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15/Jan/2025

Terras: produtores do Paraná investem em Tocantins

Segundo estudo da Scot Consultoria, as terras mais caras do Brasil são as do Paraná. Em julho de 2024, um hectare voltado à agricultura no Estado custava, em média, R$ 60 mil, alta de 107,7% em cinco anos. Em segundo lugar, estava São Paulo, com o hectare custando em média R$ 58 mil, aumento de 93% no mesmo período. Mesmo em 2019 os dois Estados já lideravam o ranking de preços de terras no Brasil. Na época, com São Paulo em primeiro e o Paraná em segundo lugar. Hoje, as terras mais caras são em áreas consolidadas, onde não existem mais terras novas a serem abertas para agricultura e onde já está montada muita infraestrutura para a produção, como os Estados da Região Sul, São Paulo e algumas áreas da Região Centro-Oeste. A dificuldade para adquirir terras em áreas onde as propriedades têm um preço elevado faz com que os produtores que queiram expandir suas atividades busquem áreas de fronteira agrícola.

Um exemplo é o Tocantins, onde produtores do Paraná, incentivados pela cooperativa Frísia, começaram a adquirir terras nos últimos anos. A intenção de garantir uma sucessão familiar rentável está entre as razões para o investimento. Geraldo Slob, vice-presidente agrícola da Frísia, foi um dos produtores que fizeram essa aposta. Sua família tinha quase 2 mil hectares em Carambeí, nos Campos Gerais do Paraná. Com quatro filhos, a preocupação sobre o futuro da família quando houvesse a divisão da herança levou o agricultor a buscar áreas fora da Região Sul. A região dos Campos Gerais tem terras muito caras, e o hectare agricultável (retirando reservas legais, área da sede e outros terrenos não produtivo) pode chegar a R$ 250 mil. Em julho de 2022, ele e os filhos Jasper, engenheiro-agrônomo, e Leon, administrador, decidiram investir em áreas em Tocantins.

O contraste era evidente: comprando terras que precisavam ser abertas para agricultura, a família encontrou áreas que custavam R$ 32 mil o hectare agricultável. Pelo valor de 100 hectares na Região Sul, era possível comprar 500 hectares em Tocantis. Após vender uma pequena área para fazer caixa e formar uma sociedade, Slob formou a Fazenda Serrinha, em Santa Rita do Tocantins. A propriedade tem 2,2 mil hectares prontos para plantio de soja, milho e sorgo, que podem ser ampliados para 3 mil hectares. O exemplo dos Slob foi seguido por cerca de 40 produtores do Paraná que se instalaram em Tocantins com incentivo da Frísia, um trabalho que começou em 2014. Segundo a Frísia, havia problemas sérios de áreas no Paraná, com filhos dividindo as propriedades na partilha das heranças e as produções ficando inviáveis financeiramente. A cooperativa estudou então a expansão para fronteiras agrícolas, e em Tocantins as terras têm preço bom e disponibilidade.

Os 110 cooperados da Frísia em Tocantins estão espalhados em 22 municípios do Estado, e têm cerca de 100 mil hectares de área bruta. Desse total, em torno de 60 mil foram comprados por cooperados que migraram da Região Sul com o incentivo da Frísia, enquanto os demais são de fazendas de produtores já instalados no Estado. O projeto de sucessão familiar via compra de terras em Tocantins tem dado certo. Um levantamento da cooperativa identificou que mais de 20 filhos de cooperados estão atuando nas novas terras. Alguns decidiram se estabelecer em Tocantins, enquanto outros gerenciam os negócios à distância. Um dos casos mais notáveis é de um jovem cooperado que, com apenas cinco anos de experiência em Tocantins, já planta mais do que o dobro do que seu pai alcançava no Paraná. Isso é uma prova de que esse é um caminho certo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.