28/Feb/2025
A Kepler Weber projeta crescimento em 2025, impulsionada pela safra maior, melhora na rentabilidade dos produtores e expansão no mercado externo. O início do ano ainda deve ter impacto do crédito restrito e pressão nas margens, mas a empresa aposta em uma recuperação a partir do segundo trimestre. "O ano do nosso centenário tem que superar 2024 em receita", disse o diretor-presidente da companhia, Bernardo Nogueira. "Já temos uma safra maior confirmada, com a soja crescendo mais de 15% e o milho com preços 20% acima do ano passado. Isso deve destravar investimentos em armazenagem ao longo do ano." O executivo reconheceu que o ambiente de juros altos e a dificuldade de acesso a financiamento frearam os investimentos no setor agroindustrial no ano passado. "Os produtores passaram por um período difícil, com margens pressionadas e crédito mais seletivo. Mas vemos um cenário mais positivo para 2025, especialmente no segundo semestre, quando os pedidos devem ganhar tração", afirmou.
A Kepler Weber encerrou 2024 com receita líquida de R$ 1,6 bilhão, alta de 6,3% sobre o ano anterior. O Ebitda ajustado cresceu 3,6%, para R$ 334,8 milhões, com margem de 21,4%. O lucro líquido avançou 7,1%, para R$ 267,8 milhões. No quarto trimestre, porém, os números foram mais fracos. O lucro líquido caiu 12,6% na comparação anual, para R$ 66,6 milhões. O Ebitda ajustado recuou 16,8%, para R$ 82,6 milhões, e a margem Ebitda ficou em 22,7%, abaixo dos 27,1% registrados no mesmo período de 2023. Nogueira atribuiu o desempenho ao impacto da quebra da safra e da queda nos preços das commodities no primeiro semestre do ano passado. "O mercado de armazenagem sentiu a pressão da menor renda no campo e do crédito mais escasso, o que gerou um ambiente de negociações mais difíceis", afirmou. O diretor financeiro e de Relações com Investidores, Renato Arroyo, destacou que a restrição no financiamento também influenciou os números.
"A liberação de recursos do Plano Safra foi muito baixa nos últimos meses, com apenas 25% dos R$ 8 bilhões previstos para armazéns efetivamente desembolsados. Isso freou a demanda no curto prazo, mas não muda a necessidade estrutural de investimento no setor", disse. A diversificação geográfica ajudou a empresa a compensar parte da retração no mercado interno. As exportações cresceram 78,8% em 2024, com avanços na Argentina e no Paraguai. "O mercado externo tem sido um pilar importante para equilibrar nosso portfólio, e seguimos com boas perspectivas para este ano", afirmou Nogueira. Além da demanda do agronegócio, a empresa vê potencial nos setores de portos, terminais e indústrias de etanol. "Temos negociações avançadas e esperamos fechar contratos relevantes nesses segmentos nos próximos meses." Apesar das incertezas no crédito, a empresa aposta na recuperação do setor ao longo do ano. "A necessidade de armazenagem no Brasil é real. O produtor pode até adiar investimentos em um cenário de aperto financeiro, mas ele não pode ficar sem espaço para guardar a safra", disse Nogueira.
O fundo imobiliário especializado em armazenagem de grãos, que busca captar R$ 500 milhões, pode gerar demanda adicional por silos e equipamentos da Kepler Weber, afirmou o diretor financeiro e de Relações com Investidores, Renato Arroyo, durante a teleconferência de resultados do 4º trimestre de 2024, nesta quinta-feira (27/02). Embora gerido pela Jubarte Asset Management, e não pela própria Kepler Weber, a ideia é utilizar preferencialmente os produtos da fabricante. "Preferencialmente esse fundo vai se utilizar de produtos da Kepler Weber", disse Arroyo. O executivo destacou que a empresa não tem participação na gestão do fundo, mas vê a iniciativa como uma oportunidade para o setor de armazenagem, que segue pressionado pelo crescimento da produção agrícola e pela restrição de crédito. A primeira oferta, já registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pretende levantar R$ 250 milhões por meio da emissão de 25 milhões de cotas a R$ 10 cada, com remuneração prevista de IPCA + 7% ao ano e prazo de investimento de três anos.
O BTG Pactual coordena a emissão, que deve ser seguida por mais duas rodadas para atingir o montante total de R$ 500 milhões. O modelo de negócio prevê contratos de aluguel de longo prazo para sistemas de armazenagem, que podem custar entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões, com capacidade para até 1 milhão de sacas. Os projetos serão desenvolvidos sob demanda, reduzindo a necessidade de investimentos diretos pelos produtores. A dificuldade de acesso ao crédito rural foi apontada na teleconferência como um dos entraves do setor. Segundo Arroyo, apenas 25% dos R$ 8 bilhões previstos no Plano Safra foram liberados, percentual inferior à média histórica, que variava entre 60% e 70%. "O mercado de fundo imobiliário no Brasil é gigantesco, da ordem de R$ 150 bilhões. Existe uma oportunidade grandiosa de abrir os fundos de armazenagem", afirmou. Os ativos financiados pelo fundo poderão ter valorização adicional, segundo Arroyo. "O imóvel construído pode representar uma alta valorização. Ter isso pronto no momento da saída do fundo faz com que você tenha no desinvestimento uma rentabilidade muito maior", disse. Fonte: Broadcast Agro.