29/Jan/2025
De acordo com estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), os preços dos fretes rodoviários no Brasil devem subir entre 10% e 20% neste ano. O cálculo leva em consideração a expectativa de safra recorde de grãos e a mudança na tributação do diesel, prevista para fevereiro. A atividade é essencialmente volumétrica e os preços dos fretes historicamente acompanham os ciclos de safra. A produção brasileira de grãos em 2024/2025 pode atingir 322,3 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com destaque para a soja, que deve alcançar 166,3 milhões de toneladas. A consultoria Agroconsult prevê volumes ainda maiores: 172,2 milhões de toneladas de soja e 132,7 milhões de milho, em comparação com os 119,5 milhões de toneladas projetados pela Conab para o cereal. Mesmo nas projeções mais conservadoras, é um recorde de produção. Estimativas da entidade apontam que a movimentação dessa safra deve demandar mais de 5 milhões de viagens de caminhão, considerando uma capacidade média de 35 toneladas por viagem.
As exportações de soja também devem atingir patamares históricos, com previsão de 110 milhões de toneladas em 2025, superando as 101 milhões exportadas em 2023, até então recorde. O transporte será pressionado pela alta do diesel, que representou 42,46% do custo total do frete em 2024, segundo dados do segundo o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log). Com a mudança no cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a partir de fevereiro, o preço do combustível pode subir mais de 5%. O impacto do diesel no custo logístico é significativo e qualquer variação se reflete diretamente nos preços do frete. A Anec destacou a importância crescente do Arco Norte como rota logística. O trajeto de Sorriso (MT) até Santarém (PA), de 1.380 quilômetros, é significativamente mais curto do que o trajeto até o Porto de Santos (SP), que supera 2.200 quilômetros.
Quando se exporta pelo Arco Norte, a economia é de cerca de 800 quilômetros no trajeto e R$ 150,00 por tonelada transportada, em média. Essa vantagem tem modificado o perfil das exportações. No caso da soja, 35% do volume foi escoado pelos portos do Norte em 2024, contra 65% pelo Sul. Para o milho, a proporção se inverte: 56% do volume passou pelos portos do Norte, enquanto 44% foram exportados pelo Porto de Santos. Essa diferença se deve ao menor valor agregado do milho, que torna o custo logístico um fator ainda mais decisivo. Os portos do Norte (Itacoatiara, Santarém, Itaqui e Barcarena) são cada vez mais estratégicos para melhorar a competitividade das exportações. Apesar do crescimento do Arco Norte, a falta de infraestrutura logística e de armazenagem ainda é um gargalo. Em 2023, ano de safra recorde, o prêmio de exportação (valor adicional ou desconto em relação à cotação na Bolsa de Chicago) ficou negativo durante o primeiro semestre inteiro, se normalizando apenas em julho e agosto. Isso é reflexo da insuficiência de estrutura para dar conta do volume escoado.
Os custos logísticos representam cerca de 25% do custo total para exportar uma tonelada de soja. O setor busca alternativas como ferrovias e hidrovias, mas a dependência do transporte rodoviário ainda é alta. No Porto de Santos, por exemplo, não é possível transportar tudo por ferrovia. O caminhão continua sendo essencial para complementar a logística. Os preços dos fretes devem começar a subir em fevereiro, com o início da colheita da soja, e permanecer elevados ao longo do ano. Junho, com o início da colheita do milho 2ª safra de 2025, deve trazer mais pressão, especialmente porque serão volumes muito altos. O Brasil precisa investir em infraestrutura e multimodalidade para sustentar o crescimento das exportações agrícolas e reduzir os custos logísticos. O País tem potencial para continuar batendo recordes de produção e exportação, mas isso depende de melhorias na capacidade de armazenagem e transporte, especialmente em regiões estratégicas como o Norte. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.