13/Mar/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou nesta quarta-feira (12/03), que o governo continuará na mesa de negociação para tentar reverter a sobretaxa dos Estados Unidos sobre o aço produzido no Brasil. Ele descartou uma retaliação neste momento, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente Lula pediu cautela, pois o Brasil já negociou outras vezes em condições mais desfavoráveis do que essa. O argumento é de que a tarifa de 25% sobre o aço importado será prejudicial para a indústria norte-americana. O Ministério da Fazenda pretende produzir uma nota técnica sobre o assunto para auxiliar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que comanda as conversas com os Estados Unidos.
Fernando Haddad se reuniu nesta quarta-feira (12/03) com representantes do setor siderúrgico, que levaram ao chefe da equipe econômica sugestões de medidas para proteger a indústria local, tanto do ponto de vista da exportação quanto da importação de aço que chega ao Brasil. O ministro classificou os argumentos da siderurgia brasileira como "muito consistentes" e rejeitou a acusação norte-americana de que o País exporta aos Estados Unidos aço importado de outros países, numa espécie de revenda. As negociações já estão em andamento e tiveram sucesso em momentos do passado recente. Em 2018, o Brasil conseguiu evitar a sobretaxa sobre o aço ao acordar uma cota de exportação para os Estados Unidos.
Os empresários do setor estão imaginando formas de negociar com argumentos muito consistentes, porque o comércio é muito equilibrado. O que o Brasil importa de aço não tem nada a ver com o que é exportado de aço. O Brasil exporta produtos semiacabados e importa produtos acabados, então não faz o menor sentido a ser acusado de reexportar. Não teria nem lógica esse argumento, afirmou Haddad, segundo quem o governo começa a estudar as propostas do setor privado. O governo brasileiro está acompanhando a evolução das medidas que os Estados Unidos estão tomando contra o Brasil, e na verdade não é contra o País, porque é estendido aos outros países, mas tem repercussão doméstica. Obviamente que essa taxação acaba encarecendo para o consumidor norte-americano os produtos importados. Pode haver repercussões inflacionárias para os Estados Unidos.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o governo lamenta profundamente a decisão dos Estados Unidos de sobretaxar o aço e alumínio importados e apontou que a disposição primeira é a de manter e aprofundar o diálogo aberto. Alckmin também disse que é possível pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a taxação. Nas próximas semanas, o trabalho junto aos Estados Unidos será aprofundado. Isso encarece produtos e dificulta o comércio. A medida tomada é de natureza unilateral, e o Brasil avaliará outras medidas a serem tomadas. A contestação na OMC das taxas aplicadas pelos Estados Unidos é uma possibilidade. O Brasil defende o multilateralismo e a complementação econômica.
A OMC existe para isso, para estabelecer regras gerais que devem ser para todos. O vice-presidente voltou a argumentar que as indústrias brasileira e norte-americana são complementares na produção do aço, sendo o Brasil o terceiro maior importador do carvão siderúrgico vendido pelos Estados Unidos. O Brasil faz o aço semielaborado e exporta para os Estados Unidos, então há uma complementaridade na indústria. Além disso, a balança comercial é superavitária para os Estados Unidos nas trocas com o Brasil. A medida não foi tomada contra o Brasil, foi estabelecida ao mundo inteiro. O governo brasileiro se manifestou lamentando profundamente esse fato, porque, primeiro, o Brasil não é problema para Estados Unidos, que têm superávit com o País superior a US$ 7 bilhões, só em bens. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.