09/May/2025
A brasileira XBRI Pneus e a chinesa LingLong investirão R$ 6,2 bilhões numa fábrica em Ponta Grossa (PR), com capacidade de produção de 15 milhões de pneus por ano. O valor é quase cinco vezes superior ao anunciado inicialmente em dezembro, quando a unidade seria erguida apenas com recursos da XBRI. Apontada como a maior do Brasil, a fábrica se tornará a ponta de exportações a partir da América Latina da LingLong, que tem receita anual de US$ 3 bilhões e fábricas apenas na Sérvia e na Tailândia, além da China. A entrada do sócio chinês na unidade brasileira aumentou o escopo do projeto, que passou de 4 milhões de pneus de passeio e 1 milhão de carga, para os 15 milhões, sendo 12 milhões de passeio. Agora, a fábrica será erguida num terreno de 3,3 milhões de m², com a expectativa de atrair outras indústrias, como fornecedores de matérias-primas e com operações integradas, para aumentar a eficiência e reduzir custos operacionais.
A XBRI fatura R$ 5 bilhões por ano e pertence à Sunset Tires, maior importador de pneus da América Latina. Os chineses serão donos de 70% da nova fábrica e terão direito a metade da produção. A ideia é que 30% dos pneus sejam exportados, 30% sejam vendidos para montadoras no País e o restante alcance o mercado de reposição. Com a maior escala, será possível baixar custos e ter produtos mais competitivos. Com capital aberto, a LingLong comunicou ao mercado a parceria há pouco mais de uma semana, apesar de as conversas para investimentos no Brasil entre as duas empresas terem sido iniciadas em 2014. O anúncio não teve relação à majoração de tarifas para a China, impostas recentemente pelo governo Donald Trump nos Estados Unidos. Segundo especialistas, porém, esse é mais um movimento no reposicionamento da produção industrial, graças às mudanças no xadrez geopolítico global. Com a reeleição de Trump, o Brasil voltou a ser um importante destino dos investimentos chineses.
O País, que havia perdido a importância no IDE (Investimento Direto Estrangeiro) chinês em anos recentes, voltou a receber recursos em infraestrutura, como energia e portos, e na indústria automotiva, como a BYD. Para o Insper, o Brasil só se torna um bom país para investir com as atuais tarifas impostas por Donald Trump. O Brasil é pouco competitivo, caro, sem mão de obra e sem infraestrutura, e ainda é cedo para dizer se haverá uma tendência de aumento dos investimentos. Além do grande mercado interno brasileiro, a fábrica brasileira poderá significar acesso dos produtos LingLong ao mercado norte-americano, sem as tarifas impostas pelo governo Trump aos produtos chineses. Enquanto a XBRI está presente em 30 países, a LingLong chega a 170 nações e é fornecedora de cerca de 60 montadoras globais, dentre as quais Volkswagen, Stellantis, GM, Renault, MAN, BYD e Scania. A XBRI estima ter entre 10% e 15% do mercado brasileiro de pneus. A fábrica, porém, só deverá estar em funcionamento em 2027, quando gerará 3,5 mil empregos.
As obras devem começar no último trimestre deste ano. A produção local da XBRI também deve colocar um ponto final na disputa com fabricantes nacionais, que tentaram impedir a importação de produtos da Ásia. Ao lado de outras empresas de comércio internacional, a marca passou por um longo processo de investigação feito pela Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC), sobre a origem de seus produtos, sem sofrer sanções. Por muito tempo, o País foi dominado por poucas indústrias. Mas, passou os últimos 20 anos desenvolvendo produtos específicos para os mercados latino-americanos e conseguiu conquistar os consumidores. Isso envolveu investimentos pesados em marketing. A XBRI é patrocinadora de 20 campeonatos estaduais de futebol e está na camisa do Flamengo e do sub-20 do Corinthians. Também tem uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, na qual dedica parte das vendas à instituição. No ano passado foram repassados R$ 1 milhão. Além da produção de pneus, a nova fábrica terá um centro de pesquisas ligado ao tema e capacidade para reciclar pneus inservíveis equivalente à sua produção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.