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29/Jan/2025

Diesel: Petrobras sinaliza para reajuste nos preços

O preço do petróleo tipo Brent caiu cerca de 5% desde a semana passada, reduzindo a defasagem em relação aos preços praticados no Brasil. Na segunda-feira (27/01), a commodity fechou em torno dos US$ 77,00 por barril, deixando para trás a cotação de US$ 81,00 por barril que atingiu nas últimas duas semanas. Além das perspectivas de maior produção nos Estados Unidos sob Donald Trump, as tensões geopolíticas se amenizaram com o acordo de cessar-fogo em Gaza. O câmbio também tem dado maior alívio aos preços no Brasil, com o dólar operando em torno dos R$ 5,90. Mas, a volatilidade dos preços do petróleo permanece, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Na comparação do preço dos combustíveis nas refinarias da Petrobras com os praticados no mercado internacional, a defasagem do diesel era de 17% no fechamento de segunda-feira (27/01), bem abaixo dos 28% registrados na semana passada.

A gasolina está com os preços 7% abaixo, na mesma comparação, metade do que registrava há uma semana. Para equiparar os preços ao mercado internacional, a Petrobras poderia aumentar o diesel em R$ 0,59 por litro e a gasolina em R$ 0,22 por litro. Na avaliação do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o diesel estaria com uma defasagem ainda menor, de 15%, enquanto a gasolina registra preço 7,5% abaixo do mercado internacional. De acordo com a Ativa Investimentos, o diesel, que está sem reajuste desde dezembro de 2023, é o combustível que tem a necessidade mais latente de aumento, devido ao déficit interno de produção. Quando se desestimula a importação a ponto de os importadores não trazerem o combustível, as implicações de uma falta de combustível no País poderiam extrapolar a inflação. Certamente não é do interesse deste governo reajustar preços, mas quando a necessidade supera a vontade, este pode ser o caminho.

Segundo a Abicom, as janelas de importação do diesel estão fechadas há 90 dias. O Brasil precisa importar cerca de 20% a 30% do diesel que consome, porque não tem capacidade de refino suficiente para suprir o mercado interno. A Petrobras vem investindo nas atuais refinarias para aumentar a produção, o que deve acontecer gradativamente no horizonte do seu Plano Estratégico 2025-2029. Em reunião na segunda-feira (27/01), no Palácio do Planalto, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sinalizou que o reajuste nos preços dos combustíveis, em avaliação pela companhia, deve se limitar ao diesel e não alcançará a gasolina. As informações da Petrobras são de que o desequilíbrio dos preços é maior no diesel, tanto em relação ao comportamento no mercado externo quanto na fórmula que considera fatores internos de produção, que foram adicionados à política de preços da Petrobras na gestão Jean Paul Prates.

Há ainda questões sazonais, como o inverno no Hemisfério Norte, que provoca uma maior demanda por diesel no exterior no início do ano. Uma “tempestade perfeita” se abateu sobre o governo no primeiro mês de 2025. A avaliação surgiu a partir da constatação de que o reajuste no diesel discutido pela Petrobras vem no pior momento possível, quando o Palácio do Planalto ainda tenta contornar dois problemas que afetaram a popularidade presidencial: a “crise do Pix” e a alta nos preços dos alimentos. Era para janeiro ter marcado uma virada na “sorte” do governo, com a expectativa positiva gerada pela troca no comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. A chegada de Sidônio Palmeira à Secom, no início da segunda metade do mandato de Lula, foi pensada para ser um “ponto de virada”, com foco nas eleições de 2026. Mas, o marqueteiro, desde que assumiu o cargo, tem lidado com uma crise atrás da outra.

Governistas dizem que, apesar do aumento da avaliação negativa de Lula, os preços dos combustíveis (que pouco têm variado desde que Magda Chambriard assumiu a presidência da Petrobras) eram um dos poucos trunfos do Planalto para agradar à população. Ainda que o temor maior seja um eventual reajuste na gasolina, por ora fora do radar, o diesel impacta o custo do transporte, que afeta os preços de bens como os alimentos. A discussão sobre os combustíveis vem na semana seguinte à polêmica frase do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que falou em intervenções para reduzir os preços dos alimentos, e depois recuou. De acordo com pesquisa Quaest divulgada na segunda-feira (27/01), subiu de 65% para 83% o número de brasileiros que acreditam que esses preços subiram no último mês.

Após o resultado amplamente negativo para Lula, que pela primeira vez viu sua reprovação superar a aprovação, petistas querem dar impulso a “pautas populares”. O revés na popularidade do chefe do Palácio do Planalto deu ainda mais argumentos para a ala do partido que defende o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil o mais rapidamente possível. A base aliada afirma que o principal motivo da queda na popularidade presidencial foi a “crise do Pix”, gestada a partir de uma medida da Receita Federal que foi alvo de fake news sobre suposta taxação do meio de pagamento. A avaliação é de que o ajuste na comunicação do governo já está sendo feito, mas também é preciso ter ações concretas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.