12/May/2025
A 3tentos encerrou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 192,4 milhões, alta de 23% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impulsionado pelo desempenho das três principais frentes da companhia e pela safra de soja no Centro-Oeste. A receita operacional líquida aumentou 30,6%, para R$ 3,5 bilhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado subiu 109,6%, para R$ 288,9 milhões. Este é o primeiro balanço divulgado pela companhia após a mudança na presidência executiva, agora ocupada por João Marcelo Dumoncel. Em abril, seu irmão Luiz Osório Dumoncel deixou o cargo de CEO e assumiu a presidência do Conselho de Administração. Em entrevista ao Broadcast Agro, o novo CEO detalhou os fatores que contribuíram para os números do trimestre. "A indústria segue com margens consistentes. Tivemos crescimento na linha de grãos do trading, com aumento de volume e valor", disse o executivo. O segmento de grãos teve receita de R$ 1,047 bilhão, aumento de 87,2%.
Segundo João Marcelo, o principal fator foi a soja produzida em Mato Grosso. "No Rio Grande do Sul, a safra foi menor, mas o volume adicional do Centro-Oeste compensou", afirmou. O trigo também contribuiu para a receita. "A 3tentos atua como originadora e exportadora de trigo. Houve aumento de volume em relação ao ano anterior", complementou. Na indústria, a companhia registrou receita de R$ 1,825 bilhão (+20,2%) e lucro bruto de R$ 397,6 milhões (+58,9%). A produção de farelo e biodiesel respondeu pela maior parte dos resultados. "Foi uma combinação entre os dois. O farelo teve participação relevante e o biodiesel também", afirmou. O executivo mencionou o conceito de crush margin, que compara os preços do farelo e óleo com o grão. "Esse indicador tem se mantido estável e se reflete nas margens da indústria", disse. O segmento de insumos teve receita de R$ 626,5 milhões, alta de 4,2%. O desempenho foi influenciado pelas vendas em Mato Grosso, principalmente para a safrinha de milho no Vale do Araguaia, enquanto a estiagem no RS afetou a comercialização de defensivos.
O volume de milho originado caiu 1,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. João Marcelo atribuiu o recuo à seca no Sul e à base de comparação. "No primeiro trimestre do ano passado, ainda havia reflexos da safrinha anterior. Neste ano, a seca influenciou." A expectativa para a safrinha de 2025 é positiva. "A safrinha brasileira deve ser recorde. Esperamos aumento na originação de milho, tanto para a trading quanto para a indústria de etanol", afirmou. O retorno sobre capital investido (ROIC) subiu de 18,3% para 21,6%, enquanto o retorno sobre o patrimônio (ROE) passou de 19,4% para 20,1%. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, caiu de 0,55 vez para 0,29 vez. "Seguimos com geração de caixa suficiente para financiar os investimentos. As captações passadas estão direcionadas a projetos como a planta de milho, mas o resultado é operacional", disse o CEO. A companhia conta com 71 lojas, sendo 59 no Rio Grande do Sul e 12 em Mato Grosso.
Mesmo após uma nova quebra de safra no Rio Grande do Sul, a 3tentos afirmou que não prevê aumento expressivo na inadimplência dos produtores. A empresa não terá renegociações substancialmente maiores do que as do ano passado, apoiada na proximidade com o cliente, histórico de crédito e cobertura de seguro. "Sem dúvida que, com a safra prejudicada, e já numa sequência de safras ruins, o produtor, em especial aqui no Rio Grande do Sul, vem tendo apertos de caixa. O ponto principal para nós é a qualidade da nossa carteira histórica", afirmou Dumoncel. "Vamos ter sim um nível de renegociação, mas que não vai ser substancialmente maior do que os níveis que nós já tivemos no ano passado." A companhia, que reportou ontem lucro líquido de R$ 192,4 milhões no primeiro trimestre, alta de 23% sobre o mesmo período de 2024, implementou ajustes em sua política de crédito para mitigar riscos. "A gente afinou conceitos, critérios, o próprio nível de exposição por hectare, de financiamento por hectare, controlamos essa questão do seguro, que passou a ser mais intensa", explicou o CEO.
Segundo o executivo, a modalidade de barter (troca de insumos por grãos) ganhou importância na estratégia comercial, uma vez que reduz a exposição financeira. O diretor financeiro da companhia, Cristiano Machado Costa, observou que, apesar de isso poder aumentar ligeiramente a necessidade de capital de giro, "nada foge dos padrões de outras situações de dificuldades financeiras propiciadas por situações climáticas que os produtores gaúchos já tenham passado no passado". Luiz Osório Dumoncel, presidente do Conselho de Administração da 3tentos, ressaltou o preparo documental nas operações de crédito. "Tudo isso para que a gente esteja sempre selecionado e, principalmente, com os produtores que conhecemos, estamos muito próximos deles, mas também nessas renegociações que a gente esteja cada vez melhor protegido de todas as formas da parte documental", afirmou. A estratégia de diversificação geográfica também tem contribuído para a estabilidade da carteira de crédito. "Na medida que a gente vai crescendo em Mato Grosso, essa questão da rede climática funciona também no crédito e cobrança", destacou o CFO.
