28/Jan/2025
Segundo relatório do think tank (centro de pesquisa e análise de políticas públicas) Ember, a fatia da energia solar na eletricidade que abastece a União Europeia (UE) alcançou 11% em 2024. Com essa marca, a fonte pela primeira vez superou a geração a carvão (10%). O estudo indicou ainda que 47% da eletricidade da União Europeia agora vem de fontes renováveis. Os dados são mais um sinal do crescente hiato entre o impulso do bloco por energia limpa e a busca da nova administração dos Estados Unidos por mais combustíveis fósseis. Os números revelam ainda que quase três quartos da eletricidade da União Europeia não emitem gases que aquecem o planeta na atmosfera, uma vez que 24% da eletricidade no bloco provém da energia nuclear, que também não libera gases de efeito estufa. O índice é muito mais alto do que o de países como os Estados Unidos e a China, onde quase dois terços da energia ainda são produzidos a partir de combustíveis fósseis poluentes, como carvão, petróleo e gás.
Especialistas dizem que estão encorajados pelas reduções de combustíveis fósseis na Europa, especialmente porque os Estados Unidos parecem prontos para aumentar suas emissões enquanto o presidente Donald Trump prometeu preços de gás mais baratos, interrompeu concessões para projetos eólicos e prometeu revogar os incentivos da era do ex-presidente Joe Biden para veículos elétricos. Os combustíveis fósseis estão perdendo seu domínio sobre a energia da União Europeia. Em 2024, além de a energia solar ter ultrapassado a de carvão, a eólica gerou mais eletricidade do que o gás pelo segundo ano consecutivo. Os dados da Ember para os maiores geradores de eletricidade do mundo em 2023 mostram o Brasil com a maior parcela de sua eletricidade vinda de renováveis, quase 89%, com grande parte de energia hidrelétrica.
O Canadá teve cerca de 66,5%, seguido por China (30,6%), França (26,5%), Estados Unidos (22,7%) e Índia (19,5%). Um motivo para a transição da Europa para a energia limpa avançar é o European Green Deal, um pacto ecológico do bloco. Trata-se de uma política ambiciosa aprovada em 2019 que abriu o caminho para a atualização das leis climáticas. Como resultado do acordo, a União Europeia tornou suas metas mais ambiciosas, visando cortar 55% das emissões da região até o final da década. A política também visa tornar a Europa neutra em clima, reduzindo a quantidade de emissões adicionais na atmosfera para praticamente zero, até 2050. Centenas de regulamentos e diretivas em países europeus para incentivar o investimento em energia limpa e reduzir a poluição por carbono foram aprovadas ou estão em processo de ratificação. No início do acordo, as energias renováveis representavam um terço; e os combustíveis fósseis, 39% da eletricidade da Europa.
Agora, os fósseis geram apenas 29%, e a eólica e a solar impulsionam a transição para a energia limpa. A invasão da Ucrânia pela Rússia foi um estímulo a mais para a adoção de energia limpa na Europa. Os preços do gás dispararam, com grande parte do gás vindo da Rússia se tornando inviável, forçando os países a procurarem alternativas mais baratas e limpas. Portugal, Holanda e Estônia testemunharam o maior aumento de energia limpa nos últimos cinco anos. A transição para a energia limpa ajudou a Europa a evitar mais de US$ 61 bilhões (R$ 361 bilhões) em importações de combustíveis fósseis para geração de eletricidade desde 2019. Isso está enviando uma mensagem clara de que suas necessidades energéticas serão atendidas por meio de energia limpa, não de importações de gás. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.