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18/Dec/2024

Irrigação: seca amplia vendas da Netafim no Brasil

A seca e as altas temperaturas de 2024 deixaram perdas nas safras, mas também elevaram os preços das culturas. Quem conseguiu se capitalizar tem aproveitado para investir em irrigação e, com isso, limitar os impactos do clima e garantir produtividade. Esse quadro deu impulso aos negócios da Netafim, que fornece infraestruturas de gotejamento e microaspersão. A operação brasileira da empresa teve crescimento anual de dois dígitos nos últimos cinco anos. Para 2025, a projeção é de que vendas e faturamento vão crescer 12%. A demanda segue positiva, com base nos efeitos climáticos que aconteceram em 2024. Somente em São Paulo, mais de 200 municípios ficaram 150 dias consecutivos sem chuva e registraram temperaturas 1,5ºC acima das do ano passado, em média. Em outros Estados, a temperatura média chegou a subir 2ºC em relação a 2023.

A associação entre alta temperatura e muitos dias secos fez com que os produtores demandassem mais irrigação. Essa condição de clima teve impacto sobre a renda agrícola, mas também despertou o interesse em mitigar os problemas. O aumento do interesse dos produtores por sistemas de irrigação fez as vendas da empresa crescerem 15% neste ano. Com a expansão dos negócios da companhia no Brasil, o País ganhou mais representatividade nas operações do grupo, que é israelense. Há cinco anos, a filial do Brasil no grupo era de número dez em desempenho, mas, com esses anos de crescimento, é agora a terceira maior filial, atrás apenas dos Estados Unidos e Índia. No mercado brasileiro, o foco da Netafim é a irrigação por gotejamento para café, citricultura, cana-de-açúcar e hortifrútis. O segmento de grãos aparece na sequência, com 10% do faturamento, uma vez que em grandes áreas os equipamentos mais comuns são pivôs.

Com isso, a queda dos preços da soja e milho, que levou a cortes em investimentos em diversas frentes ligadas a essas culturas, como a de máquinas, pouco afetou a Netafim. No café arábica, em contrapartida, problemas climáticos fizeram os contratos negociados na Bolsa de Nova York acumular alta de cerca de 70% em 2024. Isso significa que, em geral, os cafeicultores estão mais capitalizados, o que permite a eles investirem em infraestrutura na lavoura. Para atender ao potencial aumento de demanda, a empresa investirá R$ 10 milhões no Brasil em 2025. A ideia é aplicar os recursos em linhas de produção, armazenagem dos equipamentos e estoque para a matéria-prima. A intenção é aumentar a capacidade de produção em cerca de 25%. A empresa deverá fazer a maior parte dos desembolsos no primeiro semestre do ano que vem. As obras devem terminar entre setembro e outubro.

A operação brasileira da Netafim exporta para outros países da América Latina, como Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, que também cresceram nos últimos anos. O avanço foi particularmente forte no mercado argentino, que sofreu com uma grave estiagem em 2023. A seca fez com que os agricultores da Argentina ampliassem a busca por irrigação, até mesmo para o cultivo de grãos. O câmbio ajudou a elevar a receita de exportação e minimizar a queda dos preços internacionais. A Netafim faz parte do grupo Orbia, listado na Bolsa do México. Segundo o balanço mais recente da Orbia, a receita total do grupo foi de US$ 1,88 bilhão no terceiro trimestre de 2024. A receita da Netafim caiu 7% nesse período, para US$ 232 milhões, pressionada pelas operações de Estados Unidos e Turquia. China, África e América Latina cresceram no trimestre. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.