"A gente já teve um pouco a situação reversa no ano passado, quando a gente viu um cenário um pouco mais desafiador para o produtor de Mato Grosso, e mesmo assim a gente conseguiu superar", complementou. A companhia ressaltou que os produtores afetados pela seca no Rio Grande do Sul têm buscado alternativas para manter o fluxo de caixa. "Esse produtor, que sofreu um pouco mais na região Sul, colheu bem o arroz e outras culturas também", observou o diretor financeiro. Além disso, a safra de inverno, com destaque para canola e trigo, deve contribuir para a recuperação financeira desses agricultores. João Marcelo Dumoncel destacou, ainda, que o Rio Grande do Sul deve colher entre 16 milhões e 17 milhões de toneladas de soja na atual safra 2024/2025, volume que, embora abaixo do potencial, ficou "um pouco melhor do que chegaram a prever as piores expectativas". O desempenho das lojas da 3tentos no Vale do Araguaia superou as projeções iniciais e amplia as perspectivas de expansão da companhia em Mato Grosso, afirmou na sexta-feira (09/05) o CEO João Marcelo Dumoncel.
Durante teleconferência com analistas, o executivo destacou que o ritmo de crescimento na região está acima do esperado, consolidando a estratégia de diversificação geográfica da empresa. "De fato, a gente está com um retorno muito bom em cima principalmente dessa expansão do Vale do Araguaia. A gente está crescendo num ritmo acima do que nós imaginávamos", revelou Dumoncel. A empresa, que iniciou sua trajetória no Rio Grande do Sul há 30 anos, hoje tem 71 lojas, das quais 59 no Estado gaúcho e 12 em Mato Grosso. O avanço no Centro-Oeste representa um elemento central na redução da vulnerabilidade da companhia a eventos climáticos regionais, como a estiagem que afetou as operações no Sul pelo quarto ano consecutivo. No primeiro trimestre de 2025, Mato Grosso já respondeu por 35% da receita de insumos, 40% da receita com grãos e 52% da receita industrial da 3tentos. Segundo Dumoncel, o plano de expansão continua ativo, principalmente na região do Vale do Araguaia.
"A gente entende que lá ainda tem espaço para nós aumentarmos naquela região e, eventualmente, alguma oportunidade ainda aqui no Rio Grande do Sul mesmo, embora aqui já esteja praticamente bem coberto", explicou o executivo. A área de cobertura da 3tentos atualmente alcança 21,5 milhões de hectares, dos quais 9,1 milhões no Rio Grande do Sul e 12,4 milhões em Mato Grosso. Para atender essa extensa região, a empresa conta com 199 consultores comerciais, 155 no Sul e 44 no Centro-Oeste, número que deve crescer com a expansão das operações. Luiz Osório Dumoncel, presidente do Conselho de Administração da companhia, destacou durante a teleconferência a importância da proximidade com os produtores. "Essa proximidade que nós temos com o agricultor no Rio Grande do Sul, são 30 anos de atividade, e a gente vem já com filhos, com netos, que a gente conheceu produtores lá atrás e que agora também estão aqui fazendo o trabalho", afirmou.
A consolidação das operações em Mato Grosso também tem contribuído para equilibrar os resultados da empresa frente às adversidades climáticas. "Na medida que a gente vai crescendo no Mato Grosso, essa questão da rede climática funciona também no crédito e cobrança", explicou o CFO Cristiano Machado Costa. O executivo financeiro lembrou que a situação no ano passado foi inversa, com dificuldades concentradas no Centro-Oeste. "A gente já teve um pouco a situação reversa no ano passado, quando a gente viu um cenário um pouco mais desafiador para o produtor do Mato Grosso, e mesmo assim a gente conseguiu superar e entregou", destacou. A 3tentos avalia que o agronegócio brasileiro pode se beneficiar da escalada de tensões comerciais entre China e Estados Unidos, enquanto mantém uma política de disciplina financeira mesmo em seu atual ciclo de investimentos. A empresa não planeja novas captações no curto prazo e reduziu sua alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, para 0,29 vez no primeiro trimestre, contra 0,55 vez no mesmo período do ano anterior.
Sobre o impacto da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que ganhou novos capítulos com a imposição de tarifas adicionais pelos americanos no fim de março, o ainda não houve reflexos nos resultados da companhia. O Brasil pode ocupar espaços deixados pelos norte-americanos. O agronegócio brasileiro, buscando o histórico de 2018, na primeira versão da guerra tarifária, ele acaba sendo beneficiado, porque os Estados Unidos são uma plataforma de exportação de produtos agrícolas, o Brasil é outra plataforma. A tensão comercial pode favorecer especialmente o setor agrícola. À medida que os Estados Unidos geram tensão com o mercado, o Brasil pode ocupar espaços. Dos setores da economia, talvez seja o setor que mais linearmente acaba tendo algum benefício com a guerra tarifária. A 3tentos não vende para o mercado norte-americano, o que reduz riscos diretos de retaliações.
No campo financeiro, a companhia encerrou o primeiro trimestre com queda expressiva em sua alavancagem, mesmo em meio a um ciclo de investimentos. A política de disciplina financeira tem sido sustentada pela forte geração de caixa operacional. A empresa segue crescendo e tendo resultado. E esse resultado é prioritariamente caixa. Não estão previstas novas captações para financiar os planos de expansão. A 3tentos captou R$ 500 milhões em debêntures no ano passado, com vencimento em 2029, recursos que estão sendo direcionados principalmente para a construção da nova indústria de etanol de milho em Porto Alegre do Norte (MT). A flutuação na alavancagem ao longo do ano está mais relacionada à sazonalidade do negócio do que aos investimentos. A alavancagem tem alguma sazonalidade dentro do ano, mas não é em função dos investimentos, é muito mais em função da dinâmica de safra. Em abril, a empresa também registrou sua maior valorização na bolsa desde o IPO, realizado em 2021. A ampliar a base acionária não está nos planos. Fonte: Broadcast Agro.