandes contas. "Essa pulverização consumiu mais capital de giro, porque são clientes com menos acesso a recursos no mercado num custo mais baixo, mas não necessariamente representam pior risco de crédito", explicou o executivo. A Boa Safra não divulgou porcentual de inadimplência, mas confirmou que os índices permanecem dentro do histórico da companhia. Marques reconheceu a existência de atrasos nos pagamentos. "O produtor está atrasando um pouco? Está. Você vê que o produtor atrasa, espera o milho estar no melhor preço. Mas isso sempre acontece", relatou.
A carteira de pedidos em soja chegou a R$ 1,4 bilhão, com aproximadamente R$ 17 milhões adicionais nas demais culturas. Para o CFO, o cenário em 2025 é mais favorável ao recebimento. "A gente está vendo no Brasil em geral 10% a mais de produtividade de soja, preços estáveis, em alguns lugares até 10% maiores. Então você vê que está tendo 20% a mais de dinheiro disponível vindo da agricultura", destacou. A empresa reforçou sua estrutura financeira no trimestre com a emissão de R$ 500 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), com prazo de cinco anos. Com a operação, encerrou março com dívida líquida negativa em R$ 51 milhões e 91,5% do endividamento concentrado no longo prazo. "Temos mais de 90% da nossa dívida com prazo superior ao ano, algo que poucas empresas têm no agro", concluiu Marques. O custo elevado do capital tem tornado mais seletiva a estratégia de aquisições da Boa Safra, afirmou Felipe Marques.
A empresa só avalia operações de M&A alinhadas ao planejamento estratégico para os próximos cinco anos. "O dinheiro está muito caro. O custo da dívida está batendo 15% no fim do dia. Você tem que exigir uma taxa de retorno mais alta para alocar capital", comentou. Tradicional consolidadora no setor de sementes, com histórico de uma aquisição por ano, a Boa Safra mantém radar ligado para oportunidades. "Por ser a única empresa de sementes puras player de capital aberto, as oportunidades acabam chegando até a gente", disse Marques. O que determina o avanço de uma negociação, segundo o CFO, é a aderência ao plano de cinco anos definido pelo comitê estratégico. "Não entramos em nada que não esteja dentro do nosso planejamento estratégico. Se aparecer alguém que consiga nos ajudar na execução, a gente vai avaliar se faz isso organicamente ou por meio de um M&A", detalhou. Em janeiro, a Boa Safra concluiu a formação da SBS Green Seeds, joint venture focada em agricultura regenerativa. A empresa inicialmente detém 30% do negócio, mas pode aumentar para até 60%.
A companhia implementou estratégia asset-light para expansão geográfica, arrendando duas novas unidades no Paraná. "Estamos entrando de fato no Sul, região que era importante estrategicamente", afirmou o executivo. A Região Sul representa cerca de um terço do mercado brasileiro de sementes e a empresa tinha presença limitada na área. "Em 2024, 96% das nossas vendas foram no Cerrado. Com 8% de market share e participando só em 4% das vendas no Sul, temos muito espaço para crescer", apontou Marques. Para sustentar a expansão, a Boa Safra captou R$ 500 milhões em janeiro via Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com prazo de cinco anos. "Foi a maior emissão individual da companhia, com prazo mais longo de amortização", destacou o CFO. A estrutura financeira da companhia foi reforçada com a operação. Ao fim do trimestre, a dívida líquida estava negativa em R$ 51 milhões, com 91,5% do endividamento concentrado no longo prazo. "Poucas empresas no agro têm esse tipo de perfil de dívida", comparou.
A Boa Safra consolidou sua entrada na Região Sul do Brasil com a operação de duas unidades arrendadas no Paraná e volume de vendas considerado relevante no total comercializado pela empresa no primeiro trimestre do ano. A informação é do diretor financeiro, Felipe Marques. Segundo Marques, a Região Sul perfaz cerca de um terço da área plantada do País e representava uma lacuna estratégica na atuação da empresa. A expansão para o Sul vinha sendo adiada por questões operacionais. "Por que a gente a deixou por último? Porque era a região que a gente tinha menos tudo no fim do dia", afirmou. Até então, o foco da companhia estava concentrado no Cerrado, onde já havia estrutura instalada, materiais adaptados, canais consolidados e ritmo mais acelerado de crescimento da área plantada. O executivo explicou que a decisão de entrar no Sul foi impulsionada pela própria evolução da companhia.
"Chegamos a 8% de market share sem participar do Sul. Com o tamanho que a gente tem hoje, não fazia mais sentido ficar de fora dessa região", disse. Em 2024, a Boa Safra já havia iniciado contatos e experimentações comerciais com clientes da região. Em 2025, a empresa passou a operar com presença física e estrutura comercial ativa. Entre os principais desafios citados por Marques está o perfil diferente do mercado. "São propriedades menores, com clientes atendidos em sua maioria por cooperativas e revendas regionais. Nem todas as revendas do Cerrado estão no Sul, então tivemos que abrir novos relacionamentos", explicou. No primeiro ano, o foco foi no relacionamento com diferentes perfis de clientes. "A Boa Safra foi bem recebida, tem nome forte e fizemos um trabalho de entrada. Este ano já temos volumes relevantes no Sul."
O modelo de atuação na região foi baseado em arrendamentos de unidades de beneficiamento, com foco em manter a estrutura asset-light da empresa. Marques não revelou os volumes vendidos na região, mas reforçou que a operação representa uma fatia significativa do total comercializado pela companhia em 2025. "Vamos poder compartilhar os dados de participação no final do ano, mas já temos presença consolidada e clientes que querem ter a Boa Safra em seus portfólios", afirmou. O executivo ponderou que a entrada tardia na região também permitiu evitar impactos negativos nos anos mais difíceis. "O Sul passou por anos desafiadores. Não ter participado antes acabou sendo bom, porque agora chegamos com estrutura e mercado mais estável." Segundo ele, a empresa segue fiel ao modelo de comercialização via revendas, inclusive no Sul. "Focamos nas revendas. É com elas que a gente trabalha, e estamos atuando lá com esse modelo." Fonte: Broadcast Agro.