14/Mar/2025
Bioinsumos desenvolvidos e comercializados no Brasil estão prestes a embarcar para Europa, em um negócio liderado pelo segmento agrícola da Corteva. A companhia norte-americana acaba de se juntar com a Simbiose, empresa brasileira especializada em microbiológicos. O nome da companhia, coincidentemente, revela o modelo de associação que as duas irão fazer para entrar no mercado europeu. A empreitada vai começar com um solubilizador à base de fósforo desenvolvido por técnicos e pesquisadores da Simbiosa, sobre o qual a Corteva terá direitos exclusivos de distribuição em mais de 20 países do continente europeu. O produto, comercializado no Brasil desde 2019, foi desenvolvido com apoio da Embrapa, além de financiamento da Corteva, que está de olho na expansão do mercado de biológicos há mais de cinco anos.
O investimento no Brasil também é proposital, pois o País é o segundo maior mercado da empresa norte-americana no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O solubilizador é fruto de pesquisa de mais de 10 anos, que envolveu a Embrapa Milho e Sorgo. A função do produto, uma bactéria aplicada às sementes ou ao solo, é colonizar o terreno com microrganismos, facilitando a liberação de fósforo para as plantas e ajudando na absorção do nutriente. A venda do bioinsumo na Europa pode abrir caminho para internacionalizar outros produtos do segmento criados no Brasil. Em 2023 e 2024, o próprio Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) afirmou que uma das metas da gestão era exportar insumos biológicos do Brasil, um trâmite que costuma ser mais lento devido às instâncias de aprovação do uso de bactérias e fungos, principais matérias-primas.
Além disso, a exigência é de investimentos milionários em pesquisa até que um produto possa ser vendido. Se já é difícil no Brasil, embarcar para um continente que vem elevando exigências para a importação de commodities e insumos, e sendo criticado sobe o argumento de adotar uma postura protecionista, entrar nesse mercado é um desafio, e até modelo de negócios, entre empresas que estão dispostas a superar barreiras comerciais e políticas. No caso da Corteva e Simbiose, não há data para o início da comercialização no continente europeu. As companhias, tampouco, informaram o valor do negócio. No Brasil, estima-se que o solubilizador já esteja aplicado em mais de 10% da área de soja plantada, segundo um monitoramento realizado pela Embrapa no ano passado.
E, depois de três anos da concessão da licença comercial, a pesquisa do produto recebeu um prêmio de excelência da Embrapa, destacando o mérito técnico-científico nacional, em 2022. Esta inovação é considerada a tecnologia mais revolucionária desenvolvida pela Embrapa na última década. As companhias esperam expandir o uso no Brasil, ao mesmo tempo que desbravam mercados da Europa. Hoje, o mercado europeu de insumos biológicos tem apresentado crescimento significativo e foi estimado em US$ 9,35 bilhões em 2024, com previsão de atingir US$ 14,12 bilhões até 2029, segundo um relatório da consultoria Mordor Intelligence. Publicada no ano passado, a pesquisa projeta também que os negócios de bioinsumos devem crescer a uma taxa composta anual de 8,60% durante o período de 2024 a 2029 na região.
Além disso, a Staphyt, empresa especializada no registro de produtos biológicos, destaca que o segmento pode sair de US$ 1,59 bilhão em 2024 para US$ 2,34 bilhões em 2029. Esse crescimento é apoiado pelo Regulamento de Produtos Fertilizantes da União Europeia (FPR), implementado em julho de 2022, que facilita o acesso ao mercado nos 27 estados-membros do bloco econômico. No que diz respeito aos países que mais avançaram na adoção de bioinsumos na União Europeia, a Espanha lidera. O país mencionou que a tendência atual permitiria atingir 20% de agricultura biológica até 2030, embora não tenha fixado este valor como meta nacional. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.