03/Apr/2025
De acordo com dados da consultoria Céleres em parceria com a CropLife Brasil, a pirataria de sementes de soja provoca perda de R$ 10 bilhões ao ano no Brasil. As sementes piratas da oleaginosa ocupam 11% da área plantada no País, o equivalente ao espaço ocupado com a cultura em Mato Grosso do Sul na safra 2023/2024. Conforme o estudo, o fim da pirataria poderia resultar em ganhos de receita de até R$ 9,2 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões para os agricultores, R$ 4 bilhões para o setor de produção de sementes, R$ 1,2 bilhão para a agroindústria de farelo e óleo de soja e R$ 1,5 bilhão nas exportações do agronegócio.
Cerca de R$ 1 bilhão pode deixar de ser arrecadado em impostos nos próximos 10 anos com a pirataria de sementes. Mais: o combate à pirataria pode contribuir para o aumento de investimentos em variedades de sementes, representando cerca de R$ 900 milhões na próxima década. No ano passado foi registrada a apreensão de 1,4 mil toneladas de sementes de soja pirata no Rio Grande do Sul, que provocou um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões. O Estado é o que tem maior uso desse tipo de sementes por área semeada. A apreensão foi realizada em 1º de outubro de 2024, mas divulgada apenas este ano.
Estima-se que a aplicação de semente de soja pirata no Rio Grande do Sul atingiu 28% da área total semeada com a oleaginosa em 2023/2024. Além de representar uma tradição na cultura agrícola local, o uso de sementes piratas também pode estar relacionado às margens mais apertadas de produtores, que passaram por consecutivas perdas de safra. Pior: Estados que tradicionalmente não faziam tal uso, por desafios climáticos e de pragas, estão crescendo na aplicação, como Piauí (20%) e Bahia (5%).
O uso de sementes piratas pode parecer atrativo em um primeiro momento, principalmente levando em conta o momento de margens mais apertadas, mas a médio e longo prazos pode causar problemas, como incidência de pragas e danos mecânicos, que são quatro vezes maiores em sementes piratas e podem comprometer a safra seguinte. Como exemplo, pode-se citra os carregamentos de soja que não foram aceitos na China no ano passado por terem chegado ao destino com ervas daninhas, prejudicando assim as exportações do País para o seu maior comprador do produto.
A CropLife destacou a necessidade de um marco regulatório, para maior segurança jurídica e desestímulo à pirataria. Também um acompanhamento de margens e custos do agricultor. A pirataria não ocorre apenas na soja, mas também com sementes de milho, arroz e feijão e que o combate a este tipo de ação poderia diminuir até mesmo os índices de inflação dos alimentos. Além disso, há diferenciação entre a semente de soja pirata em relação à salva pelo agricultor, que requer alguns registros para que esteja dentro da legalidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.