17/Dec/2024
A trading de grãos Archer Daniels Midland (ADM) espera aumentar em 20% as vendas de fertilizantes no Brasil em 2025. A empresa aposta em um cenário positivo para a produção de soja e aumento das operações de troca (barter). E está expandindo também seus negócios para o segmento de biológicos, por meio de parcerias com fornecedores. É mais um movimento na diversificação do portfólio de insumos da multinacional, que pretende começar em 2025 a fornecer sementes para a temporada 2025/2026. Em parceria com sementeiros de alta qualidade, o plano é começar na soja e, futuramente, agregar o milho. A empresa destaca que sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas correspondem a 60% dos custos dos agricultores em culturas como soja, milho e algodão. Reforçando sua atuação no fornecimento de insumos, a ADM espera não apenas seguir registrando crescimento, como também consolidar a sua estratégia de ser um fornecedor confiável para os produtores rurais. A visão da multinacional é de um grande potencial de crescimento nos biológicos, em meio à adoção de práticas de manejo mais sustentáveis.
A movimentação financeira nesse mercado é calculada em US$ 14 bilhões em nível global e US$ 1 bilhão no Brasil. Para atual no segmento, a ADM criou uma divisão específica de negócios, chamada de “especialidades”, que inclui também produtos orgânicos. A trading fechou parcerias com três fornecedores de bioinsumos: Biotrop, Simbiose e Mosaic Bioscience. Os produtos da Biotrop serão distribuídos em Goiás, Mato Grosso do Sul, nos Estados das Regiões Sudeste, Nordeste e Norte, com exceção de Rondônia. Os da Simbiose irão para Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em 2024, a ADM vendeu 60% mais fertilizantes que em 2023. E manteve sua participação de mercado no Brasil, estimada em 3%. A estratégia no segmento inclui parcerias com importantes fornecedores, para oferecer descontos a clientes, e com programas de fidelidade, pelos quais consegue oferecer outros tipos de benefícios. Na mesma tendência, a companhia elevou em 40% as vendas de defensivos agrícolas.
Na soja, os resultados foram obtidos mesmo com os produtores enfrentando mais incertezas relacionadas aos preços de commodities agrícolas e com estimativas de margens de 10% a 15% inferiores na safra 2023/2024 em relação à anterior. A quebra de produção e a baixa nos preços internacionais, no entanto, não deixaram de ter seu peso no balanço. A empresa reduziu o movimento do grão para exportação, que representa dois terços das atividades com a oleaginosa no País. A movimentação de soja em 2024 foi de 10% a 15% inferior que a do ano passado. Como a quebra da safra brasileira acabou não sendo tão relevante quanto o esperado para a produção da América do Sul, os preços também caíram, o custo por tonelada aumentou e as margens da companhia ficaram mais apertadas. O esmagamento da oleaginosa, por sua vez, foi beneficiado pelo cenário de preços mais baixos. Com sete unidades processadoras no país, a ADM operou em um cenário de redução de custos com a matéria-prima e demanda firme na indústria de carnes, pelo farelo, e de biodiesel, pelo óleo de soja.
Na originação e exportação, fomos abaixo do esperado. No esmagamento, em linha ou até acima do esperado. Acaba não sendo 'um para um' porque, quando a exportação vai mal, tem um impacto maior, mas o esmagamento compensou em parte e ajudou a estabilizar o ano no Brasil. Ainda assim, a trading se manteve com uma participação de 12% no mercado brasileiro de soja, próxima da meta, que é de 13%. A empresa não revela números absolutos de faturamento no Brasil. Informa apenas que este ano marca o quinto seguido de crescimento. A média anual de expansão tem sido de 20%. De janeiro a outubro de 2024, a companhia processou 4,3 milhões de toneladas de soja no Brasil, 6,65% a mais que no mesmo período em 2023. E deve encerrar o ano com um aumento entre 5% e 6%, um recorde no esmagamento. A ADM envasou no período 514 mil toneladas de óleo de cozinha, aumento de 8,34% e uma nova marca histórica. A ADM vem se posicionando para ampliar essa capacidade de processamento. Em 2025, deve concluir a expansão de três plantas, com a previsão de acrescentar 400 mil toneladas por ano.
O valor do investimento é mantido em sigilo e a expectativa é já contar, pelo menos em parte, com o aumento de volumes já no ano que vem. A safra 2024/2025 indica um cenário mais positivo. Mesmo com o atraso no plantio da soja, a produção deve crescer, podendo superar os 170 milhões de toneladas. A ADM deve aumentar a originação de soja para exportar. Ao mesmo tempo, as demandas das indústrias de carnes e de biodiesel devem se manter aquecidas, permitindo aumentar ainda mais o processamento do grão no Brasil. A expectativa é ampliar as operações de barter (troca de produtos por insumos), que respondem por metade dos negócios no Brasil. A avaliação é que, vendo suas margens diminuírem, os produtores tendem a aumentar o volume de operações “hedgeadas”, minimizando, assim, sua exposição aos riscos de oscilação nos preços de insumos e produtos. Já houve crescimento nas operações de barter comparando 2024 com 2023. A tendência vem se mantendo na safra 2024/2025 e deve continuar para a temporada 2025/2026.
Caso se confirmem as expectativas de safra cheia na América do Sul, os preços da soja podem ficar pressionados. E a possibilidade de ter um novo aperto nas margens deve estimular o produtor a travar os custos por meio da troca. Há uma aversão maior do produtor a especular. Ele está olhando para a safra que vai colher em 2025, a margem operacional, colocando os custos dos insumos. E, olhando histórico do ano passado até agora para frente, o cenário pode piorar. O atual nível da taxa de câmbio, com o dólar acima dos R$ 6,00 tem mais ajudado do que atrapalhado o produtor rural brasileiro. Com os preços atuais de soja na Bolsa de Chicago, se a moeda norte-americana estivesse valendo, por exemplo R$ 5,30, os preços da soja estariam em torno de R$ 10,00 por saca de 60 Kg mais baixos que os praticados atualmente. O câmbio como está gera mais impacto positivo do que negativo porque os grãos, em Reais, ficam mais caros. Se os insumos não tivessem sido comprados, ficariam mais caros. O problema maior é para o produtor que não travou. Se o câmbio volta ou a percepção de safra cheia se consolida, os preços caem ainda mais. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.