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22/Jan/2025

AgroGalaxy negociando venda de carteira de dívidas

A AgroGalaxy, em recuperação judicial desde setembro de 2024, informou nesta terça-feira (21/01), por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que assinou um memorando de entendimentos para a venda de uma carteira de dívidas de clientes. A negociação envolve aproximadamente R$ 760 milhões em valores vencidos, mas que ainda não foram levados à Justiça. A empresa destacou que a operação está em fase inicial e depende de auditoria, autorização judicial e aprovação de terceiros. A venda faz parte da estratégia de recuperação financeira. Operações de cessão de crédito são usuais às empresas em processo de recuperação judicial. O objetivo é otimizar a recuperação econômica e fortalecer a estrutura de capital.

Na segunda-feira (20/01), a empresa já havia anunciado medidas para reforçar a liquidez, como a retomada do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) Terra Magna, suspenso desde o início do processo de recuperação judicial. O fundo permite que a AgroGalaxy antecipe recursos com base em títulos emitidos por produtores rurais, como a Cédula de Produto Rural (CPR). A reativação do FIDC deve impulsionar as vendas a prazo, especialmente para 2ª safra de milho de 2025. Além disso, a companhia vem ajustando sua estrutura para enfrentar um cenário financeiro desafiador, com dívidas de R$ 4,6 bilhões e prejuízo líquido ajustado de R$ 1,58 bilhão no terceiro trimestre de 2024, um aumento de quase 18 vezes em relação ao mesmo período de 2023. Entre as ações já adotadas estão o fechamento de metade das lojas e a redução de 40% do quadro de funcionários, com foco em melhorar a eficiência operacional.

A venda da carteira de dívidas de R$ 760 milhões é mais um passo para gerar caixa no curto prazo e retomar a estabilidade financeira. A entrada desses recursos é crucial para normalizar as operações e negociar melhores condições com fornecedores. O plano de recuperação da AgroGalaxy também busca atrair a confiança de credores e parceiros. Conforme o que foi apresentado aos credores em dezembro, grandes fornecedores terão prazos de até 13 anos para receber, enquanto pequenos produtores e trabalhadores têm condições mais ágeis e vantajosas. Para garantir a continuidade das operações, a empresa prioriza manter relações comerciais com fornecedores e produtores rurais, que já voltaram a entregar grãos em suas unidades na Região Sul do País.

A AgroGalaxy usará os recursos obtidos com a venda de dívidas vencidas de clientes para comprar produtos, e não para quitar débitos com credores. Por estar em recuperação judicial, a empresa está impedida de usar qualquer dinheiro novo para pagar dívidas antigas até que o plano seja aprovado. A venda da carteira de recebíveis, bem como o restabelecimento da operação do FIDC Terra Magna, é basicamente para a constituição de estoque. O dinheiro será usado para comprar produtos à vista, permitindo melhores condições nas negociações com fornecedores. A compra de produtos utilizando caixa traz uma margem mais competitiva para a operação.

A mesma regra vale para os recursos do fundo Terra Magna, que voltou a operar na semana passada e permite à empresa antecipar o recebimento de vendas feitas a produtores rurais. Em função do plano de recuperação judicial, a companhia hoje não pode liquidar nenhuma obrigação com nenhum credor que faça parte do quadro geral de credores. A companhia só vai poder fazer frente às obrigações que lá estão tão logo o plano seja aprovado. Qualquer liquidez que a companhia gere nesse momento será direcionada especificamente para fomentar o negócio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.