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13/Dec/2024

Falha na conectividade limita as novas tecnologias

Sem a disseminação de novas tecnologias, o agronegócio brasileiro não teria se transformado na potência que é hoje. Foi graças a avanços científicos e tecnológicos que a produção agrícola brasileira deu um salto nas últimas décadas sem que fosse necessário um aumento de área de cultivo na mesma proporção. Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento, o Brasil vai colher 322,5 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/2025, volume que equivale a mais de cinco vezes o de 40 anos atrás, quando a produção nacional foi de 58,1 milhões de toneladas. Nesse intervalo, a área de cultivo dobrou, passando de 39,7 milhões de hectares para 81,4 milhões de hectares. Os produtores reconhecem que a inovação é essencial para a conquista de bons resultados no campo, mas veem entraves à utilização de novas tecnologias em escala maior do que a atual.

De acordo com a pesquisa Caminhos da Tecnologia no Agronegócio, que KPMG e SAE Brasil apresentaram em novembro, 44% dos produtores rurais brasileiros acreditam que a adoção de novas tecnologias é imprescindível para se conseguir ganhos de produtividade e reduzir custos nas fazendas, mas as altas taxas de juros e a falta de mão de obra dificultam o acesso e a utilização dessas ferramentas. Entre as ferramentas que mais podem ajudar a elevar a produtividade nas lavouras, os produtores destacam a agricultura de precisão: ao todo, um terço dos participantes da pesquisa da KPMG citaram essas soluções como as mais promissoras. A segunda resposta que mais apareceu, com 27% do total, foi o uso de eletrificação e biocombustíveis nos equipamentos agrícolas. Sobre os fatores que os impedem de adotar novas tecnologias, os produtores citaram principalmente a baixa oferta de mão de obra qualificada, que somou 38% das respostas.

Para a compra de máquinas e implementos, as condições financeiras são o maior entrave: juros, disponibilidade de crédito e prazos de pagamento foram a resposta de 58% dos participantes da pesquisa. Nesse quesito, mesmo que tenham condições de comprar as máquinas mais avançadas disponíveis no mercado, nem todos os produtores conseguirão aproveitar o que esses equipamentos têm a oferecer; e a razão é a limitação da conectividade no campo: apenas 15% dos produtores que responderam às perguntas da KPMG disseram ter internet de alta qualidade em toda a área de sua propriedade. Os que recebem sinal de qualidade apenas na sede da fazenda somaram 24% do total, e 27% afirmaram estar conectados, mas com sinal ruim. Contar com internet rápida apenas na sede não é suficiente para conectar máquinas em operação no campo com modernos softwares de controle da produção.

Na pergunta sobre os maiores entraves à adoção da conectividade em toda a área de produção, 27% das respostas fizeram referência à preocupação dos produtores com o valor do investimento necessário para a implementação da rede. Em seguida, com 18% das respostas, a menção foi ao desconhecimento sobre novas tecnologias. Uma alternativa de redução de custos é a adoção de tecnologias de inovação aberta, mas também nessa frente os avanços ainda são limitados no agro brasileiro. Segundo a pesquisa Termômetro da Inovação Aberta no Agro, do PwC Agtech Innovation, 76% das grandes empresas do agro brasileiro trabalham com ferramentas baseadas em inovação aberta, mas apenas 37% têm um orçamento específico para essa finalidade. A pesquisa atestou que o agronegócio nacional mantém um esforço contínuo para adotar as melhores práticas, soluções e evolução na gestão do conhecimento.

Atualmente, 82% das empresas consultadas gostariam de colaborar com parceiros estratégicos no futuro em esforços de inovação aberta, mas apenas 38% se sentem preparadas para esse tipo de ação. Das organizações que participaram da pesquisa, somente 32% afirmaram que seus grupos de inovação estão conectados com áreas internas e parceiros externos. Essa falha está relacionada aos modelos que as empresas adotam, de olharem apenas para dentro, afirma o PwC Brasil. Quase dois terços (60%) das participantes da pesquisa afirmaram que os investidores de risco são parte fundamental do ecossistema de financiamento para soluções agrícolas. Ao todo, 55% das respostas de múltipla escolha citaram o incentivo que os governos oferecem à inovação, por meio de subsídios, regulações favoráveis ou apoio direto.

A pesquisa mostrou ainda que há uma promessa das gigantes do agro para agir ainda mais para melhorar a inovação, mas que há, também, necessidade evidente de refinamento das estratégias. Os produtores rurais parecem ser os menos conectados com as startups: apenas 14% dos participantes do levantamento indicaram que esse grupo está engajado em parcerias. Essa constatação sugere haver uma oportunidade de aumentar a interação entre esse grupo e os empreendedores, o que poderia acelerar a adoção e o impacto de novas tecnologias no campo. Três quartos dos participantes (75%) da pesquisa identificaram a vantagem competitiva e a satisfação do cliente como objetivos primordiais das estratégias de inovação, e 74% reconheceram a importância de se antever tendências para a empresa poder ajustar suas estratégias antes da concorrência.

Menos da metade dos participantes (47%) acredita que tem uma estratégia de inovação bem definida e que recebeu da gestão sênior uma direção clara sobre isso, mas 86% identificam esse como um cenário-alvo em suas organizações. Nas atividades produtivas no campo (ou “antes da porteira”), segundo a pesquisa do PwC Agtech Innovation, os principais investimentos em tecnologia concentram-se em inteligência artificial (61%), digitalização (57%) e automação, aprendizado de máquina e robótica (55%). Na categoria “depois da porteira”, armazenamento, infraestrutura e logística lideram os investimentos, com 59% das respostas, enquanto a indústria 4.0 está entre os investimentos de 52% dos participantes. Fonte: O Globo. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.