19/Mar/2025
O ano de 2025 começou positivo. Em janeiro, a comercialização no mercado brasileiro cresceu 55% sobre o mesmo mês de 2024, passando de 2.105 unidades para 3.264 máquinas. A alta foi puxada pelos tratores, que tiveram um aumento de 61,4% no mesmo comparativo, de 1.861 para 3.004 veículos. As vendas de colheitadeiras cresceram 6,55%, de 244 para 260 unidades. Segundo a Massey Ferguson, há uma sinalização do aumento da indústria de tratores. Isso ocorre porque, desde a metade de 2023, as vendas vêm caindo. Em 2024 a queda foi mais acentuada, mas agora observa-se uma retomada porque o produtor que não fez compras está precisando investir em maquinário. Segundo a John Deere, o ano passado foi um dos piores da história da indústria de máquinas no Brasil. A previsão era de que 2025 seria igual ou pior do que 2024. Mas, o mercado iniciou o ano diferente do previsto.
Algumas culturas agrícolas que tiveram fortes altas de preços, como café e laranja, contribuíram para esse aquecimento de mercado no início do ano. A John Deere teve um crescimento ao redor de 40% entre novembro/2024 e janeiro/2025 na venda de tratores com potência abaixo de 100 cavalos (CVs). Quem puxou essa alta foi basicamente o café, junto com citros. Esse movimento é confirmado também pela LS Tractor, que trabalha com um portfólio de tratores de 25 CVs a 150 CVs. O mercado já mostra uma reação no início de 2025, o produtor começou comprando mais. O foco em máquinas de pequena e média potência amenizou os efeitos da retração do mercado sobre a empresa, que teve um crescimento de 5% em volume de vendas, em parte por ganhar penetração na Região Nordeste, com a abertura de muitos concessionários, e na Região Sudeste por atender a produtores de café e laranja, culturas que tiveram ganho de preço.
Em 2025, a expectativa é de crescimento pelo menos igual ao esperado no mercado de tratores, entre 5% e 8%. A Valtra também já sentiu um aquecimento de negócios no início deste ano, puxado pela linha de tratores de baixa potência. Os preços dos grãos, da soja estão mais altos nos últimos meses, os do milho estão elevados. Há um bom desempenho nos setores de cana-de-açúcar, de café, de citros. O cenário é bastante positivo para 2025. No entanto, ainda que tenha produtor demonstrando disposição para investir, o cenário para 2025 é incerto, afirmam fabricantes. Os preços ainda em patamares considerados baixos para produtos como a soja; os altos custos dos financiamentos e a escassez de crédito rural têm gerado dúvidas entre as fabricantes sobre como será o comportamento do mercado. segundo a New Holland, a preocupação para 2025 é que, se os preços dos grãos continuarem baixos e o nível das taxas de juros seguirem em alta, é bem provável o volume de comercialização de máquinas fique no mesmo nível de 2024.
A continuar assim, uma recuperação da indústria de máquinas agrícolas nacional levaria até à temporada 2026/2027 para o mercado voltar aos níveis considerados normais. A agricultura brasileira, com mais dois anos de colheita de 330 milhões de toneladas de grãos, colocaria a ‘casa em ordem’ e teria um crescimento sustentável de vendas independente de outros fatores. Mas, qualquer alteração em juros, câmbio e preço de commodities muda esse cenário. Para a Mepel, fabricante de implementos agrícolas, como distribuidores de adubo, semeadoras e bombas, o ano de 2025 pode ser ainda mais desafiador do que 2024. Janeiro e fevereiro começaram uma onda de positividade, mas o mercado já deu uma ‘esfriada’. O momento ainda não está atrativo financeiramente para investimentos pelos produtores. Não tem dinheiro nos bancos, os juros estão altos e o agricultor está com medo de financiar. A mudança de chave seria um Plano Safra favorável.
Em 2024, a empresa sediada em Estação (RS) teve um aumento de faturamento de 21%. Mesmo assim, houve queda de resultado. A empresa vendeu mais, mas com menos margem de lucro. Para 2025, a meta da empresa é crescer 22%, mas esse objetivo pode não ser alcançado. Talvez em junho seja preciso rever essa meta. A Expodireto Cotrijal, em Não-me-toque (RS), é considerada umas das principais feiras de tecnologia agrícola do calendário nacional e um importante termômetro dos negócios no primeiro semestre. Encerrada a edição de 2025, os organizadores decidiram pela primeira vez não divulgar o quanto o evento gerou de negócios, em meio a um cenário de mais uma safra de perdas para o produtor do Rio Grande do Sul e reivindicações de entidades ligadas ao agro o Estado, de renegociação desses débitos, acumulados há pelo menos três anos. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.