05/May/2025
A atual guerra tarifária global não deve provocar impactos significativos no mercado de fertilizantes no curto prazo, conforme avaliação divulgada em um relatório semestral sobre o setor. Mesmo nos Estados Unidos, considerados um mercado potencialmente mais afetado pelas tensões comerciais, os efeitos devem ser limitados em 2025. Um dos fatores que contribuem para esse cenário é a prorrogação por mais 90 dias das medidas tarifárias, iniciada no mês passado. Além disso, a maior parte dos fertilizantes destinados à safra atual de grãos nos Estados Unidos já foi adquirida, o que transfere eventuais impactos para o ano seguinte. No caso do Brasil, a expectativa também é de estabilidade, com previsão de um novo recorde nas entregas de fertilizantes em 2025, superando as 46 milhões de toneladas, número acima das 45,6 milhões registradas em 2024. Esse volume de 2024 representou uma queda inferior a 0,5% em relação ao ano anterior.
A previsão de aumento nas entregas ocorre mesmo diante de um contexto de preços mais altos, especialmente para o fósforo, e se sustenta na melhoria das margens dos produtores. Culturas como milho, soja, café, cana-de-açúcar e laranja têm apresentado condições mais favoráveis de rentabilidade, o que incentiva a manutenção da demanda por insumos. O mercado global de fertilizantes, no entanto, está ingressando em um novo ciclo. O índice que mede o poder de compra dos produtores (Affordability Index) entrou em território negativo, o que historicamente indica uma tendência de retração no consumo. Essa mudança é puxada principalmente pelos mercados de fósforo e nitrogênio, enquanto o potássio apresenta uma situação mais equilibrada. Um fator que contribui para a elevação dos preços, especialmente dos fertilizantes fosfatados, é a ausência da China nas exportações internacionais. Isso tem sustentado valores mais altos e deve manter o mercado pressionado por pelo menos mais oito meses.
A expectativa é que o índice de acessibilidade do fósforo permaneça negativo até agosto, completando 18 meses nesse patamar e igualando o recorde anterior de desequilíbrio prolongado entre 2021 e 2022, quando houve uma redução de 8% no consumo global. A alta nos custos de produção também exerce pressão sobre o setor, com aumentos nos preços de insumos como rocha fosfática e enxofre. No Brasil, os preços do fósforo chegaram a US$ 700 por tonelada, patamar não registrado há bastante tempo. Por outro lado, o potássio apresenta uma situação mais tranquila, com um equilíbrio melhor entre preços e o valor das commodities agrícolas, refletindo um balanço mais folgado entre oferta e demanda. Para o nitrogênio, há expectativa de melhora nos próximos meses com o fim do inverno no Hemisfério Norte, o que tende a reduzir o custo do gás natural — principal insumo da ureia — e, consequentemente, melhorar o índice de acessibilidade, tornando o cenário mais favorável especialmente para o mercado brasileiro. Fonte: Rabobank. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.