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06/Mar/2025

Aço: Brasil vai dialogar com EUA sobre as tarifas

A conversa do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, deve ser um "divisor" nas tratativas brasileiras para tentar amortecer o choque do tarifaço de Donald Trump. O contato é citado por interlocutores do governo brasileiro e representantes do setor privado como importante para ser acompanhado, especialmente com a iminência da sobretaxa sobre o aço e o alumínio, que entrará em vigor em uma semana, no dia 12 de março. Sobre as tarifas que Donald Trump poderá implementar a partir de 2 de abril, com foco no agro, a postura do governo é de cautela. Como nada foi oficialmente anunciado, fontes afirmam que é preciso aguardar sinais mais concretos sobre os produtos que eventualmente poderão ser afetados por novas tarifas para, então, a gestão brasileira negociar.

O País não negocia em "abstrato" ou "em cima de ameaça". Para o Brasil, o que há de sólido até o momento são as taxas anunciadas para o aço e o alumínio. Por isso, a expectativa de que o tema principal da conversa de Alckmin com Lutnick seja o setor siderúrgico. O contato inicialmente ocorreria na semana passada, mas foi adiado e deve ocorrer ainda nesta semana. O governo brasileiro tentará convencer os Estados Unidos da importância do acordo de 2018, que evitou a sobretaxa sobre o aço e estabeleceu cotas de exportação para os norte-americanos. No principal item vendido, o aço semiacabado, a cota foi definida em 3,5 milhões de toneladas ao ano. A velocidade das negociações de alto nível com os Estados Unidos foi impactada porque apenas recentemente os indicados do republicano para a área de comércio foram confirmados pelo Senado norte-americano. Entre os principais nomes estão Lutnick, com quem Alckmin conversará, e Jamieson Greer, escolhido como representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR).

A Embaixada do Brasil em Washington também tem buscado contato em nível técnico com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Mas, a avaliação de quem acompanha as tratativas é de que as conversas entre representantes do alto escalão têm chance de trazer algum resultado concreto para o País. Em 2018, no primeiro mandato de Donald Trump, o Brasil foi um dos poucos países a conseguir de início fechar um acordo e evitar a sobretaxa sobre o aço. As negociações classificadas como "duras" pelos envolvidos à época resultaram na chamada "hard quota". Ou seja, a indústria só pode vender aos Estados Unidos um número limitado, sem flexibilizações no que excede a cota. É diferente do que foi estabelecido com a União Europeia, que foi permitida a exportar acima do limite desde que o produto pagasse a partir daí a alíquota cheia.

Por isso, o acordo com o Brasil já é duro e satisfaz tanto as necessidades norte-americanas como as brasileiras. Os Estados Unidos não são autossuficientes no principal produto siderúrgico que é vendido do Brasil para os norte-americanos, que é o caso do aço semiacabado. Complementar para a indústria norte-americana, o item terá de ser importado de qualquer forma e, por isso, representantes brasileiros acreditam que os Estados Unidos poderão ser mais flexíveis a fim de evitar uma alta nos preços internos. Embora existam argumentos racionais a favor do Brasil, a tensão permanece pela pouca compreensão que há até o momento sobre a disposição política do governo republicano em negociar com a gestão Lula. O presidente Lula tem um histórico de rusgas com o estilo de Trump e declarou apoio a eleição da democrata Kamala Harris.

Além disso, há um nítido distanciamento de pautas que movem o governo brasileiro e a gestão trumpista em temas como o multilateralismo e a agenda de transição ecológica. A defesa do Judiciário brasileiro também se tornou um ponto de atrito recente entre os dois governos. Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota em resposta às críticas dirigidas pelo governo Donald Trump às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas últimas entrevistas, o presidente Lula tem elevado o tom sobre o tema, citando inclusive que não tem relacionamento com o presidente dos Estados Unidos. Lula afirma que, se Donald Trump taxar produtos brasileiros, haverá reciprocidade. Apesar das falas de Lula, integrantes do governo têm reafirmado que a melhor via é a da negociação com os Estados Unidos.

Assim, a uma semana da data para os Estados Unidos efetivarem a sobretaxa no aço importado, o Instituto Aço Brasil espera que o País consiga recompor o acordo de cotas de exportação fechado em 2018 com os norte-americanos, na primeira gestão de Donald Trump. A expectativa gira em torno da conversa que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, terá com o secretário de Comércio dos Estados Unidos. A expectativa é que sejam estabelecidos canais de comunicação. O governo brasileiro está de fato empenhado em negociar e o ministro já se colocou dessa forma, formalmente.

A expectativa da entidade é recompor um acordo que é bom para a siderurgia brasileira, mas é bom para a siderurgia norte-americana também. O Brasil é um fornecedor confiável para uma matéria prima estratégica para os Estados Unidos e, por tudo isso, é possível que o acordo seja recomposto. Outra informação destacada é a posição brasileira de grande importador de carvão siderúrgico dos Estados Unidos. Em 2024, as empresas locais importaram US$ 1,4 bilhão do produto norte-americano, que é usado na fabricação do aço. No comércio dos principais itens da cadeia do aço, que inclui carvão, aço e máquinas e equipamentos, Estados Unidos e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões. Nela, os Estados Unidos são superavitários em US$ 3 bilhões. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.