01/May/2025
A Kepler Weber projeta um salto nas vendas para a Argentina em 2025, com expectativa de quadruplicar o faturamento de R$ 5 milhões registrado no ano passado para mais de R$ 20 milhões, aproveitando a retomada econômica e a liberalização cambial no país vizinho. O mercado argentino, antes praticamente inativo para a companhia brasileira líder em sistemas de armazenagem, ressurge como importante fronteira de crescimento na estratégia de expansão internacional. "A Argentina ficou anestesiada durante 20 anos praticamente. Você viaja pela Argentina, os caminhões são antigos, as unidades são antigas, é tudo bastante deteriorado. E agora estão saindo desse lugar de forma bastante rápida", afirmou o CEO Bernardo Nogueira durante coletiva de resultados do primeiro trimestre. O executivo irá pessoalmente ao país em junho para visitas comerciais e negociações em andamento. Um dos principais entraves para a expansão na Argentina estava na dificuldade de realizar pagamentos internacionais, problema que começa a ser equacionado com as novas políticas econômicas.
"A possibilidade de fazer pagamentos para fora da Argentina, que é o que estava travando para valer, está se abrindo. A gente vê que vai se abrir completamente em breve", projetou o executivo. A proximidade geográfica é vista como vantagem competitiva significativa. "Estamos mais perto da Argentina do que de Porto Alegre. Logisticamente, é muito eficiente atender o mercado argentino", destacou Nogueira. A empresa também apontou diferenças estruturais interessantes: enquanto no Brasil apenas 17% da capacidade estática de armazenagem está nas fazendas, na Argentina esse número chega a 40%, mais próximo do padrão americano de 60%. Além da Argentina, a companhia exporta para outros 15 países anualmente, incluindo Venezuela, El Salvador, Angola e, mais recentemente, Noruega. A empresa concentra esforços na América Latina, onde mantém liderança de mercado, mas não descarta oportunidades em outros continentes, como demonstra a recente venda significativa para Angola confirmada na semana passada.
O perfil de clientes internacionais difere do mercado doméstico, com cerca de 70% das vendas direcionadas para agroindústrias, especialmente no beneficiamento de arroz e rações, enquanto no Brasil o portfólio é mais diversificado entre fazendas, agroindústrias, portos e terminais. O segmento de Negócios Internacionais cresceu 5,6% no primeiro trimestre de 2025, alcançando R$ 41 milhões, e a projeção é de expansão de dois dígitos no ano. A estratégia internacional é parte do plano de diversificação que reduziu a dependência da empresa do mercado doméstico de fazendas e do crédito subsidiado. "Esse conjunto de diversificação que, pré-pandemia, era 26% do nosso negócio, hoje é 37%", explicou o CEO, referindo-se à participação combinada de Negócios Internacionais, Reposição e Serviços e outros segmentos alternativos que ajudam a empresa a manter resiliência em ciclos de baixa. A expansão internacional também está alinhada à estratégia de curto prazo para enfrentar o ambiente macroeconômico brasileiro desafiador, com juros elevados e dificuldades de acesso ao crédito rural, que comprimiu as margens no início de 2025. "Quando você diversifica geograficamente, também diversifica riscos", concluiu Nogueira. Fonte: Broadcast Agro.