ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Mar/2025

Boa Safra detecta mudanças no perfil de compra

Segundo a Boa Safra, produtora brasileira de sementes, os produtores rurais estão optando por soluções mais básicas em suas compras de insumos agrícolas, apesar da recuperação gradual nas margens. A empresa registrou queda de 53,47% no lucro líquido em 2024. Embora as vendas de sementes tratadas industrialmente (TSI) tenham crescido cerca de 10% em volume no último ano, atingindo 60 mil big bags, houve uma migração para tratamentos mais simples e econômicos. O produtor decidiu que quer comprar uma semente tratada, mas com tratamento de inseticida mais barato. A venda desse produto disparou. Essa retração na demanda por produtos premium ocorre após um período desafiador para o agronegócio brasileiro, com problemas climáticos e restrição de crédito. Entretanto, este comportamento é temporário e divergente da tendência de longo prazo do setor. A tendência é uma agricultura mais regenerativa, com menos químicos, com mais produtos biológicos. Nos próximos 5 ou 10 anos, haverá cada vez mais biológicos com maior capacidade de entrega.

Não se sabe quando os produtores voltarão a investir em produtos premium e o biológico não deve voltar com a mesma força que teve em 2022 e 2023. O preço médio deve subir um pouco, mas a tendência continua para crescer até 15%. O movimento de simplificação pode ser atribuído, além da crise, ao cenário de juros elevados, que reduziu a capacidade de investimento do produtor em tecnologias mais caras. Não se sabe se o shift de alto valor agregado volta nesse ano. Destaque para o crescimento das biotecnologias avançadas no portfólio da empresa, como Intacta 2 Xtend. Em 2023, esse tipo de tecnologia representava 11% do faturamento; em 2024, a fatia subiu para 22% e segue em alta. A tecnologia está fazendo diferença, tanto para defensivos quanto para lagartas. A expectativa da empresa é de que a adoção continue acelerada até 2028, quando expiram as principais patentes, sem grandes obstáculos comerciais. Paralelamente, a Boa Safra tem modificado sua estratégia comercial, reduzindo a dependência de grandes distribuidores, cuja participação nas vendas caiu de 64% em 2021 para 19% em 2024, e ampliando o número de clientes atendidos.

A base foi elevada de em quase 100 clientes no ano, de 610 para 697. Para esse ano, vai ultrapassar 900. O esforço está sendo sustentado por um time comercial maior, com foco em visitas e pulverização da carteira. A empresa está vendendo mais culturas e diluindo o custo nas outras linhas. A companhia diz manterá uma postura conservadora na concessão de crédito, com 94% da carteira de recebíveis coberta por algum tipo de garantia, mesmo acreditando que o pior momento do setor já passou. O momento tão é fácil, não pelo agro, mas principalmente pela taxa de juros, que está muito alta. A Boa Safra reduziu os investimentos em 2024 para R$ 177 milhões, contra R$ 250 milhões aplicados no ano anterior, em resposta ao cenário de juros elevados. A companhia reportou queda de 53,47% no lucro líquido. É preciso ser mais seletivo nos investimentos com juros mais caros. A empresa optou por direcionar mais recursos para financiar suas operações diárias. A empresa decidiu focar em melhorar a eficiência dos recursos existentes, buscando crescer a capacidade com o menor investimento possível por big bag.

Apesar do corte nos investimentos, a empresa ampliou sua capacidade produtiva de 240 mil para 280 mil big bags para 2025. Para sustentar essa expansão, a companhia aumentou a área contratada com produtores parceiros de 227 mil para 274 mil hectares. A Boa Safra definiu uma nova forma de medir o desempenho da empresa. quanto gera de lucro antes dos impostos por cada big bag de capacidade instalada. Esse indicador caiu pela metade em 2024, principalmente porque a produção ficou abaixo da capacidade instalada. O aumento da carga tributária também impacta nos resultados. Teve um impacto adicional com o fim dos benefícios fiscais em 2024. A Boa Safra encerrou 2024 com R$ 585 milhões em caixa e dívida bruta de R$ 414 milhões. Considerando ajustes técnicos, a dívida líquida era de R$ 49 milhões. Em janeiro de 2025, a empresa captou R$ 500 milhões com a emissão de um CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) com prazo de cinco anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.